Publicado em: 06/08/2008
Um cientista italiano publicou um estudo no qual revela ter descoberto a "memória da dependência" de drogas, que se forma no cérebro do indivíduo que consome entorpecentes. Segundo o pesquisador, esta memória resiste durante anos após a última dose, tornando este indivíduo sempre suscetível a recaídas, mesmo após ter se desintoxicado. As informações são da agência Ansa.
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A descoberta, publicada na revista norte-americana Neuron, é de Antonello Bonci, da Universidade da Califórnia. O especialista em neurologia fez estudos com ratos sobre abstinência e riscos de recaída e registrou a formação de uma memória que resistiu por meses, o equivalente a anos em humanos.
"Esse mecanismo fundamental não só irá sugerir novas estratégias contra a dependência, mas também serve de advertência a todos os jovens que acreditam poder controlar o consumo de drogas", disse Bonci.
Outro aspecto surpreendente do estudo é que "a memória se forma somente se são as cobaias quem ministram a droga em si próprias, ou seja, somente quando existe a vontade de drogar-se", disse o cientista.
Isso significa que não é o efeito da droga em si que induz à formação da memória, mas um processo de associação que se desencadeia na pessoa que consome a substância entorpecente.
"Consideramos que a memória, que se manifesta na prática com o aumento da atividade dos neurônios que controlam os comportamentos de dependência, seja um mecanismo fundamental para as recaídas, possíveis também após anos", explicou Bonci.
"Nosso objetivo terapêutico é remover essa memória das células nervosas, conseqüentemente reduzindo o desejo pela droga e o risco de recaídas. Acredito que esses resultados nos levam cada vez mais perto da solução do gravíssimo problema da dependência", concluiu o cientista.