Encontro de Saúde Mental traz grandes nomes da Psiquiatria à Lapa

Publicado em:  18/08/2008

Palestras de alto nível com grandes nomes da área de saúde mental do Paraná. Assim pode-se resumir o 1.º Encontro de Saúde Mental da Lapa, promovido em parceria entre a Prefeitura da Lapa e a Sociedade Paranaense de Psiquiatria (SPP), que aconteceu no último sábado (16), no Cine Teatro Imperial. Cerca de 200 participantes, entre profissionais da saúde e comunidade, não se intimidaram com a manhã chuvosa de sábado e compareceram contribuíram para que o evento fosse um sucesso.  

Com o objetivo de combater o preconceito e promover o bem estar na área de saúde mental, o encontro foi organizado com palestras integradas entre si, que abordaram temas como diagnóstico, tratamento e (re)formulação de conceitos no que se refere àqueles que possuem distúrbios psicológicos.    

Durante a abertura, o prefeito Miguel Batista falou da importância de projetos municipais como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) da Lapa, implantado há dois anos, e está já é referência de funcionamento para outros municípios vizinhos.  

Na palestra de abertura, o psiquiatra e professor da UFPR, Luiz Avelino Parquet, falou sobre estigma mental, como combatê-lo para viver com qualidade. André Astete, psiquiatra e supervisor da residência médica psiquiátrica do Hospital N. Sra. da Luz, ministrou uma palestra rica em informações e novos conceitos sobre o Transtorno de Ansiedade. Astete também falou sobre a necessidade de uma intervenção mais ativa no caso daqueles que sofrem de agorafobia, o medo de estar em público. “A escola, a e os postos de saúde são os locais onde se deve identificar transtornos de ansiedade, e seus graus de gravidade. PSFs devem ir até as casas quando informados, pois pessoas que sofrem com agorafobia normalmente vivem isoladas e dificilmente virão buscar ajuda.”, disse Astute durante a palestra.  

O tesoureiro geral da SPP, Roberto Ratzke, que tratou o tema “Transtornos de humor”, em que falou, entre outros assuntos, sobre o suicídio. O professor de Psiquiatria da UFPR alerta para o tratamento correto de um tema que é tabu para a sociedade, cuja falta de debate acabou por engessar os conceitos sobre o suicida. “Quem avisa, faz”, era frase na tela, atrás de Ratzke, informando que as pessoas em estado depressivo precisam de atenção, e que o velho mito que diz que as pessoas que anunciam a tragédia só o fazem para chamar a atenção, pode ser um equívoco com conseqüências sérias.  

No período da tarde, mais três palestras sobre uso de drogas, prevenção, conseqüências e tratamento. Dr.ª Roseli Boerringer de Lacerda, doutora em psicobiologia, professora da UFPR e vice-presidente do Conselho Estadual anti-drogas, demonstrou estudos onde cruzou dados sobre uso e dependência de drogas com informações biológicas detalhadas sobre a ação de determinadas substâncias no corpo.  

Entre as drogas lícitas, como cigarro e bebida existe uma indústria que move milhões de empregos e bilhões de dólares, e à esteira desse mercado, a publicidade do convencimento, associada às brechas nas leis deixadas propositalmente por forças políticas que servem a essa indústria, tornam ineficientes as campanhas do governo que não podem fazer frente à tamanha força econômica. Esse foi o foco central da palestra de Marco Antônio Bessa, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, apontando que o tratamento do abuso e dependência das drogas precisam de medidas rígidas, como a “lei-seca”, para ter bons resultados.  

Ao final do evento os participantes da Lapa e de outras cidades do Paraná e Santa Catarina, lançaram suas perguntas aos palestrantes e também contribuíram com reflexões valiosas, como foi o caso de Márcio Assad, membro da AADOM (Associação dos Amigos das Pessoas com Distúrbios de Ordem Mental), fez uma reflexão, a respeito das distorções causadas pela interpretação da bandeira ideológica denominada: ”Luta antimanicomial”, que reduziu drasticamente o número de leitos para o atendimento de situações de alto risco, ou seja, pacientes psiquiátricos com surtos de agressividade, que naquele momento, colocam em perigo a própria vida e a de terceiros. ”Para se ter idéia da dimensão do problema, Curitiba que é a maior cidade da região Sul e sétima maior do país, tem pelo sistema público de Saúde apenas dois leitos para atendimento de adolescentes que necessitem de internamento.” Também participaram do evento Zeila Carneiro, secretária municipal de saúde, Denise de Castro, coordenadora de saúde mental da 2ª Regional de Saúde do Estado, Gaspar Bornacim, presidente da Associação Médica da Lapa, Roberto Brum Lopes, juiz de direito da Comarca da Lapa, Mônica Helena Derbli Baggio, promotora, Gesiani Batista, diretora do Departamento de Medicina Social da Lapa, João Ângelo Bassani, coordenador do psicologia da Unc, Ten. Cel. Benevides Feijó e Emerson Lipinski, pároco da Paróquia de Santo Antônio da Lapa.


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