Bares buscam saídas para manter clientes

Publicado em:  03/07/2008

Empresários procuram alternativas para garantir o transporte seguro dos freqüentadores 

Preocupados com a possível queda no movimento diante da lei que determina tolerância zero na de álcool no sangue dos motoristas, em vigor há 11 dias em todo o país, donos e gerentes de bares e casas noturnas de Curitiba estudam alternativas para não perder faturamento nem pôr em risco a segurança dos clientes. A exemplo do que ocorre em outras capitais, a saída tem sido apostar na parceria com outros setores e troca de serviços por vantagens e bônus a serem recebidos no próprio estabelecimento. 

A idéia é apostar no transporte seguro dos motoristas e grupo de amigos. Uma das alternativas estudada pelo proprietário do Yankees American Bar, Paulo Afonso Janz, é a contratação de uma van para oferecer a seus clientes. "Estamos consultando os custos para oferecer aos que fizerem reservas antecipadas de mesa e camarote. Assim a casa busca e leva em casa depois", diz. A preocupação, segundo Janz, veio com a queda de 10% no movimento registrada no último fim de semana. "Essa é mais uma lei que vai refletir no nosso setor", diz. "Logo teremos novamente a questão do cigarro em discussão. Mas temos de encontrar saída para isso, porque as leis estão aí para serem cumpridas." 

Já o dono do Jonh Bull, Gilberto Carvalho, ainda não sabe qual a alternativa que vai procurar para reverter a queda em 50% no movimento do último fim de semana. "As pessoas não deixaram de beber: deixaram de sair de casa com medo de serem multadas", diz Carvalho, que não sabe ainda que tipo de parceria deve oferecer. "A gente precisa fazer alguma coisa pelo menos enquanto durar a lei. Vou esperar ainda mais um pouco, mas estou negociando descontos com os taxistas." 

No Largo da Ordem, a Associação Brasileira dos Bares e Casas Noturnas (Abrabar), fez um levantamento e constatou uma queda de 20% em média do consumo nos estabelecimentos. No tradicional Bar do Alemão, o gerente Jorge Tonatto conta que ainda não sentiu queda no movimento, mas que já estuda uma saída. "Estamos estudando parcerias com motoboys para que as pessoas não deixem de sair de casa porque não terão como retornar", diz. "A nossa idéia é que o motoboy leve o carro e o cliente para casa e depois retorne de moto. Talvez seja uma saída para reduzir custos." 

O diretor da Abrabar, Fábio Aguayo, diz que a associação encaminhou à Urbs (empresa que administra o trânsito e transporte coletivo da cidade) e à prefeitura de Curitiba um projeto para a criação de uma linha de ônibus Interbares. "Tem que ter alguma solução", defende. "Nos bares e casas noturnas não tem só gente que vai encher a cara, como muitos pensam." 

A assessoria de imprensa da Urbs confirma que a solicitação da linha foi encaminhada há dois anos, mas admite que a sua implantação ainda não está em estudo. Já a prefeitura pretende lançar uma campanha em parceria da Secretaria Municipal Anti-Drogas, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Sindicato dos Taxistas. Na próxima sexta-feira, uma reunião deve delinear e oficializar o início da campanha. 

Presidente do STF diz que medida pode ser questionada 

Brasília e São Paulo - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, defendeu ontem a Lei Seca, mas disse que ela poderá ser questionada na Corte por não contemplar um índice mínimo. 

"Pode ser que haja uma ação direta de inconstitucionalidade sobre o tema", diz. "Mas beber e dirigir são elementos incompatíveis, e me parece que se deve seguir nessa direção correta. Todos nós que temos alguma oportunidade de viajar para fora sabemos dos cuidados que todos tomam ao ingerir um copo de cerveja, porque sabem que, na direção de um veículo, estão submetidos aos rigores da lei, em caso de eventual infração criminal. Acredito que temos que levar isso a sério. Os números são assustadores." 

Para evitar questionamentos, a Polícia Civil do estado de São Paulo busca alternativas aos exames de bafômetro, clínico ou de sangue para averiguar eventual embriaguez de motorista. A Constituição é clara ao dizer que nenhum cidadão é obrigado a produzir prova contra si mesmo. O diretor da Academia de Polícia, Tabajara Novazzi Pinto, revelou ontem que a polícia investigará se o motorista parado em blitz está embriagado por meios testemunhais e pela observação do médico, mesmo sem a anuência da pessoa. No entanto, a validade dessas provas, caso o episódio vire processo judicial, é discutível. 

Acidente 

Em Sorocaba, no interior paulista, o motociclista Gilmar Bertin Casagrande, de 25 anos, foi detido ontem depois de atropelar uma menina de 9 anos. Foi constatada a presença de 1,43 miligrama de álcool por litro de ar expirado - a medida tolerável é de até 0,3 mg. O pai do motociclista pagou fiança de R$ 301 e ele foi solto.


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