Publicado em: 20/08/2010
Se o país quiser congelar dinheiro ilegal terá de mudar seu Judiciário, diz Adam Kaufmann
O promotor dos EUA Adam Kaufmann criticou a "lentidão da Justiça brasileira" e a dificuldade do país em ter sentenças definitivas em casos de crime financeiro.
"A Justiça brasileira precisa mudar. Se o país quer manter dinheiro de crime congelado nos EUA, terá de produzir decisões finais sobre esses casos", disse ontem à Folha, em São Paulo.
O promotor referia-se ao caso em que um tribunal dos EUA decidiu liberar cerca de US$ 500 milhões (R$ 880 milhões) do Opportunity retidos nos EUA porque não há nem decisão de primeira instância sobre o processo.
Chefe de investigação da promotoria distrital de Nova York, Kaufmann obteve o primeiro mandado de prisão no exterior contra Paulo Maluf.
Ele ilustrou as perdas que o Brasil pode ter pelo fato de sua Justiça não gerar sentenças: em cinco casos em que atuou sobre doleiros, passaram por bancos de Nova York cerca de US$ 20 bilhões. Recursos de doleiros dos casos Banestado e Merchands Bank, hoje congelados, correm o risco de ser liberados.
A Folha revelou que um dos casos é o do doleiro Antonio Pires de Almeida, o único brasileiro que foi acusado de receber dinheiro do narcotráfico. Uma conta dele com US$ 8 milhões está na iminência de ser desbloqueada.