Publicado em: 12/09/2008
Federadas e núcleos da ABP apontam problemas e soluções para o avanço da assistência em saúde mental no país
Nos últimos dias 5 e 6, a capital paulista abrigou o VI Fórum Nacional de Federadas da Associação Brasileira de Psiquiatria. O encontro teve como objetivo reforçar ainda mais a gestão participativa. "A partir do Fórum, vamos colocar em prática ações estratégicas definidas em conjunto com os representantes dos 54 grupos federados à ABP e dos seus seis núcleos", explica o presidente da Associação, João Alberto Carvalho, que apresentou, na abertura dos trabalhos, a estratégia de gestão integrada, cujo maior foco é a valorização do médico.
Para agilizar os trabalhos, os presentes receberam o resumo do balanço das ações apresentadas pela diretoria da ABP nos fóruns regionais de federadas. O documento destaca a reforma administrativa, que está andamento, as ações políticas adotadas até o período, os novos projetos e a visão da Associação para 2010: firmar-se como entidade representativa da psiquiatria no Brasil, consolidar-se como referência nacional em saúde mental, reforçar a identidade médica do psiquiatra e investir na sua valorização, ampliar a campanha nacional de combate ao estigma e aprimorar a administração da instituição.
O Fórum teve como novidade a apresentação da síntese das atuais condições da assistência psiquiátrica em cada região do país, formulada através dos fóruns regionais de federadas, realizados de junho a agosto nas cidades de Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Goiânia e Belém.
O estudo foi apresentado pelo consultor em gestão Francisco Cunha. A escassez de psiquiatras, a falta de formação e de informação, além da dificuldade da interiorização dos médicos são os principais dificultadores da região Norte. Já no Nordeste, fatores como as discrepâncias estaduais em relação à formação médica e à assistência são os principais problemas.
No Centro-Oeste foram diagnosticados o desrespeito aos atestados de psiquiatras no INSS e a falta de valorização do psiquiatra como especialista. No Sudeste foram apontados problemas como a má regulamentação dos cursos de especialização e os conflitos relacionados às residências médicas. A complexidade do atendimento nas grandes cidades e a epidemia do uso do crack são os obstáculos da região Sul.
Além dos dificultadores, o estudo também aponta os agentes facilitadores, como a comunicação e a atuação junto ao poder público, e sugestões para valorizar a figura do psiquiatra em cada região e o raio de ação de cada federada.
O presidente da ABP ressaltou a importância deste trabalho. "A análise comprova as diferenças e peculiaridades de cada região do país. Não podemos cometer o mesmo erro do governo de elaborar um modelo único de assistência para um país continental. Daí a legitimidade do Fórum Nacional de Federadas, um encontro de trabalho para definir ações com base na realidade vivenciada pelos seus representantes regionais", destaca João Alberto.
Atividades
O Fórum seguiu para as atividades práticas, supervisionadas pelo consultor Francisco Cunha e pela diretoria da ABP. Cada participante indicou sugestões para a atuação das federadas e também da ABP. Depois as mesmas sugestões foram formuladas em grupo. "Todos os representantes das federadas e núcleos da ABP se dividiram em dez grupos, que apresentaram suas sugestões após discutir as questões relacionadas à atuação regionalizada e em âmbito nacional", explicou o vice-diretor da ABP, Luiz Alberto Hetem.
O resultado deste trabalho prático será apresentado pelo consultor Francisco Cunha antes do XXVI CBP – Congresso Brasileiro de Psiquiatria.
Homenagem
Um dos momentos marcantes do evento foi a homenagem a Vanor Ferreira Neto, que faleceu no dia 5 de setembro, na cidade do Rio de Janeiro. De pé, em um minuto de silêncio, todos demonstraram a tristeza pela partida repentina do colaborador mais antigo da ABP e o respeito à figura do saudoso seu Vanor, como era carinhosamente chamado.