Saint-Clair Bahls é doutor em Medicina Interna

Publicado em:  02/10/2009



A ação dos antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina, fluoxetina e sertralina, sobre a função e a autoimunidade tireoidiana. Com este tema, o psiquiatra Saint-Clair Bahls, mestre em Psicologia da Infância e Adolescência, teve sua tese de doutorado aprovada em meados de setembro pela Universidade Federal do Paraná.

O trabalho, orientado pela Professora do Departamento de Medicina Interna da UFPR, Gisah Amaral de Carvalho, teve como objetivo estudar os efeitos do tratamento na função e imunidade tireoidiana em pacientes com depressão maior e hipotireoidismo primário e em pacientes com depressão maior e função tireoidiana normal.

A pesquisa envolveu 67 participantes e as medidas de avaliação incluíram tireotropina, tiroxina, tiroxina livre, triiodotironina, anticorpo antitireoperoxidade e escala de avaliação HAM-D. Até o momento, de acordo com a literatura, este é o primeiro estudo que demonstra segurança na administração de ISRS em pacientes com hipotireoidismo primário.

A tese, apresentada ao programa de pós-graduação em Medicina Interna da UFPR, foi avaliada por banca examinadora composta pelos seguintes doutores:    Prof. Dr. Ibiracy de Barros Camargo (Departamento de Neurociências da USP - Ribeirão Preto),     Prof. Dr. Táki Athanássios Cordás (Departamento de Psiquiatria da USP - São Paulo),     Prof. Dr. Hans Graf (Departamento de Medicina Interna da UFPR) e a Prof.ª Dr.ª Rosana Bento Radominski (Departamento de Medicina Interna da UFPR).

Atualmente, Saint-Clair é professor adjunto da UFPR e da Universidade Positivo e possui inúmeros artigos científicos, capítulos de livro e um livro publicados. Inclusive, após a elaboração da tese, publicou artigo internacional.

RESUMO
Este estudo objetivou estudar os efeitos do tratamento com fluoxetina e com sertralina na função e na imunidade tireoidiana em pacientes com depressão maior e hipotireoidismo primário e em pacientes com depressão maior e função tireoidiana normal. Os estudos anteriores que examinaram os efeitos dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) na função tireoidiana encontraram resultados contraditórios.

Este foi um estudo prospectivo, controlado e exploratório que envolveu 67 participantes: 28 pacientes com depressão maior e hipotireoidismo primário em terapia com levotiroxina randomizados para o tratamento com fluoxetina (n=13) ou sertralina (n=15); 29 pacientes com depressão maior e função tireoidiana normal em tratamento com fluoxetina (n=15) ou com sertralina (n=14) e 10 pacientes do grupo controle com hipotireoidismo em terapia com levotiroxina sem depressão.

As medidas principais de avaliação incluíram: tireotropina, tiroxina, tiroxina livre, triiodotironina, anticorpo antitireoperoxidade e a escala de avaliação HAM-D. Os pacientes com função tireoidiana normal que foram tratados com fluoxetina demonstraram uma redução significativa do T3 após 15 e 30 dias do tratamento (p=0.034 e p=0.011), e uma redução significativa de T4 durante todo o período da intervenção (p=0.044 após 15 dias; p=0.015 após 30 dias; e p=0.029 após 90 dias). Entretanto, todos os parâmetros dos hormônios tireoidianos permaneceram dentro da faixa normal de variação. Nenhuma mudança foi observada entre os pacientes com hipotireoidismo em terapia de reposição com levotiroxina, e que foram tratados com um ou outro ISRS.

O grau de melhoria nos sintomas depressivos (escala de avaliação de HAM-D) após 90 dias do tratamento com ISRS foi correlacionado com a redução dos níveis de T3 entre pacientes com a função tireoidiana normal randomizados para a sertralina e entre pacientes com hipotireoidismo primário corrigido randomizados para fluoxetina.

Os níveis de T3 permaneceram dentro da faixa de normalidade durante o período do estudo. Nenhum dos ISRS pesquisados, fluoxetina e sertralina, foram associados com mudanças significativas na autoimunidade ou na função tireoidiana, em pacientes deprimidos sem e com hipotireoidismo primário corrigido.

Entretanto, os resultados sugerem que os pacientes sem hipotireoidismo que foram tratados com fluoxetina são mais suscetíveis às mudanças menores dentro do sistema serotoninérgico do que pacientes com hipotireoidismo corrigido recebendo os mesmos ISRS.

Até este momento, segundo a literatura, este é o primeiro estudo que demonstra segurança na administração de ISRS em pacientes com hipotireoidismo primário.


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