Publicado em: 17/08/2009
Escorraçados, perseguidos, apontados na rua, dedurados. A semana que passou -a primeira sob a vigência da lei antifumo- foi dura para os tabagistas do Estado de de São Paulo. Expulsos de bares e restaurantes, eles foram jogados na rua, ao relento -e fez frio, e chegou a garoar. Segundo a lei, que entrou em vigor no último dia 7, só se pode saciar a fissura da dependência de nicotina em locais abertos.
A Secretaria de Estado da Saúde comemorava: nos sete primeiros dias de vigência da nova legislação, 99,2% dos 7.428 estabelecimentos visitados pela fiscalização da Vigilância Sanitária cumpriram direitinho a regra. Apenas 55 deles, ou 0,8%, não o fizeram.
O exemplo paulista propagou-se. As Assembleias Legislativas do Rio e de Minas Gerais apressaram-se em aprovar também as suas leis antifumo. Há, é claro, uma diferença ou outra em relação à legislação paulista, mas, na essência, todas têm o mesmo propósito: o de banir a fumaça do tabaco dos ambientes fechados.
Sem praias nem calçadões, com praças cercadas por grades, a capital paulista é uma cidade que vive dentro -dentro de casa, do carro ou do ônibus no congestionamento, da balada, do shopping, do trabalho, da academia. Na semana que passou, a fuzarca dos fumantes conversando em rodinhas, bebendo e até comendo nas calçadas deu um ar mais alegre à urbe cinza. Inesperado.
Mas a Prefeitura de São Paulo já avisou: quem jogar bituca na calçada está sujeito a pagar multa de R$ 500. E o Psiu ameaçou também com multa, se o falatório dos fumantes ferir a Lei do Ruído.
Pacientes no HC vão receber tratamento antitabagismo
Medida pós lei antifumo se refere aos pacientes das unidades psiquiátricas
Pacientes em tratamento psiquiátrico nas duas unidades do HC (Hospital das Clínicas) e do Hospital Santa Tereza vão receber tratamento antitabagismo. A medida, inédita, foi definida anteontem, em função da lei antifumo que passou a vigorar em todo o Estado no último dia 7. O consumo do tabaco em São Paulo passou a ser proibido em todos os ambientes fechados de uso coletivo.
Segundo o médico Clésio Sousa Soares, coordenador do Programa de Tabagismo do HC, os pacientes participarão de tratamento psicológico e receberão adesivos de nicotina para compensar a falta da droga quando estiverem em abstinência. Aqueles com alta dependência que não responderem bem ao tratamento poderão fumar, inclusive com prescrição médica.
"O médico que não quiser prescrever cigarro, não precisa, porque há uma discussão ética em torno disso. Basta ele autorizar", disse Soares. Ele não soube dizer quantos pacientes receberão o tratamento.
A lei antifumo, em seu artigo 6º, já prevê proteger de penalidades as "instituições de tratamento de saúde que tenham pacientes autorizados a fumar pelo médico que os assista". Entretanto, segundo Soares, a discussão entre os hospitais foi necessária porque não estava claro de que maneira os pacientes poderiam fumar "oficialmente". Além disso, os hospitais tinham a preocupação de não prejudicar outros doentes.
No Hospital Santa Tereza, há grandes áreas livres, o que não acontece na Unidade de Emergência do HC, por exemplo. Por esse motivo, chegou-se a pensar na construção de um "fumódromo" para os pacientes , ideia abandonada anteontem depois que os internados conseguiram passar a última semana sem cigarro com o uso de adesivos de nicotina.
A prefeitura, que mantém um serviço de internação emergencial e ambulatorial para pacientes psiquiátricos -hoje existem seis internados e 700 pacientes em acompanhamento-, ainda não definiu como vai tentar diminuir o fumo. Segundo o médico Alexandre Firmo de Souza Cruz, coordenador do Programa de Saúde Mental do município, está em estudo a compra de gomas de mascar e de adesivos.