Mortes no trânsito caem 6% em um ano de lei seca, diz governo

Publicado em:  19/06/2010

Levantamento leva em conta só 12 meses seguintes à implementação da legislação, em 2008 Regras para motorista embriagado completa dois anos neste fim de semana; dados de 2010 não estão disponíveis

 

O total de mortes no trânsito caiu 6,2% nos 12 meses seguintes à implementação da lei seca, que aumentou a restrição ao consumo de álcool para motoristas, segundo balanço divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.

A lei completa dois anos neste fim de semana, mas os dados sobre o segundo ano ainda não estão disponíveis -o ministério utiliza como base atestados de óbitos remetidos pelos Estados.

Nos 12 meses anteriores à lei, de julho de 2007 a junho de 2008, o número de mortes no país chegou a 37.161.

Já nos 12 meses seguintes, o total foi de 34.859 -ou 2.302 mortes a menos.

Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), a frota de veículos foi de 49,2 milhões em 2007 para 59,3 milhões em 2009.

Regionalmente, porém, os resultados foram diversos. O Sudeste, com melhor desempenho, teve queda de 10,6% no número de vítimas, seguido por Sul (-7,5%), Nordeste (-2,8%) e Centro-Oeste (-0,3%). Já o Norte registrou aumento de 2,6%.

O ministro José Gomes Temporão ressaltou que as diferenças evidenciam a necessidade de se implementar, em todos os Estados, a fiscalização permanente da lei. "O recado para os Estados é: olhem para o Rio, façam como o Rio", disse.

 

RIO

O Rio encabeça a lista dos que mais reduziram as mortes -formada ainda por outros 15 Estados e o DF. A queda de 32% é atribuída à Operação Lei Seca, instituída pelo Estado em março de 2009, que combina blitze com ações de conscientização.

"Quando a lei foi criada, houve redução significativa nos primeiros quatros meses. Depois, notou-se certo relaxamento. Por isso o Rio adotou ações todos os dias da semana", diz Carlos Alberto Lopes, porta-voz da operação.

Em São Paulo, que apresentou queda de 6,5%, o número de mortos nas rodovias estaduais saltou 20% de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, como mostrou a Folha na semana passada.

Temporão também destacou que uma pesquisa telefônica feita pelo ministério com 54 mil pessoas mostrou que, com a implementação da lei seca, diminuiu o número daqueles que dirigem após consumo abusivo de álcool.

O ministro ressaltou que, entre os homens, essa prática é muito maior do que entre as mulheres. "A mulher tem o papel importante de cobrar do marido, do filho, do namorado, que eles não bebam e, se beberem, não dirijam."

 

Blitz antidrogas revista e detém jovens ao redor de universidades

Cinco são presos em operação perto do Mackenzie e da Santa Casa; um é aluno de engenharia

No total, 70 pessoas foram revistadas na rua; por 40 dias, polícia se infiltrou entre os frequentadores de bares

 

A Polícia Civil mobilizou na tarde de ontem 30 agentes num cerco a bares vizinhos de duas universidades de Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo.

Revistou 70 pessoas e deteve 20. Boa parte dos jovens foi colocada sentada na calçada, com as mãos para trás.

No início da noite, divulgou a prisão de cinco suspeitos por tráfico de drogas -entre eles um estudante de engenharia da Faculdade Mackenzie e um adolescente, aluno do Colégio Mackenzie.

Outras seis pessoas foram detidas por porte de droga. Depois de prestarem depoimentos, acabaram liberadas.

A blitz antidroga aconteceu por volta das 15h. Tinha como alvo dois bares na esquina das ruas Maria Borba e Doutor Cesário Mota Júnior.

O cruzamento fica próximo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Durante 40 dias, policiais civis disfarçados de usuários de drogas se infiltraram entre os estudantes d as duas universidades a fim de gravar imagens do tráfico na região.

A policia cercou o cruzamento e deteve os 70 jovens que estavam perto dos bares.

"Estava tomando uma cerveja no bar com os amigos. No começo pensei que era um assalto. Os policiais chegaram com roupas comuns, armados. Eu morri de medo, uma garota até desmaiou", afirma Isabela Garbeloto, 20.

Estudante de farmácia da Santa Casa, ela chegou a ser revistada. Logo foi liberada.

Adolescentes

Após a revista, 50 pessoas foram liberadas e 20 acabaram na sede do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado).

Dos cinco presos em flagrante por tráfico, dois eram adolescentes - um deles, o aluno do Colégio Mackenzie, de acordo com a polícia civil.

Os jovens foram detidos por "ato infracional", conforme prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Ainda segundo a polícia, entre os três rapazes com mais de 18 anos suspeitos de tráfico está o universitário Rene Martine Pacheco, 21, estudante do segundo ano de Engenharia do Mackenzie.

A reportagem não localizou o advogado de Pacheco.

Os nomes dos outros presos não foram divulgados. Um deles é um ex-aluno do Mackenzie. Outros nove jovens ainda são investigados.

As porções de cocaína, maconha e os frascos de lança-perfume achados com os suspeitos foram encaminhadas para perícia. Os policiais não informaram a quantidade da droga apreendida.

Prisões surpreendem alunos do Mackenzie

"Nunca vi drogas aqui", afirma estudante

Na porta, no pátio, nos corredores e na lanchonete da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o clima depois da prisão de um aluno do curso de engenharia por tráfico de drogas era de surpresa.

Na troca dos turnos da tarde e da noite, ninguém sabia, ninguém viu a operação policial que resultou na detenção de 20 jovens de classe média.

Os bares em torno da universidade, na rua Maria Antônia, estavam repletos de estudantes, como de costume, e também por lá nenhum dizia saber das prisões.

"Que horror. Foram presos aqui dentro do Mackenzie?", pergunta a aluna de arquitetura Maria Eduarda Aguiar. Não, a blitz foi do lado de fora. E a direção diz não ter "ingerência em ações ocorridas em espaço público".

"Sabia que tem alunos que usam drogas, mas dentro da faculdade nunca ouvi falar. Nunca me ofereceram nem vi ninguém usar ou comprar drogas aqui dentro", diz Soraya Soares, aluna do terceiro ano de publicidade.

CAMPANHA

"Estou totalmente por fora. Nunca soube de nada em relação a tráfico de drogas dentro da faculdade. Nem maconha o pessoal fuma por aqui. Todo semestre há campanhas contra drogas com os calouros", afirma Murilo Franco, aluno do segundo ano de publicidade.

Segundo ambulantes do entorno do Mackenzie, carros de polícia passaram pela rua Itambé, onde fica a entrada principal da universidade à tarde, mas ninguém desconfiou que a ação buscava alunos suspeitos de tráfico.

"As viaturas pararam bem atrás de mim. Tomei um susto, pensei que fosse o rapa, que seria alguma coisa comigo, mas quando o sinal abriu os policiais foram embora", afirma o camelô Antônio Nascimento da Silva.

"Não é nenhuma surpresa que estudantes universitários usam droga. Em qualquer campus há "dealers" [traficantes], todo mundo sabe disso", diz Maurício, aluno de engenharia que se identificou só pelo prenome.

No início da noite, carros da Polícia Militar ai nda rondavam as imediações do Mackenzie e pareciam não intimidar os alunos que não sabiam de nada da operação de pouco antes, mas já ouviram falar do velho esquema de drogas nas faculdades.

 

 


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