Publicado em: 16/11/2009
Mãe conta que Alexandre dos Santos, 27, torna-se agressivo às vezes; ele recebeu alta há 10 dias do hospital Santa Tereza. Prefeitura de Monte Alto pretende reavaliar paciente nos próximos dias e quer que o rapaz seja novamente internado em hospital.
DA FOLHA RIBEIRÃO
A dona de casa Aparecida Pires da Silva Santos, 48, moradora em Monte Alto, voltou a viver o drama que a fez conhecida há cerca de quatro anos. Alexandre dos Santos, 27, seu único filho, recebeu alta do Hospital Psiquiátrico Santa Tereza e, há pelo menos 10 dias, fica amarrado pelo braço em uma casinha de madeira e arame, construída para guardar carro.
As cordas de tecido só são tiradas quando para o rapaz tomar banho ou dormir. A prefeitura quer reavaliá-lo para que seja novamente internado.
Santos conta que é o filho que pede para ser amarrado. Com dificuldades de fala, ele confirma à Folha o que diz a mãe. "É assim: ele está bom e, de repente, fica muito agressivo", afirma a dona de casa.
A família vive em uma casa muito pobre feita de madeira, quase sem luz e ventilação, na zona rural. A única renda é a aposentadoria do filho, R$ 465.
Desde que ele voltou para casa pela primeira vez, em janeiro, quando teve alta do Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha, onde ficou por 3,5 anos, a mãe deixou o trabalho na roça para viver 24h em função do filho. Ele leva comida, conversa, dá banho, e tenta contê-lo quando ele fica agressivo.
Rosalvo Rodrigo de Lima, 60, dono da casa onde moram Santos e a mãe, conta que o rapaz coloca sua vida e a dos outros em perigo quando tem surtos de agressividade.
Em dois momentos, Lima já precisou retirá-lo do fundo de um poço que fica coberto com um tampão de madeira e de onde a família tira água. Na semana passada, segundo a dona de casa, Santos atirava garrafas de vidro contra a casa. A caixa de engradados foi esquecida do lado de fora da casa.
"Depois, se acontece alguma coisa com ele, vão falar da gente. Quando ela o amarrou pela primeira vez, quase que ela vai presa", disse Lima.
Depois da alta, Santos foi internado e desinternado do Santa Tereza, duas vezes, a última cerca de 15 dias atrás."Eu achei que ele fosse voltar bom, depois de 3,5 anos internado. Mãe sempre tem esperança. Mas ele não voltou."
Ao receber alta, Santos passou pelo ambulatório de saúde mental de Monte Alto. Segundo o secretário da Saúde, Carlos Alberto de Miranda, a diretora responsável pelo serviço está afastada e a enfermeira que o atendeu não comunicou à pasta sobre a desinternação.
Nem a mãe nem o secretário da Saúde de Monte Alto souberam informar no final de semana qual é a doença de Santos, mas, segundo Miranda, ele deverá passar por nova avaliação médica nos próximos dias.
Segundo o secretário, a pasta vai buscar nova vaga de internação, mas que o caso "é complicado" por causa da "política de desospitalização" de pacientes psiquiátricos. Até dezembro, o município terá um Centro de Atenção Psicossocial, onde pacientes costumam passar o dia em tratamento.