Publicado em: 29/08/2009
Um cercadinho de pinheiros em cima de blocos de concreto é um dos fumódromos ao ar livre instalados em Tóquio. Fumar nas ruas de alguns bairros mais movimentados da capital japonesa pode ter punição com multa de 20 mil ienes (R$ 410).
Sinais de "é proibido fumar" estão colados pelas calçadas de bairros como Shinjuku e Roppongi e também em pontos de ônibus. Ao lado do fumódromo visitado pela reportagem, um cartaz diz que uma lei municipal estabeleceu "áreas de embelezamento da cidade", onde não se pode fumar na rua.
Jogar bitucas na calçada, contrárias ao embelezamento, também é passível da mesma multa.
O cerco aos fumantes no Japão tem uma relação mais direta com a limpeza e a ordem da cidade, e com a harmonia entre os pedestres, do que com a saúde pública.
O Japão é considerado o paraíso para os fumantes entre os países desenvolvidos. É permitido fumar na maioria dos restaurantes, bares e das discotecas.
Cubos
Mas em lugares públicos a proibição aumenta. Em abril, todas as estações dos trens JR de Tóquio vetaram o fumo em suas dependências. Centenas de cinzeiros foram retiradas.
"Era normal estar fumando e acertar o braço e o rosto de alguém com o cigarro aceso, além das bitucas espalhadas. Acho justo que fiquemos neste canto", diz o técnico em informática Takao Saito, 35, no meio de uma nuvem de fumaça, no cercadinho vizinho à estação de trens de Shinjuku, a maior de Tóquio.
Cerca de 40 pessoas se revezam no espaço de 6 por 4 metros, repleto de bitucas.
Já no bairro boêmio de Roppongi, vizinhos aos sofisticados shoppings Tokyo Midtown e Roppongi Hills, os fumódromos são cubos de vidro com design moderno e cinzeiros estilizados, à altura do mobiliário urbano da região.
Por enquanto, não há grandes políticas antitabagistas no Japão, onde 25 milhões de pessoas, quase um quarto da população, é fumante. Um maço de 20 cigarros custa, em média, 300 ienes (R$ 6,15).
Há 600 mil máquinas de venda de cigarros espalhadas pelo país. A arrecadação de impostos com a venda de cigarros é de US$ 25 bilhões por ano, o equivalente a mais de duas vezes o lucro da Vale em 2008.