Centro de saúde mental ameaça fechar

Publicado em:  11/12/2008

Doentes mentais e familiares ficaram desassistidos na última terça-feira (9), quando o Centro de Atenção Psicossocial – Transtornos Mentais (CAPS-TM) de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, fechou o atendimento. A organização não-governamental curitibana Núcleo Terapêutico Menno Simons, que atende o centro, paralisou seus serviços porque a prefeitura não faz o repasse de verbas desde junho. Ontem, o centro voltou a funcionar.

O contrato foi firmado no fim do ano passado e desde meados de 2008 a instituição não recebe os R$ 55 mil mensais que são usados na manutenção e pagamentos. O almoço e os medicamentos são fornecidos pela prefeitura, como diz o diretor administrativo da ONG, Udo Valter Fast, “mas são os funcionários que cuidam e monitoram os pacientes. Dos 80 pacientes, 45 são de tratamento intensivo, precisam de cuidados diários”. Para evitar maiores problemas, os funcionários distribuíram a quantidade necessária de medicamentos para dois dias para todos os pacientes no dia da paralisação.

Segundo Fast, por diversas vezes a ONG ameaçou paralisar os atendimentos. Sem um retorno da prefeitura, a paralisação foi uma maneira de mostrar a situação que a entidade passa. “Final do ano está chegando, os funcionários não receberam a primeira parcela do 13º salário e nem o salário de novembro. A prefeitura entra em férias e volta só em fevereiro e como fica a situação dos funcionários?” questiona.

Em reunião com prefeitura, Fast recebeu a explicação de que o atraso no repasse para a ONG ocorreu porque a entidade não entrou no orçamento de 2008 e que, até então, a prefeitura não tinha um convênio com governo federal para custear parte desses gastos, mas que para 2009 está tudo garantido.

O secretário de Saúde de Ponta Grossa, Alberto Olavo de Carvalho, afirma que foi decidido na reunião que será feito o repasse de boa parte da dívida ainda nesta semana e que o restante será pago nos próximos dias.

Ontem os trabalhos voltaram ao normal, mas Fast disse que, caso os pagamentos não sejam feitos, o CAPS ficará fechado até receber. “Fomos procurados pelos pacientes e familiares na terça-feira. E, como eles, não achamos justo que eles sejam sacrificados. Mas na condição em que estava, não tínhamos como ficar indiferentes, temos contas para pagar.”

Jacira Kroin é mãe de dois portadores de doenças mentais, um com 26 anos e outro com 30, e disse que o CAPS é uma saída paliativa, mas extremamente necessária. Conta que desde que o Hospital Psiquiátrico Franco da Rocha fechou, em 2004, quando seus filhos entram em crise são encaminhados para o Hospital Psiquiátrico San Julian, em Curitiba. Segundo ela, sem o CAPS em funcionamento eles ficam em casa, mas por se tornarem agressivos, às vezes saem para a rua e voltam trazidos pela polícia. “Só quem tem um familiar doente para saber o quanto o CAPS faz falta, se fechar não tenho nem como trabalhar”, comenta.


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