A nova Medicina

Publicado em:  25/05/2009

            

A partir da experiência no Instituto de Biologia Molecular do Paraná, o Prof. Dr. Samuel Goldemberg apresentou uma Medicina mais preventiva, que despontou após os avanços da ciência genômica. 

Novas ferramentas da Biologia Molecular promovem expectativa de melhoria na clínica médica e outras especialidades. Durante a palestra "Medicina Genômica – realidades e perspectivas", o diretor do Instituto Carlos Chagas, pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz e colaborador do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, Dr. Samuel Goldemberg, apresentou estas e outras informações a respeito do que denominou "A Nova Medicina".

Quinze profissionais estiveram presentes durante a primeira atividade científica do ano promovida pelo Departamento de Neurociências da Sociedade Paranaense de Psiquiatria. A reunião ocorreu na manhã do último sábado, dia 23 de maio, na Plenária Wadir Rúpollo, do Conselho Regional de Medicina do Paraná em Curitiba. Para o biólogo, as ferramentas da Biologia Molecular contribuem cada vez mais para a evolução da Medicina por meio de terapias gênicas baseadas em diagnósticos precisos e rápidos, que ajudam no desenvolvimento de fármacos genômicos específicos. "Uma das metas da ciência genômica é catalogar completamente a variação genética humana para diagnosticar, prevenir e tratar doenças", afirma. Em contrapartida, o pesquisador apresentou os novos dilemas éticos que surgirão graças ao desenvolvimento destas tecnologias. "O médico deve informar ao paciente que devido à sua constituição genética ele tem maior chance de desenvolver uma doença sem tratamento? E se o resultado de um teste genético der mais informação do que a buscada, deve-se informar ao paciente?", questiona.  Goldemberg levantou debate também a respeito dos prós e contras da chamada Medicina personalizada. "Será que estará disponível a todos ou somente a quem puder pagar por ela?", indaga.

Na oportunidade, o presidente da SPP, Marco Antonio Bessa, e o coordenador do Departamento de Neurociências, Carlos Harmath, agradeceram a presença dos participantes e do palestrante e pontuaram que ainda há uma distância a ser encurtada entre quem faz pesquisa e quem a aplica. Para Dr. Carlos Harmath, a aplicação das técnicas para compreender o funcionamento do corpo humano deve ser disseminada entre os estudantes para que seus conhecimentos sejam multi e interdisciplinares.

Tecnologia e Medicina

Usando metodologia de microchips, já estão sendo desenvolvidas ferramentas para o estudo de polimorfismos em centenas de milhares de genes simultaneamente, massificando e reduzindo o custo do diagnóstico genético. "O resultado será uma medicina personalizada, baseada no conhecimento do genótipo de cada pessoa", explica. Para Goldemberg, uma área que promete benefícios à curto prazo é a farmacogenômica. "A variação na resposta individual a fármacos e a utilização de testes genômicos para conseguir tratar cada doente com o medicamento certo, na dose certa, é um grande trunfo desta Nova Medicina", afirma.

Além disso, pesquisas nessa área já identificaram a chamada nutrigenômica, que estuda o efeito da interação entre variação gênica e nutrição sobre a saúde. "No futuro, testes em DNA permitirão, cada vez mais, prescrever a dieta ideal para o genoma altamente específico de cada pessoa, prevenindo doenças como obesidade, diabetes e câncer", afirma.

O diretor do Instituto Carlos Chagas acredita que o conhecimento do mapa de predisposições genéticas de cada indivíduo permitirá ajustar seu estilo de vida ao seu genoma e assim prevenir doenças. "Diferentemente da medicina atual, com foco nas doenças, a medicina genômica visa a manutenção da saúde, a prevenção", completa.


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