Condenada, AmBev faz anúncio antiassédio moral

Publicado em:  06/08/2008

Empresa é obrigada a veicular campanha educativa no Rio Grande do Norte, após ser condenada por prática de assédio moral contra seus funcionários.

Começou a ser veiculada, no último fim de semana, a campanha publicitária que a AmBev foi obrigada a criar e a veicular, após ser condenada numa ação civil pública por prática de assédio moral contra seus funcionários. Filmes, spots de rádio, anúncios impressos e outdoors serão exibidos nos próximos quatro meses no Rio Grande do Norte, onde a empresa perdeu a ação.

Inédita, a campanha foi o resultado de um acordo feito entre os procuradores do Trabalho no Estado e a empresa, para usar a indenização estabelecida em R$ 1 milhão por dano moral coletivo, decorrente da prática de assédio moral. No dia 10 de julho, a AmBev já havia entregue dois carros para serem usados em fiscalizações da Superintendência Regional do Trabalho, como parte do processo.

A campanha, que está indo ao ar em cinco rádios AM e FM, quatro emissoras de televisão, incluindo a retransmissora da Globo, três jornais diários locais e 40 outdoors, não mostra, em nenhum momento, a marca da empresa ou de seus produtos. Também não exibe o fato de ela ser resultado da condenação da AmBev.

As peças mostram empregados sendo humilhados no ambiente de trabalho por seus chefes e alertam para o fato de que assédio moral é crime. É exibido ainda o telefone do Ministério do Trabalho, pelo qual podem ser feitas denúncias. Pelo acordo, a campanha foi criada por uma agência publicitária local, a Art&C.

 

Dança da garraf

A AmBev foi condenada nessa ação em 2006. De acordo com os procuradores, vendedores que não atingiam metas eram punidos com situações embaraçosas na frente dos companheiros de trabalho.

Entre outros métodos "motivacionais", como diziam os empregados, eles eram impedidos de sentar-se durante reuniões, tinham de fazer a dança da garrafa para os colegas, pagar flexões, limpar vidraças e usar camisetas com dizeres ofensivos. Um dos reclamantes diz que era obrigado a usar duas vezes por semana a camiseta com o apelido "Cabo Boca de Cavalo", dado pelo seu superior.

O Ministério Público do Trabalho afirma que não é possível saber se tal condenação será estendida a outros Estados onde a empresa também está sendo processada por assédio moral. Além de ações coletivas, a empresa também foi condenada a pagar indenizações individuais por assédio moral.

Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da Ambev afirmou que o caso faz parte do passado e que a empresa não irá comentar o assunto.

 


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