Publicado em: 01/08/2010
A fobia social é uma das doenças psíquicas mais frequentes nos consultórios de médicos e psicólogos.
Esse problema merece destaque, pois, além de ser muito incapacitante para a pessoa que sofre com ele, muitas vezes não é claramente percebido. Uma das suas principais características consiste em uma sensação interna de inadequação do indivíduo ao enfrentar ambientes sociais, em especial com estranhos e pessoas que representam autoridade. Em geral, o paciente procura evitar situações desse tipo, mesmo sem se dar conta. Outra estratégia que o fóbico pode utilizar é manter-se acompanhado de uma pessoa próxima quando teme ter de vir a passar por momentos de exposição, nos quais presume que os sintomas possam ser desencadeados. Alguns casos podem sujeitar o indivíduo a manter uma relação de conveniência, até mesmo um namoro, onde busca uma companhia com função evitativa para crises fóbicas.
O suor, em especial nas mãos, tremores, sensação de sufocamento, problemas intestinais, gagueira, tonturas, e necessidade de sair do local imediatamente, são outros sinais que fazem parte do quadro clínico. As pessoas que sofrem do transtorno ficam preocupadas com a avaliação negativa de outras pessoas que frequentam o ambiente temido, e muitas vezes, dias ou horas antes da exposição, podem se sentir angustiadas. Usualmente as situações mais temidas são escrever, falar, ou alimentar-se em público, estacionar ou dirigir sendo observado, executar atividades artísticas, como tocar um instrumento musical, aparecer em filmagens ou fotografias etc.
Essa postura de esquiva pode levar o paciente a tomar decisões rápidas em suas vidas, como fazer uma compra inadequada, com o objetivo de sair rapidamente de uma loja. Há uma li- gação muito forte entre rebaixamento de autoestima com a doença. Mulheres e homens são acometidos em número semelhante por ela. O consumo de bebidas alcoólicas também pode, num primeiro momento, minimizar o sofrimento do paciente. Muitos se tornam dependentes de álcool por conta da fobia social, sem perceber. O problema em geral fica mais claro durante a adolescência, quando pessoas ditas "tímidas" podem ter dificuldades para manter relacionamentos interpessoais, utilizando meios alternativos para manter contatos sociais, como, por exem- plo, a internet. Em casa, atrás da tela do computador, o doente se sente menos exposto e avaliado e tem a sensação de proteção.
O tratamento mais indicado, como na grande maioria das patologias mentais, se dá através da combinação de medicamentos e psicoterapia, com resultados muito satisfatórios. Os remédios mais estudados no transtorno da ansiedade social são antidepressivos da classe dos inibidores da recaptação da serotonina e os tranquilizantes chamados benzodiazepínicos, que exigem supervisão médica para o manejo do uso. Até mesmo casos leves de fobia social se beneficiam de tratamento, pois o comportamento de uma pessoa com esse transtorno e as decisões tomadas por ela modificam sensivelmente os ca- minhos seguidos ao longo da vida. A fobia social e a personalidade do tipo fóbico e ansioso, adequadamente tratadas, muitas vezes, permitem que a pessoa alcance metas mais ambiciosas e que levam a maior realização pessoal.
| Dr Marcos Paulo Nacif | Médico Psiquiatra - CRM/SC 9283 - Membro Voluntário da Ceres - Associação Criciumense de Apoio à Saúde Mental