O cérebro pode ser reprogramado para vencer a dependência de drogas?

Publicado em:  24/04/2008

“A metanfetamina mata”. Mas pode haver mudanças à vista: pesquisadores descobriram como a droga provoca a dependência no cérebro.

Pela primeira vez, cientistas identificaram transformações de longo prazo no cérebro de camundongos que podem trazer alguma luz à questão da dependência de drogas – nesse caso, de metanfetaminas – e da enorme dificuldade de se livrar do hábito. As descobertas, relatadas na publicação especializada Neuron, podem abrir caminho para novas maneiras de acabar com a necessidade de drogas – e ajudar os dependentes a se libertarem delas.

Utilizando um rastreador com pigmento fluorescente, os pesquisadores descobriram que camundongos que receberam metanfetaminas por 10 dias (mais ou menos o equivalente a uma pessoa fazer uso da droga por dois dias), tiveram a atividade suprimida em uma determinada área do cérebro. Para a surpresa dos cientistas, essa área não voltou a funcionar normalmente nem quando a droga deixou de ser oferecida, mas recuperou suas funções quando eles administraram uma única dose da droga novamente, depois que os camundongos já estavam em “abstinência”.

O co-autor do estudo, Nigel Bamford, neurologista pediátrico na Escola de Medicina da University of Washington, afirma que, se uma mudança semelhante acontecer em humanos, será um sinal de que tratamentos que enfocam a área afetada sejam uma maneira eficaz de lutar contra a dependência. Essa área, no caso, é o estriado, uma região do cérebro anterior que controla o movimento, mas também está ligada ao comportamento de formação de hábitos.

Pesquisas anteriores demonstraram que a droga estimula os neurônios no cérebro intermediário para liberar dopamina nas sinapses (conexões entre os neurônios) no estriado. A dopamina (que está ligada ao processo de recompensa, motivação e atenção) é um dos neurotransmissores primários do cérebro – os mensageiros químicos pelos quais um neurônio faz com que seu vizinho dispare um impulso nervoso.


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