Publicado em: 28/08/2010
Curitiba está em 7.º lugar entre as capitais em quantidade de adolescentes obesos. 7,3% do total de estudantes na faixa etária dos 13 aos 15 anos ouvidos na pesquisa em Curitiba estão nessas condições.
Este é apenas um dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009 (PeNSE), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O problema do sobrepeso também foi verificado, e neste quesito Curitiba ficou em 3.º lugar em relação ao sobrepeso nos frequentadores de escolas particulares. O IBGE constatou que 23% dos estudantes brasileiros na faixa etária pesquisada estão acima do peso.
Os pesquisadores do PeNSE 2009 visitaram 1.453 escolas brasileiras e registraram peso e altura de 58.971 estudantes. As cidades com o maior número de adolescentes obesos são Porto Alegre (10,5%) e Rio de Janeiro (8,9%). As cidades com menos jovens obesos são Palmas (4,0%) e São Luís (4,3%).
O IBGE também divulgou ontem a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que traz informações sobre antropometria e estado nutricional. Um dos dados que mais chama a atenção é que 49% da população com mais de 20 anos de idade está acima do peso.
De acordo com a pesquisa, o excesso de peso em homens subiu de 18,5% para 50,1%, em 2008-2009, e o das mulheres que era de 28,7%, foi para 48%. Neste cenário, a região Sul do Brasil teve destaque, apresentando os maiores percentuais de obesidade no ranking: a evolução do excesso de peso no Sul passou de 4,7% para 27,2% para os adolescentes do sexo masculino, e de 9,7% para 22,0% para as meninas.
A endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Rosana Radominski, avalia que o estilo de vida (alimentação errada e sedentarismo) é o principal fator que leva ao problema.
“A ingestão de gorduras e de alimentos refinados é cada vez mais crescente. O tempo na frente da TV ou do computador aumentou e, consequentemente, o tempo livre para atividades físicas diminuiu”, afirmou.
O nutricionista Especialista em Fisiologia, Ney Felipe Fernandes, tem a mesma opinião. “Os pais devem orientar os filhos a fazerem exercícios pelo menos uma hora por dia”, comenta. Segundo ele, as meninas na faixa etária dos 15 aos 18 anos que são atendidas em seu consultório são as que mais acabam desistindo das dietas.
Percepção sobre o corpo
Outro dado que chamou a atenção na PeNSE foi em relação à percepção errônea que o adolescente tem do seu próprio peso ou estrutura corporal. Em todo o País, 35,8% das meninas com peso normal se consideram gordas. Apenas 21,5% dos meninos pensam dessa mesma forma.
Na avaliação do psiquiatra especialista em transtornos alimentares e que atua no Ambulatório de Transtornos Alimentares da Universidade Federal de São Paulo e no Hospital de Clínicas de Curitiba (HC), Glauber Higa Kaio, essa percepção do jovem é preocupante.
“Serve como alerta para os pais para que prestem mais atenção se os filhos não estão tendendo a ter transtornos alimentares”, alerta. Entre os transtornos estão a anorexia e bulimia nervosas, além do transtorno da compulsão alimentar periódica.
36% das jovens com peso certo se acham gordas
Mais de um terço das adolescentes brasileiras se autodenominavam como "muito gordas" mesmo com estado nutricional adequado, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo foi feito com base em entrevistas realizadas em 2009 com 60.973 estudantes adolescentes do 9º ano do Ensino Fundamental nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. De acordo com a análise, 35,8% das meninas entrevistadas se declararam muito gordas, embora apresentassem boa saúde. Entre os meninos, 21,5% se classificaram como muito gordos.
O resultado da pesquisa mostra que quase 90% dos meninos e meninas que tentaram ganhar peso estavam dentro do estado nutricional adequado. Entre as meninas que tomaram alguma atitude para perder peso, 51,5% apresentavam estado nutricional adequado, ante 29,8% dos meninos na mesma situação. A pesquisa nas escolas confirmou como principal problema nutricional o excesso de peso, categoria que compreende o sobrepeso e a obesidade.
A maioria dos estudantes entrevistados (74%) encontrava-se dentro do peso considerado adequado. Adolescentes com déficit de peso responderam por apenas 2,9% da amostra; pessoas com sobrepeso tiveram fatia de 16%, e adolescentes obesos foram 7,2% do total entrevistado. O IBGE informou ainda que o sobrepeso entre adolescentes é mais frequente entre os estudantes de ensino privado.
Altura
O levantamento também mostrou que a altura mediana dos brasileiros jovens está praticamente coincidente com a curva padrão recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O declínio do déficit de altura é um dos fatores que servem para medir a redução na desnutrição infantil, e a pesquisa confirma a progressiva redução desse problema. Entre as pesquisas de 1974-1975 a de 2008-2009, a predominância de déficit de altura em ambos os sexos em crianças de 5 a 9 anos recuou de 29,3% para 7,2%.