Publicado em: 12/09/2008
O objetivo da SPP é aproximar o público leigo do tema, com informações de qualidade sobre os transtornos mais comuns e suas formas de tratamento
O programa "ABP Comunidade: Psiquiatria vai à população" faz parte da programação do II Fórum Paranaense de Saúde Mental, que está sendo realizado neste final de semana (dias 12 e 13 de setembro) em Curitiba. O objetivo desta atividade é colocar especialistas e pesquisadores dos principais temas de saúde mental em contato direto com a população, por meio de atividades gratuitas, realizadas de forma itinerante e interativa em diversas capitais brasileiras.
Mais de 500 pessoas passaram pela tenda montada, durante esta sexta-feira (12), na Boca Maldita - calçadão da Rua XV de Novembro. De acordo com o primeiro secretário da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Sivan Mauer, a atividade pública contou com a participação de profissionais que prestaram esclarecimentos relacionados à saúde mental e deram orientações sobre atendimento às pessoas que por ali passaram. Além disso, foram distribuídos inúmeros folhetos informativos.

A médica Christiane Maria Magalhães, residente do 2.º ano no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR), participou da atividade e acredita que o contato entre o profissional e a comunidade é uma oportunidade para diminuir o estigma que há em torno dos pacientes e transtornos mentais. "Espero que aqueles que passaram pela tenda tenham conseguido sanar suas dúvidas, pois buscamos dar informações claras e simples para atingir o objetivo do programa", explica.
Promovido pela Sociedade Paranaense de Psiquiatria (SPP) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Fórum está reunindo renomados profissionais, autoridades e entidades representativas em debates sobre psiquiatria na atenção primária à saúde e atenção psiquiátrica da infância e adolescência. A iniciativa em Curitiba conta ainda com o apoio das Secretarias de Saúde e do Conselho Regional de Medicina (CRM).
Além da atividade pública, a programação do Fórum contou nesta sexta (12) com o Simpósio "Psiquiatria na Atenção Primária à Saúde" que trouxe inúmeras discussões a respeito do papel fundamental que tem o psiquiatra nas equipes de Programa de Saúde da Família, Unidades de Saúde e hospitais gerais. Representantes da ABP, Secretarias de Saúde e Ministério da Saúde trouxeram informações atuais sobre Saúde Pública/Coletiva e Saúde Mental. Pesquisas comprovam que apesar do desconhecimento da população, cerca de 450 milhões de pessoas no mundo sofrem ou sofrerão de problemas mentais, neurológicos ou comportamentais.

"Embora existam muitos problemas no atendimento aos transtornos mentais, as considerações dos palestrantes foram muito ricas, pois puderam apresentar informações sobre a condição da implantação do plano de saúde mental no país", afirma Marco Antônio Bessa, presidente da SPP. Para ele, o projeto de integração da psiquiatria no atendimento da saúde mental ao Programa de Saúde da Família (PSF) vai ampliar o acesso da população a um trabalho técnico de qualidade.

Com programação gratuita e aberta à população, amanhã (13) o Fórum conta ainda com a participação do renomado especialista Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP). Ele participará da mesa-redonda "Atenção Psiquiátrica da infância e adolescência", juntamente com a Dr.ª Lídia Munhoz Mattos Guedes, da 1.ª Vara da Infância e Juventude de Curitiba, e a promotora de Justiça do Ministério Público, Dr.ª Cibele Cristina Freitas de Rezende. Na ocasião, os participantes poderão esclarecer dúvidas sobre os principais transtornos mentais no auditório do Conselho de Medicina.
Números
Segundo dados de uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com Datafolha, 9% da população afirma ter enfrentado pelo menos um problema de doença psiquiátrica na família, no período de um ano. Entretanto, essa estatística não inclui pessoas com transtornos mentais leves, as quais, normalmente, não procuram ajuda médica.
Comparando com a quantidade estimada de casos, a procura da população por serviços de saúde nessa área ainda é muito pequena. Entre os principais fatores que contribuem para isso estão: a falta de informação e o preconceito contra os portadores e profissionais de saúde mental.
"A solução para esse problema é aproximar o público leigo do tema, com informações de qualidade sobre os transtornos mais comuns e suas formas de tratamento. Hoje há muita desinformação e preconceito da população. Por isso, estamos organizando esse fórum com atividades públicas para levar às pessoas informação técnica e correta pode ajudar a mudar esta realidade", afirmou o médico psiquiatra Marco Antônio Bessa, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria.
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que as doenças mentais são uma das principais causas tratáveis de suicídio, responsáveis por cerca de 800 mil mortes no mundo todos os dias. Especialistas acreditam que este número poderia ser reduzido se as pessoas tiverem consciência destas doenças, pois buscariam tratamento precoce.