Publicado em: 08/12/2009
Tema foi abordado pelo vice-presidente da ABP, Prof. Dr. Luiz Alberto Hetem. Palestra marcou fim das atividades científicas da SPP em 2009.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Prof. Dr. Luiz Alberto Hetem, foi o convidado da Sociedade Paranaense de Psiquiatria para ministrar palestra sobre "Raciocínio clínico e encaminhamento terapêutico em Psiquiatria". A atividade ocorreu no último sábado, 5 de dezembro, na sede do Conselho de Medicina, e marcou o encerramento da programação científica da entidade em 2009.
De acordo com Hetem, são quatro os elementos que contribuem para a construção do raciocínio clínico: a teoria, a experiência, a entrevista psiquiátrica e a relação médico-paciente. Além de estar atualizado com leituras específicas da área, o professor do Departamento de Neurociências do Comportamento, Divisão de Psiquiatria - FMRP-USP e pós-doutorado no serviço de psiquiatria do Hospital Civil de Estrasburgo (França) recomenda que os profissionais leiam autores como Machado de Assis, Drauzio Varela e Shakespeare. "Com os avanços tecnológicos as pessoas se tornam cada vez mais tecnicistas. O médico precisa ampliar sua cultura humanística, aquela que vai se moldando ao longo da vida", afirma, lembrando que o profissional também deve auxiliar os residentes, dando suporte para a compreensão de publicações da especialidade que exigem alto nível de conhecimento.
A entrevista psiquiátrica é considerada uma fonte bastante eficiente de informação e deve ser aproveitada pelo psiquiatra. Conforme Hetem, é nos primeiros minutos de conversa com o paciente que muitas informações para o diagnóstico são fornecidas. A construção do diagnóstico exige tempo, reconhecimento de pistas e tranquilidade. É preciso se perguntar o que aconteceu, porque e o que pode ser feito. "Tenha em mente que hipótese diagnóstica é um primeiro passo. É como um quebra-cabeça e esse processo pode ser aprendido e aprimorado", diz. Para o palestrante, na formulação do diagnóstico o psiquiatra não deve se prender a detalhes para não perder o todo. "O todo é o diagnóstico que leva em conta o contexto familiar e social do paciente", explica.
A relação de confiança e compreensão entre médico e paciente, e vice-versa, é outro aspecto que influencia na construção do diagnóstico. O vice-presidente da ABP lembra que informar o paciente, de maneira clara e concisa, sobre a patologia, as modalidades do tratamento e como tomar a medicação faz parte das atribuições do médico. "Dados mostram que até 1/3 dos pacientes não segue a risca a prescrição médica. Por isso, é preciso, ainda, estar alerta para uma recomendação terapêutica adequada, com redução de efeitos colaterais". O paciente também deve estar avisado da participação que tem em relação ao sucesso do tratamento, bem como de seus familiares. "Muitas vezes o próprio paciente considera que já está melhor e interrompe o tratamento com os medicamentos. O momento deve ser aproveitado para explicar os efeitos colaterais e perigos dessa atitude", explica.
Participantes
Cerca de 30 pessoas, entre médicos, acadêmicos e interessados pelo assunto estiveram presentes no auditório do Conselho de Medicina, em Curitiba. A atividade foi prestigiada pela diretoria da SPP, os psiquiatras Sivan Mauer, André Rotta Burkiewicz, Roberto Ratzke e pelo presidente da entidade Marco Antonio Bessa, que mediou os debates ao final da explanação do Prof. Dr. Luiz Alberto Hetem. O ex-presidente da SSP e secretário Regional Sul da ABP, Osmar Ratzke, fez questão de assistir a apresentação e participar do debate sobre o tema. Ao final da atividade científica, os sócios da SPP se reuniram para um almoço de confraternização.
Visita nova sede
O vice-presidente da ABP aproveitou a ocasião para conhecer a nova sede da SPP. Com 53 m², o espaço passou por uma série de reformas e foi inaugurado em setembro deste ano. Contém infra-estrutura apropriada para atender a demanda da SPP e garantir atendimento confortável e de qualidade aos sócios. A sede está localizada no Edifício Argentina, na Av. República Argentina, 369, entre as avenidas Iguaçu e Getúlio Vargas.
Associação Paranaense de Psiquiatria
