Pesquisa aponta alto índice de suicídios em Cancún

Publicado em:  30/04/2010

Uma das facetas mais negras do turismo em Cancún tem sido o suicídio de trabalhadores.

O assunto é objeto de estudo da professora Celina Izquierdo, do Observatorio de Violência e Gênero da Universidade de Cancún, há alguns anos. De acordo com ela, o estado de Quintana Roo, onde fica o balneário, é o segundo no México com maior taxa de suicídios. Em 2009, foram 126 casos, sendo 77 deles em Cancún. De 2000 a 2006, o crescimento anual da taxa de suicídios foi de 13,2%. Mas, de acordo com a professora, para cada morte há pelo menos 17 tentativas.

“A maioria dos casos que estudamos é de pessoas que tinham empregos, mas precários, sem estabilidade, com alta mobilidade, salários muito baixos. Isso, em geral, forma um caldo de desesperança”, diz a pesquisadora. O estudo mostra que 80% dos suicidas estavam subempregados, e 25% deles eram pedreiros.

Há três anos, o município de Cancún criou um Conselho Municipal de Prevenção ao Suicídio para tratar do problema, mas, segundo Celina, pouco se avançou. “Uma iniciativa importante foi o serviço gratuito de ajuda psicológica pelo telefone. Há uma ligação direta com psicólogos, igreja e apoios de emergência. Mas tudo funciona no nível da boa vontade. Não há uma política pública consistente”.

O estudo revelou ainda que, por conta da cultura de imigração, os habitantes de Cancún são mais sozinhos. “Estudamos o círculo social das pessoas. Em outros estados, a rede social das pessoas costuma ser de 15 membros. Aqui em Cancún é de três, o que quer dizer que as pessoas têm muitos poucos amigos e familiares a quem recorrer, diz ela. “A frustração é tão grande que as pessoas não veem outra saída além de se matar”.

 


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