Publicado em: 28/09/2009
Quoeficiente de Inteligência apresenta queda de 5.5 pontos com palmadas,
mas estímulo intelectual é mais importante.
da New Scientist
Uma boa surra pode deixar uma
marca na criança que é pior do que o desenho vermelho das mãos. Palmadas e
outras punições corporais atrasam a inteligência infantil, segundo demonstra um
novo estudo.
O Q.I. (quociente de
inteligência) de crianças entre 2 e 4 anos que receberam palmadas regulares de
seus pais caiu mais de cinco pontos no decorrer de quatro anos, comparado com o
de crianças que não levaram palmadas.
SXC
Quoeficiente de Inteligência
apresenta queda de 5.5 pontos com palmadas, mas estímulo intelectual é mais
importante, diz estudo.
"O lado prático disso é
que os pediatras e psicólogos precisam começar a fazer o que nenhum deles faz
agora, e dizer, 'não batam, sob qualquer circunstância'", diz Murray
Straus, sociólogo da Universidade de New Hampshire, em Durham, que capitaneou o
estudo juntamente a Mallie Paschall, do Centro de Pesquisa e Prevenção em
Berkeley, na Califórnia.
Sem desculpas
Essas não são as primeiras
evidências de que bater em crianças traz um custo: muitos estudos prévios já
sugeriam a associação, e um estudo recente a partir de tomografias do cérebro
descobriu que crianças severamente castigadas com surra tiveram baixo
desempenho cerebral na faixa "verde" --que inclui neurônios--
comparadas com outras crianças. Estresse, ansiedade e medo talvez expliquem por
que surras tornam lento o desenvolvimento cognitivo.
No entanto, os novos
pesquisadores fazem uma ligação mais forte no relacionamento de causa e efeito
entre surras e inteligência do que outros estudos, afirma Elizabeth Gershoff,
pesquisadora de desenvolvimento infantil da Universidade do Texas, que não está
envolvida no novo trabalho. Isso porque ele examina crianças no decorrer de
quatro anos, além de calcular muitas variáveis passíveis de confusão, como a
etnia dos pais, educação e se eles faziam leituras para as crianças ou não.
Straus e Paschall analisaram
dados coletados nos anos 1980 como parte de uma pesquisa nacional de saúde
infantil. Em 1986, um estudo anterior mensurou o Q.I. de 1.510 crianças com
idade entre 2 e 9 anos, e também observou a frequência suas mães as submetiam a
punições corporais. Os pesquisadores repetiram os testes quatro anos depois.
Os pesquisadores separaram as
crianças em dois grupos de idade --2 a 4 anos e 5 a 9-- porque alguns
psicólogos infantis afirmam que surras ocasionais são aceitáveis em crianças
mais novas, mas não em crianças mais velhas.
Abaixo às
palmadas
As projeções revelaram que 93%
das mães que bateram em crianças de 2 a 4 anos ao menos uma vez por semana, e
que 58% recorreram à disciplina física com crianças mais velhas. Quase metade
das mães das crianças mais novas bateram em seus filhos três ou mais vezes por
semana, apontaram Straus e Paschall.
Quatro anos depois, as crianças
mais novas que jamais apanharam de suas mães tiveram um ganho de 5.5 pontos de
Q.I., se comparadas com crianças que sofreram punições corporais, enquanto os
mais velhos que não apanharam ganharam 2 pontos de Q.I. em relação aos que
apanharam.
Estes resultados põem em dúvida
a prática de surra apenas nas crianças mais novas, diz Straus. "Uma das
ironias mais cruéis é que as crianças novas são mais propensas a risco porque
seus cérebros têm partes de desenvolvimento ainda em formação".
Apesar da conclusão dos
cientistas, a palmada não é uma garantia de mediocridade intelectual.
Nas crianças mais novas, o
atributo que fez mais diferença para a pontuação do Q.I. era se as mães
estimulavam ou não a capacidade cognitiva. Isto era mais importante do que
qualquer outra coisa, incluindo o castigo corporal.
"Digamos que você tem uma
criança que tem pais educados, que apoiam e dão estimulação cognitiva, mas que
batem: estas crianças vão ficar bem de qualquer modo, talvez não tão bem se não
apanhassem", afirma Strauss.
Entretanto, ele tem pouca
paciência com o argumento de que a surra complementa aquilo que a disciplina
não cobre. "A pesquisa simplesmente não mostra isso", diz ele.
"Bater não funciona melhor com crianças pequenas".
"Eu bati nos meus filhos
quando eles eram pequenos: desejo que não isso não aconteça, agora que sei a
respeito".