Publicado em: 10/12/2009
Para Padre Marcelo, problema "está nos destilados"
O G4, grupo dos quatro grandes
clubes paulistas -Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo-, defendeu ontem (9) a
liberação do consumo de bebidas alcoolicas em estádios.
Durante evento em que o G4
formalizou parceria com o Grupo Femsa, braço da Coca-Cola e da cerveja Kaiser
no Brasil, o presidente do Corinthians, Andres Sanchez, declarou que
"bebidas leves" deveriam ser vendidas durante as partidas.
"Acho um absurdo o cara
ficar do lado de fora do estádio bebendo em uma barraquinha. Ele só faz isso
porque sabe que vai ficar duas horas sem beber no estádio", disse o
cartola.
"Cerveja e champanhe, que
são bebidas leves, deveriam ser liberadas nos jogos. As autoridades têm de
pensar que, na nossa casa, quem manda somos nós", emendou. E foi apoiado
por executivos da Femsa.
Espécie de
"garoto-propaganda" do G4, o padre Marcelo Rossi também defendeu a
volta da cerveja aos estádios.
"As bebidas fermentadas são
toleradas pela igreja. O problema está nos destilados", declarou Rossi,
que pediu a ajuda da imprensa para "promover a volta das famílias ao
futebol".
Em São Paulo, uma lei estadual de
1996 impede a venda de bebidas nos estádios do Estado. Em abril do ano passado,
o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinou um documento proibindo bebidas
alcoólicas nas arenas de todo o país.
A Polícia Militar de São Paulo se
mostrou contrária à posição do G4. O tenente-coronel Almir Ribeiro, responsável
pela segurança nos estádios paulistas, disse que a proibição da venda de
bebidas em estádios reduziu os casos de violência.
Paulo Castilho, promotor do
Ministério Público de São Paulo que atua no combate à violência entre torcidas,
mostrou-se extremamente irritado com a posição dos clubes e com o apoio do
padre Marcelo Rossi.
"Desde quando um padre agora
entende de violência em estádio?", criticou Castilho. "Ele não sabe
que o cara bebe cerveja no estádio e depois briga, volta dirigindo alcoolizado
para casa e bate na mulher, nos filhos? Ele não sabe?"
Castilho também sustenta que os índices de violência caíram depois da proibição.