Ser feliz aumenta seus anos de vida

Publicado em:  18/11/2008

            A felicidade protege contra doenças, afirma um estudo de cientistas holandeses. Eles dizem que ser feliz pode assegurar a longevidade. De acordo com o professor Ruut Veenhoven, da Universidade Erasmo de Rotterdã, para viver melhor, ser feliz é tão eficaz quanto deixar de fumar, já que a felicidade pode ajudar a aumentar entre 7,5 e 10 anos o tempo de vida.

            Um estudo realizado a partir de 30 relatórios de diferentes países se soma a outras pesquisas, especialmente econômicas, que tentam compreender o que nos faz felizes e por que as riquezas materiais não levam à ambicionada felicidade. Isso permite aos economistas pensar no conceito de vida em termos mais complexos. É hora de começar a perguntar "Você vive bem?" e de acabar com a pergunta "O que você comprou?". 

            Segundo uma corrente de economistas, a partir de um poder aquisitivo de US$ 10 mil anuais, a contribuição em termos de "quantidade de felicidade" das condições materiais cresce muito menos. A felicidade se nutre então de outras circunstâncias, como a amizade, a família, pertencer a uma comunidade, a liberdade, a democracia ou as instituições eqüitativas e eficazes. 

            Ainda de acordo com Ruut Veenhoven, no geral, a felicidade não retarda a hora da morte nos doentes, mas protege as pessoas que têm boa saúde das doenças. Dessa forma, indiretamente, um estado de ânimo positivo aumenta os anos de vida. A razão não está clara, mas uma coisa é certa: as pessoas felizes têm tendência a vigiar seu peso e os sintomas das doenças, a fumar menos e beber menos álcool. Normalmente são pessoas mais dinâmicas, mais abertas ao mundo, confiantes e com mais relações sociais. 

            Um estado de tristeza crônico cria uma reação do tipo "combate ou fuga" e este tipo de reação é conhecido por gerar, a longo prazo, efeitos negativos como pressão arterial alta e baixas defesas imunológicas. As pesquisas sobre a felicidade são muito reduzidas; existem atualmente poucos estudos sobre o impacto do meio profissional, as condições de moradia ou escolaridade. 

            Também não existe um sistema de aconselhamento ou assistência para conseguir uma vida melhor por meio da felicidade. É uma surpreendente lacuna de mercado, dado o número de pessoas que sentem que poderiam ser mais felizes do que são. 

            Não é novidade que o estresse pode encurtar a vida de uma pessoa, mas só agora pesquisadores descobriram como isso acontece dentro das células. 

            Cientistas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, descobriram que o hormônio do estresse - o cortisol - diminui a atividade da enzima telomerase, o que acaba causando uma aceleração do envelhecimento devido à queda das defesas imunológicas. Isto também faz com que o organismo fique mais suscetível a doenças infecciosas e tumores. 

            O que fazer no dia-a-dia para ser mais feliz? Não podemos deixar que o estresse, preocupações e a ambição desenfreada, dentre outras coisas, afetem nosso humor e, conseqüentemente, a nossa saúde. Sabemos que não é fácil, mas se tivermos disciplina e praticarmos alguns hábitos, com certeza aumentamos em muito nosso nível de felicidade. Vários métodos podem ser usados, e eles devem ser escolhidos de acordo com a individualidade de cada um. 

            Falar dos sentimentos - Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo, a repressão dos sentimentos, a mágoa, a tristeza, a decepção, degeneram até em câncer. Então, vamos confidenciar, desabafar, partilhar nossas intimidades, nossos desejos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, são um poderoso remédio e excelente terapia. 

            Tomar decisão - A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões, para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagens e valores e ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele. 

            Buscar soluções - Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença. 

            Viver de aparências - Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão de estar bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho, está acumulando toneladas de peso. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. 

            Aceitar-se - A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável, os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar críticas, é sinal de sabedoria, bom senso e terapia. 

            Confiar - Quem não confia, quem não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si e nos outros. 

            Humor positivo - O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive, alegria é saúde e terapia. 

            Felicidade é dar uma palavra de encorajamento no momento da necessidade, é fazer os outros verem o lado positivo das situações enquanto estão sentindo-se no caos. A felicidade não tem uma etiqueta com preço, não pode ser comprada, vendida ou negociada. Ela é recebida por aqueles cujas ações, atitudes e atributos são puros e não egoístas. É a qualidade da consciência e o altruísmo das ações humanas que determinam a riqueza da vida. 

 

Veja a seguir notícia publicada no jornal GAZETA DO POVO

83% dos curitibanos são felizes

Média da capital paranaense se equipara à da Dinamarca, campeã mundial nos índices de felicidade. Família é a principal razão

O escritor Érico Veríssimo escreveu que a felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente. Estudos científicos sobre a felicidade revelam que Veríssimo estava certo. A ciência se dedicou ao tema nos últimos 20 anos e descobriu que ser feliz não está relacionado com dinheiro ou conquistas materiais, e sim com a capacidade de criar conexões com os outros e de ter relações interpessoais significativas. Prova disso é o Butão, país da Ásia onde a população se considera uma das mais felizes do mundo.

A felicidade, cantada em verso e prosa, tornou-se objeto de estudo da ciência com a psicologia positiva. O tema surgiu na década de 1980 quando um grupo de psicólogos decidiu estudar o lado positivo da mente humana. Descobriram que, apesar das adversidades, as pessoas se consideram felizes na maior parte do tempo. Pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas mostra que 83% dos curitibanos se consideram felizes, porcentagem alta se comparada ao índice mundial. De acordo com o World Data Base of Happiness, estudo mundial sobre a felicidade, a campeã é a Dinamarca com a mesma média dos curitibanos: 8,2.

A razão da felicidade do curitibano é a família. Dos entrevistados, 70% disseram que o marido ou a esposa, os filhos e pais são os responsáveis pelo bem-estar e alegria. A importância dos familiares é apontada pela pesquisadora Fátima Niemeyer da Rocha como única variável na história do Ocidente quando se busca a felicidade. Na tese de doutorado, a psicóloga estudou a representação da felicidade na sociedade ocidental. Ao analisar textos históricos sobre o tema, descobriu que durante os séculos a visão do que era felicidade se alterou. Em determinado momento estava relacionada com alimentação, poder ou religião. 

A única variável que sempre era apontada como determinante foi a família. O psicólogo Alexandre Bez lembra também que uma das principais causas para a depressão profunda é a separação. "Nossos companheiros são a família que escolhemos e construímos, por isso são tão importantes." 

Para quem acredita que só o dinheiro traz felicidade, a psicologia positiva tem uma resposta nada agradável. Uma boa situação financeira é importante, sim, e ajuda na busca pelo bem-estar, mas há um limite. Quem tem privações monetárias e consegue ascender socialmente tem um bom ganho na alegria, mas depois o que faz a diferença são fatores subjetivos. Para os curitibanos, o dinheiro é só o quinto item que mais influencia no bem-estar, atrás da família, saúde, amor e filhos. A nota para a situação financeira (6,6) ficou abaixo da média para os familiares (8,61). 

A psicóloga e antropóloga Susan Andrews, formada pela Universidade de Harvard (EUA), afirma haver estudos apontando que, até determinado nível de riqueza, mais sucesso material de fato traz mais bem-estar. Só que depois de certo ponto, mais bens materiais não trazem satisfação. "O que importa a esta altura são os chamados "fatores não-materiais", tais como companheirismo, famílias harmoniosas, relacionamentos amorosos e uma sensação de se viver uma vida significativa", explica. "Nós, enquanto seres humanos, temos fome não apenas por alimento para o corpo, mas também para a alma."


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