Tratamento é eficaz em doente mental

Publicado em:  23/05/2010

  

TABAGISMO

Estudo publicado na revista "Addiction" aponta que os tratamentos para dependência do tabaco são eficazes em pessoas com doenças mentais graves, como esquizofrenia.

A boa notícia é a seguinte: esses pacientes têm três vezes mais riscos de fumar do que a população - o tratamento não era indicado por medo de que ele agravasse os sintomas.

 

Para sociólogo, Brasil ainda vive um abismo social

Jessé Souza afirma que Bolsa Família não consegue incluir mais pobres e resolver questão da desigualdade

 

Especialista é autor de "A Ralé Brasileira", em que estuda parcela da população que vive como "subgente"

 

Na contramão dos estudos que apontam melhora da distribuição de renda no Brasil, o sociólogo Jessé Souza afirma que o país ainda vive uma "desigualdade abissal" em sua sociedade.

Coordenador do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, Souza lançou recentemente o livro "A Ralé Brasileira", em que estuda as características dessa "parcela da população que vive como subgente".

A seguir, trechos da entrevista concedida por Souza.

 

Folha - A proporção de brasileiros vivendo abaixo da linha da miséria caiu nos últimos anos. Em seu último livro, o sr. diz ser falsa a tese de que a desigualdade brasileira está desaparecendo. Por quê?

Jessé Souza - Esses índices mostram apenas que a pobreza absoluta diminuiu. Mas a desigualdade é um conceito relacional.

O Brasil é uma das sociedades complexas mais desiguais do planeta. Entre 30% e 40% de sua população tem inserção precária no mercado e na esfera pública.

Somos uma sociedade altamente conservadora, que aceita conviver com parcela significativa da população vivendo como "subgente".

Essa classe social, que chamamos provocativamente de "ralé", é a mão de obra barata para as classes média e alta que podem -contando com o exército de empregadas, motoboys, porteiros, carregadores, babás e prostitutas- se dedicar às ocupações rentáveis e com alto retorno em prestígio.

É isso que chamo de "desigualdade abissal" como nosso problema central.

 

Qual sua avaliação sobre o Bolsa Família?

O programa Bolsa Família tem extraordinário impacto social, econômico e político, com investimento público relativamente muito baixo. É incrível que não se tenha pensado nisso antes. Mais incrível ainda que exista gente contra.

Por outro lado, o Bolsa Família não tem condições, sozinho, de reverter o quadro de desigualdade e "incluir" e "redimir" a "ralé".

Esse é um desafio de toda a sociedade, e não apenas do Estado. É claro que houve avanços nas duas últimas décadas, mas mudança social é muito mais do que condições econômicas favoráveis.

 

O senhor tem argumentado que não é possível limitar a discussão de classe à questão da renda e que é necessária uma nova compreensão das classes sociais.

A reduç As virtudes do espírito recebem bons salários, prestígio e reconhecimento social. As classes do "corpo" tendem a ser animalizadas, podendo ser usadas e até mortas por policiais sem que ninguém se comova com isso.

 

E o senhor afirma que mesmo a educação é insuficiente?

É claro que a educação é um fator fundamental. O problema é que a competição social n ão começa na escola.

Sem considerar que crianças de classes diversas já chegam à escola como vencedoras ou perdedoras, o que teremos é uma escola que só vai oficializar o engodo do mérito caído do céu de uns e legitimar, com a autoridade do Estado e a anuência da sociedade, o estigma de outros.


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