Governo admite deficiências

Publicado em:  02/12/2009


O Ministério da Saúde admite não estar preparado para lidar com problemas gerados pela disseminação do crack no país. Os CAPSad, criados em 2002 para atender dependentes de drogas e álcool, padecem de falhas típicas do Sistema Único de Saúde(SUS), como falta de médicos, estrutura física adequada de emergência, horários irregulares, baixa adesão ao tratamento em alguns locais e lotação em outros. “Temos problemas de recursos humanos e de especialistas, que são os mesmos do SUS de uma forma geral”, explica o coordenador-geral de Saúde Mental do ministério, Pedro Gabriel Delgado.
Em Sobradinho, no dia em que a reportagem visitou uma unidade, o médico — que só aparece uma vez por semana — estava de folga. O número de pacientes era pequeno e, segundo funcionários, o índice de desistência é grande, especialmente por causa das crises de abstinência.
A responsabilidade de manter o paciente, de acordo com o ministério, é da clínica. “O índice de abandono tem que ser inferior a 5% e as equipes precisam ter controle dos dependentes, organizando visitas domiciliares e equipes volantes”, diz o coordenador, que cobra ainda que profissionais da saúde desenvolvam atividades criativas para sustentar a adesão, baixa inclusive nas comunidades terapêuticas.
Complexidade// De acordo com o coordenador, o crack é um problema novo e muito complexo, que nem o poder público nem a rede privada estão preparados para lidar. “O SUS não pode cair na armadilha de querer resolver sozinho”, diz, defendendo ações coordenadas de outros ministérios.
Entre as medidas estão investimentos em segurança pública, educação, ampliação da rede de leitos — apesar de a internação não ser vista como prioritária —, inovações tecnológicas e aumento da rede de casas de passagem e de consultórios médicos. A erradicação de Cracolândias e internações involuntárias, segundo Pedro, não podem ser a única alternativa. Estima-se que, no Brasil, 380 mil pessoas sejam usuárias de crack. O número é de 2005 e, para atualizar esses dados, o Ministério da Saúde encomendou a duas universidades federais estudo que traça o perfil dos dependentes.


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