Publicado em: 11/11/2008
Segundo a Organização Mundial de Saúde, uma em cada cinco pessoas é, foi ou será afetada pela depressão. Para esclarecer à população de Foz do Iguaçu sobre os sintomas, tratamento e oferecer indicações de locais de atendimento público em saúde mental no município, o médico psiquiatra Osmar Ratzke irá ministrar palestra gratuita a respeito da doença.
O professor de Psiquiatria em Medicina na UFPR, coordenador da Residência em Psiquiatria do HC/UFPR, e secretário Regional da ABP – Região Sul estará no Centro de Convivência Érico Veríssimo a partir das 18h30, de 21 de novembro (sexta-feira). A palestra será realizada em meio às atividades do I Encontro de Psiquiatrias do Oeste do Paraná e é uma iniciativa da Sociedade Paranaense de Psiquiatria (SPP) em parceria com a Secretaria Municipal de Foz do Iguaçu. Na oportunidade, será prestado esclarecimento gratuito à sociedade sobre temas ligados à saúde mental e interessados poderão receber folhetos informativos sobre os principais transtornos mentais.

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I Encontro de Psiquiatrias do Oeste do Paraná O I Encontro de Psiquiatrias do Oeste do Paraná tem início no dia 20 e debaterá temas como dependência química, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH e Transtorno Afetivo Bipolar por meio de palestras ministradas por especialistas de reconhecimento nacional. As atividades ocorrerão no Bourbon Iguassu Golf Resort. O primeiro encontro de psiquiatras pretende reunir médicos de Umuarama, Marechal Candido Rondon, Toledo, Cascavel, Francisco Beltrão, Pato Branco, Foz do Iguaçu e demais interessados do Estado. Há ainda possibilidade de reunir médicos de Santa Catarina e de países vizinhos, como o Paraguai. Da Diretoria da SPP, participam os Drs. Marco Antonio Bessa (presidente), Roberto Ratzke (tesoureiro) e Osmar Ratzke (secretário da ABP Regional Sul). Além da atividade científica, os participantes terão opção de participar de atividades turísticas e sociais programadas especialmente para os médicos e seus acompanhantes. Na programação está incluída visita à Ciudade Del Leste, Parque das Aves, Dutty Free - Ciudade de Porto Iguazu e também à hidrelétrica de Itaipu Binacional, cataratas do rio Iguaçu, passeio de barco Macuco Safari e cassino Iguaçu (Argentina).
Inscrições: Agência STTC EVENTOS E TURISMO pelo telefone (45) 3574-2527 ou e-mail: vendas@sttceventoseturismo.com.br |
"Depressão não é tristeza"
De acordo com o psiquiatra e consultor do programa ABP Comunidade, Antônio Leandro Nascimento, depressão é uma doença e não deve ser confundida com um estado emocional passageiro. "As pessoas normalmente relacionam a tristeza a algum fato, ela tem começo, meio e fim. A pessoa que está triste consegue reagir a um estímulo agradável e sair dessa situação. Já na depressão, a pessoa não reage aos estímulos para alegrá-la", completa o psiquiatra Telmo Kiguel, coordenador do departamento de psicoterapia da ABP.
O tratamento a princípio é feito de forma ambulatorial, isto é, fora de hospital, em serviços públicos ou em consultórios particulares. Em alguns casos é possível tratar a depressão só com psicoterapia, mas para a maioria dos casos aconselha-se o uso combinado de psicoterapia e medicamentos, que tem se mostrado mais eficaz.
No entanto, o sucesso do tratamento vai depender, acima de tudo, da adesão do paciente. "Para isso é muito importante a chamada rede social, os familiares, os conhecidos, os amigos ajudarem a pessoa a aceitar que ela tem uma doença, que tem tratamento e que ela pode ter uma vida praticamente normal desde que faça permanentemente o tratamento indicado", recomenda Telmo.
Logo, o papel dos familiares e amigos é essencial nessas horas, não só em relação ao tratamento, mas no dia-a-dia, com apoio emocional. Isso envolve compreensão, paciência, afeição e encorajamento, estimular a pessoa deprimida a conversar, ouvi-la com atenção e, acima de tudo, não desqualificar os sentimentos expressos, mas apontar a realidade e dar esperança.
Sintomas
Os sintomas mais recorrentes da doença são: humor persistentemente triste, ansioso ou "vazio"; dificuldade de sentir prazer em atividades que antes a pessoa considerava prazerosa, dificuldade em realizar as atividades cotidianas, como trabalhar; irritabilidade desproporcional e generalizada; sentimento de culpa, insegurança, falta de vontade e de iniciativa; diminuição de auto-estima e da autoconfiança; falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, dificuldade de se concentrar, recordar, tomar decisões; avaliações negativas acerca de si mesmo, do mundo e do futuro; alterações no sono, que pode ser insônia ou uma sonolência excessiva; aumento ou diminuição do apetite, diminuição da libido; pensamentos recorrentes de morte ou suicídio; tentativas de suicídio.
De acordo com o psiquiatra e consultor do programa ABP Comunidade, Antônio Leandro Nascimento, até 18% dos pacientes com esse tipo de depressão realizam uma tentativa de suicídio ou conseguem se suicidar.
Mais sobre depressão
Num período qualquer de 1 ano, 9,5% da população, ou cerca de 18,8 milhões de adultos norte-americanos, apresentam uma doença depressiva, um transtorno depressivo. O custo econômico desse transtorno é alto, mas o custo em termos de sofrimento humano não pode ser estimado. O transtorno depressivo interfere freqüentemente no funcionamento normal e causa dor e sofrimento, não apenas àqueles que o apresentam o transtorno, como também àqueles ao seu redor. Uma depressão grave pode destruir a vida da família, assim como a vida da pessoa doente. Todavia, grande parte desse sofrimento é desnecessária.
Muitas pessoas portadoras de uma doença depressiva não procuram tratamento, embora a grande maioria delas, até mesmo aquelas cuja depressão é extremamente grave, possa ser ajudada. Graças a anos de pesquisas, já existem medicações e terapias como a cognitiva-comportamental, a interpessoal e terapias baseadas na fala, que aliviam a dor da depressão.
Infelizmente, muitas pessoas não reconhecem que a depressão é uma doença passível de tratamento. Se você achar que você mesmo ou alguém por quem você tem afeição é uma das muitas pessoas deprimidas não diagnosticadas nesse país, as informações apresentadas aqui podem lhe ajudar a tomar as providências que podem salvar essa vida.
Números da saúde mental
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que apesar do desconhecimento da população, cerca de 450 milhões de pessoas no mundo sofrem ou sofrerão de problemas mentais, neurológicos ou comportamentais. Entre crianças e adolescentes, o número sobe para 20% da população. Outro dado da OMS aponta o risco que correm os portadores: 800 mil pessoas suicidam-se todos os dias. As doenças mentais são uma das principais causas tratáveis de suicídio.
No Brasil, uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o instituto Datafolha, mostrou que, no período de um ano, 9% da população diz ter enfrentado ao menos um caso de doença mental na família. Este número, segundo especialistas, não reflete a realidade, pois a maioria das pessoas que sofre de transtornos mentais leves não procura ajuda médica por conta do preconceito e da falta de informação. Estima-se que 30% dos brasileiros vai desenvolver algum transtorno mental durante a vida.