Publicado em: 06/12/2009
Narcóticos
A ingestão de cápsulas de cocaína é um ritual comandado por traficantes que dura de seis a oito horas. O agente da Polícia Federal (PF) de Foz do Iguaçu, Nasser Sati, responsável pelo setor de comunicação, diz que geralmente a droga, em forma de pó, é colocada dentro de bexigas e coberta por papel filme, usado para embalar alimentos.
Após muita conversa, que faz parte de um jogo de sedução feito pelos traficantes, as mulas do tráfico são levadas a hotéis ou residências para engolir as cápsulas. Para facilitar a ingestão, é oferecido chá usado para anestesiar a garganta, doce de leite, marmelo ou uvas.
A quantidade ingerida depende de cada pessoa, mas fica na média de 60 a 80 cápsulas. No entanto, em Foz do Iguaçu, a PF já prendeu um homem com 100 cápsulas no abdome, o equivalente a 1,5 quilo de cocaína.
Os presos são imediatamente encaminhados ao Hospital Municipal para fazer exame de raio X. Assim que o crime é comprovado, a pessoa é submetida a tratamento com laxantes para expelir as cápsulas. Alguns chegam a permanecer durante uma semana no hospital até a droga ser completamente eliminada.
Habituado a atender casos em Foz do Iguaçu, o clínico-geral do Hospital Municipal Alessandro Machado considera a prática de alto risco porque as cápsulas podem se romper durante viagens ou mesmo durante a eliminação. Mesmo quando o recipiente não estoura, a pessoa pode adquirir doenças, alerta o médico, porque fica sem se alimentar e ao mesmo tempo está usando um laxante para expelir a droga. "As bactérias que vivem normalmente no intestino podem migrar para outros órgãos e causar infecções. A mais comum é a infecção pulmonar", explica.
Quando a cápsula abre no intestino, o portador sofre uma overdose – uma intoxicação aguda – que pode trazer inúmeras consequências, incluindo a arritmia cardíaca que leva à morte.