Brasil e China assinam acordo tecnológico para remédios

Publicado em:  09/12/2009

A maior indústria farmacêutica brasileira, a EMS, assinou nesta quarta-feira (9), em Pequim, acordo de transferência de tecnologia com um laboratório chinês que permitirá a produção no Brasil de remédios para o tratamento de artrite reumatoide, que hoje custam ao Ministério da Saúde R$ 80 milhões por ano. A expectativa do governo é que a entrada de um produtor nacional nas licitações para compra do medicamento reduza seu preço de maneira significativa. Atualmente, o produto é comprado de uma única empresa multinacional.

A assinatura do convênio ocorreu durante visita à China do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que teve o objetivo de aumentar a cooperação entre os dois países e atrair investimentos chineses para o setor farmacêutico no Brasil.

O ministro viajou acompanhado de um grupo de empresários, de dirigentes dos laboratórios públicos e de representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "A estratégia do ministério é reduzir a dependência do Brasil de tecnologias produzidas no exterior", afirmou Temporão em entrevista coletiva.

O contrato da EMS foi assinado com a Shanghai Biomabs e prevê a transferência de tecnologia de medicamentos chamados de "anticorpos monoclonais", que são utilizados no tratamento de doenças graves e de alto custo, como câncer, osteoporose e artrite reumatoide.

No total, o acordo prevê a transferência de tecnologia de seis "anticorpos monoclonais", cinco dos quais serão desenvolvidos no período de 2011 a 2018. O que é destinado ao tratamento de artrite reumatoide está em uma fase mais avançada e terá sua tecnologia transferida em etapas, durante cinco anos.

No primeiro momento, a empresa chinesa vai exportar o produto acabado para o Brasil. Depois, será feita a formulação da matéria-prima no País e, por fim, a fabricação integral.

A EMS estima que o mercado desses seis medicamentos no Brasil gira em torno de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões por ano, o que torna o setor atrativo para investidores.

A empresa não revelou os termos do acordo com o laboratório chinês, mas ressaltou que ele é vantajoso para ambos os lados. Normalmente, contratos de transferência de tecnologia preveem o pagamento de royalties pela utilização da patente por um período determinado.

Temporão se reuniu ontem (08) com o ministro da Saúde da China, Chen Zhu, com quem discutiu a possibilidade de criação de um instituto de pesquisa conjunto entre os dois países e a cooperação na área de princípios ativos encontrados em plantas.

A China está em um processo de reforma de seu sistema de saúde, para ampliar sua cobertura, e o brasileiro apresentou o modelo do SUS (Sistema Único de Saúde) a seu colega. Temporão convidou Chen a visitar o Brasil, o que deverá ocorrer em março do próximo ano.

Esta é a terceira viagem que o ministro realiza com o objetivo de atrair investimentos para o setor farmacêutico no Brasil. Em julho de 2008 ele esteve na Índia e, em setembro de 2009, na Inglaterra.

"O complexo industrial da saúde representa 8% do PIB brasileiro e é responsável por 9 milhões de empregos diretos e indiretos", ressaltou Temporão. O setor é muito dependente do exterior e tem um déficit de US$ 8 bilhões em sua balança comercial.

Segundo o ministro, 80% das matérias-primas utilizadas pela indústria farmacêutica são importadas, assim como a maior parte dos equipamentos.  


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