Genes decidem como os casais são formados

Publicado em:  15/06/2009

Estudo da UFPR mostra que mulheres conseguem perceber, pelo cheiro, quais homens têm chance de produzir filhos geneticamente mais saudáveis

Quem acredita naquele velho ditado que o amor é uma questão de química pode ter sua teoria comprovada pela genética. A pesquisadora e professora de genética da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Maria da Graça Bicalho fez uma pesquisa com 242 casais que moram no Paraná e constatou que as pessoas tendem a escolher parceiros com sistema imunológico bastante diferente do seu. 

A pesquisa analisou uma parte do DNA que coordena o sistema imunológico humano, o HLA – sigla em inglês que quer dizer antígenos leucocitários humanos. O HLA é responsável pela defesa do organismo. Dos 90 casais reais – os outros 152 foram formados por acaso para o estudo – a maioria apresentou grande diversidade genética no sistema imunológico. "É essa diversidade que garante a diversificação da espécie e permite que os descendentes sejam mais fortes e adaptáveis", explica. 

Quanto mais variados forem os genes responsáveis pela defesa do organismo, mais chance a pessoa tem de se defender de doenças genéticas. Maria da Graça explica que nessa mesma região do DNA há outros genes que permitem à pessoa identificar o cheiro e fazem com que as pessoas se atraiam por ele. "São as mulheres que fazem essa escolha pelo cheiro. Ela percebe que o parceiro tem genes diversificados de defesa do organismo por meio de pistas olfativas. Mas é um processo inconsciente", diz a pesquisadora. 

João Carlos Marques Magalhães, professor da UFPR que também participou da pesquisa, diz que até agora só nessa região do DNA humano foram encontradas características que influenciam no relacionamento e na reprodução. "Claro que não é só isso que afeta a escolha de um namorado. Fatores antropológicos, psicológicos e sociais são muito relevantes. É uma mistura desses fatores". 

Os pesquisadores explicam que estudo semelhante foi feito na Suíça em 2005 e constatou que mulheres que tomavam anticoncepcionais – o organismo entende como se elas estivessem grávidas por causa da taxa de hormônios – não se sentiam atraídas por pessoas com o HLA muito diferente. Segundo Magalhães, isso mostra que quando as mulheres estão grávidas elas não procuram mais parceiros geneticamente diferentes. Passam a desejar parceiros iguais, para ajudar na criação dos filhos. 

A pesquisa desenvolvida pela UFPR foi apresentada no final de maio na Áustria durante um seminário da Sociedade Europeia de Genética Humana. A equipe de pesquisadores diz que vai continuar com os estudos, agora para tentar levantar outras pistas externas, além do cheiro, que reflitam a influência da diversidade genética na escolha de um parceiro. 


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