Paraná ficou mais violento em 2009

Publicado em:  22/04/2010

Violência

 

Homicídios subiram 20,3% em Curitiba e região metropolitana. Dados foram divulgados pelo novo secretário de Segurança Pública

 

Curitiba e região metropolitana registraram aumento de 20,3% no número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) de 2008 para 2009. Dados divulgados ontem pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam que, no ano passado, a região de Curitiba teve 1.523 mortes violentas, contra 1.265 registradas no ano anterior. Em todo o estado, o aumento foi de 10,1%, indo de 2.831 para 3.119 assassinatos.

A região metropolitana de Curitiba lidera a ascensão de assassinatos no estado. Estatística da 2.ª Subdivisão da Polícia Civil, com sede em São José dos Pinhais, aponta que as mortes violentas nos municípios vizinhos à capital aumentaram 33,5%. De 667 homicídios em 2008, o número subiu para 891 no ano passado.

A apresentação dos números foi a primeira ação efetiva do novo secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Aramis Linhares Serpa. Na contramão da gestão anterior, Serpa prometeu divulgar as estatísticas a cada três meses – o que não vinha sendo cumprido pelo ex-titular da pasta, Luiz Fernando Delazari.

Desde junho, a Sesp não revelava índices de criminalidade no estado. E os dados referentes aos dois primeiros semestres de 2009 foram disponibilizados com três meses de atraso, em setembro. "Vamos cumprir o prazo de divulgar informações trimestralmente. Assim, ainda hoje (ontem), ficaremos em dia (com a divulgação)", prometeu o coronel Serpa, antes da divulgação dos números no fim da tarde de ontem.

A substituição de Delazari por Serpa, na semana passada, chegou a causar mal-estar entre o governador Orlando Pessuti e o ex-governador Roberto Requião. A saída de um dos nomes mais fortes do governo anterior chegou a ameaçar o apoio de Requião à candidatura de Pessuti ao governo do estado. "Quer conhecer o vilão, dê (a ele) o bastão", declarou Requião no Twitter. O ex-governador ainda exigiu que Pessuti viabilize sua pré-candidatura até 30 de abril. Do contrário, ameaçou Requião, o PMDB deve buscar alianças com outros partidos para a sucessão do governo estadual.

Remanejamento

Em entrevista coletiva no começo da tarde de ontem, Serpa afirmou que nos próximos dias haverá remanejamento do efetivo policial para as regiões mais violentas do estado. O deslocamento, explica o secretário, será feito conforme os índices de violência registrados pelo sistema de geoprocessamento.

Sem revelar detalhes da operação, Serpa adiantou apenas que duas regiões ganharão reforço no policiamento: os municípios da região metropolitana de Curitiba e o município de Londrina, que nos últimos dias teve uma onda de crimes. No prazo de uma semana, de 6 a 13 de abril, a cidade no Norte do estado teve sete homicídios, três latrocínios, três ônibus do transporte coletivo incendiados e uma tentativa de assalto a banco.

Além do remanejamento, o secretário também diz ter solicitado ao governador Pessuti a contratação de 500 policiais militares a partir do último concurso realizado. Ainda de acordo com o coronel, boa parte deste novo efetivo deve ser lotada justamente na região metropolitana de Curitiba e em Londrina.

Patrimônio

O número de crimes contra o patrimônio manteve-se praticamente estável no estado, com redução de 2,7%, indo de 165.879 em 2008 para 161.286 no ano passado. Em Curitiba e região metropolitana o índice também ficou praticamente o mesmo, indo de 85.966 para 85.171.

Para o delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), Luiz Carlos de Oliveira, os índices em Curitiba poderiam ser ainda menores. Segundo o delegado, as fugas constantes de presos da Colônia Penal Agrícola – que na grande maioria respondem a crimes por furto, roubo e extorsão – são responsáveis por cerca de 60% desses crimes cometidos na capital. "Quando você deixa a porta da frente e a de trás abertas, a probabilidade de ser roubado é de 95%", diz.


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