Publicado em: 10/12/2009
Estudo do Incor em 710 bares, boates e restaurantes mostra que, após 3
meses de restrição, índice passou de 5 para 1. Pesquisa com 400 garçons -metade
deles fumante-constatou redução de 35% no nível médio de monóxido de carbono no
ar expelido
Passados exatos quatro meses da
vigência da lei antifumo de São Paulo, um estudo do Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas, inédito no Brasil, segundo a Secretaria da Saúde, revela
que a proibição reduziu em 80% a concentração de monóxido de carbono nos
ambientes fechados.
O índice do poluente em 710
bares, boates e restaurantes da capital pesquisados, medido antes da vigência
da lei e três meses após a restrição, caiu de 5 partes por milhão para apenas 1
parte por milhão.
"Isso significa sair de um
período de horas parado em um túnel congestionado de carros e ir diretamente
para um parque arborizado. Nem nós, que somos pesquisadores, esperávamos
resultados tão bons", disse Jaqueline Scholz Issa, cardiologista do Incor
e coordenadora da pesquisa.
O levantamento avaliou também 400
garçons que trabalhavam diretamente expostos à fumaça, 200 deles fumantes e a
outra metade não fumante.
O ar expelido por eles antes da
proibição ao fumo, medido por um aparelho de sopro, apresentou nível médio de
monóxido de carbono de 14 partes por milhão. Doze semanas depois, a medição foi
repetida nos mesmos garçons voluntários e a concentração caiu para 9 partes por
milhão, redução de 35%.
Os resultados da pesquisa do
Incor, levantada em campo pelos fiscais da Vigilância Sanitária, revelam que as
boates, onde há maior resistência para cumprimento da lei antifumo e que
acumulam mais multas, são os lugares de maior concentrações de monóxido de carbono.
"Muitas casas noturnas
tinham exaustores e deram níveis elevados do poluente, o que mostra que esse
mecanismo não é eficiente", diz Maria Cristina Megid, chefe da
fiscalização da vigilância.
Segundo o Incor, essa pesquisa é
a primeira no mundo a utilizar a variável biológica, o monóxido de carbono,
como indicador de redução de risco de exposição ambiental à fumaça do cigarro.
"O risco de um fumante
passivo é duas vezes maior do que o de uma pessoa não exposta ao cigarro, e o
de um fumante é três vezes maior, então o risco é muito próximo", disse
Issa.