Publicado em: 12/11/2008
A prevalência da aids entre os portadores de transtornos mentais é um pouco superior à da média da população. A baixa adesão ao uso de preservativo preocupa.
O número de brasileiros com transtornos mentais infectados pelo vírus da aids supera o da população geral no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o ministério da Saúde revela que 0,80% dos pacientes do serviço psiquiátrico público são portadores do HIV. Entre as mulheres, o número é ainda maior: 1,07% são soropositivas. O índice de adultos da população geral com o vírus da aids é de 0,61%. Os dados fazem parte do "Estudo de soroprevalência da infecção pelo HIV, sífilis, hepatites B e C em instituições públicas de atenção em saúde mental: um estudo multicêntrico nacional", divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.
A incidência de outras infecções também mostra a condição de vulnerabilidade dos pacientes analisados: 1,12% têm sífilis e 14,7% tiveram contato com o vírus da hepatite B e 1,64 foram infectados pela doença.
Realizada com 2.238 pacientes, a pesquisa mostra que a maioria dos portadores de transtornos mentais tem uma vida sexual ativa, realidade ignorada pelos hospitais e centros de atendimento psiquiátrico do país. A falta de orientação para prevenir as doenças nas unidades de atendimento psiquiátrico também colabora para o alto índice de infecção dos pacientes. Apenas 26,9% dos centros mantêm algum programa de educação sexual e 30% distribuem preservativos.
Para o coordenador da pesquisa, Mark Drew Guimarães, o resultado está relacionado principalmente a questões comportamentais. "Eles têm vida sexual ativa, mas o uso do preservativo não é consistente", afirma. Somente 7% dos pesquisados revelaram fazer uso freqüente de preservativo. Em pesquisa realizada em 2005 pelo Ministério da Saúde, 33% dos casais adultos na população geral revelaram usar freqüentemente a camisinha.
A pesquisa, que reuniu entrevistas e testes sangüíneos feitos em 2006 e 2007, identificou que a maioria dos homens sexualmente ativos com transtornos mentais busca relações esporádicas com profissionais do sexo, enquanto as mulheres vão atrás de relações afetivas. Entre os entrevistados, 88% tiveram relação sexual pelo menos uma vez na vida e 61% fizeram sexo nos seis meses que antecederam o levantamento.
A coordenadora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, diz que falta uma percepção generalizada, por parte dos profissionais de saúde, de que portadores de transtornos mentais graves, como esquizofrenia e psicoses, praticam sexo com alguma regularidade. Os principais transtornos psiquiátricos de que sofrem os pacientes são esquizofrenia e psicose (47,7%), depressão (12,9%) e transtorno bipolar (9%).
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