Propaganda exerce influência, mesmo que inconscientemente

Publicado em:  12/11/2010


Médicos são médicos em qualquer lugar que trabalhem. E, hoje em dia, eles trabalham em vários lugares. De acordo com uma pesquisa feita pelo Datafolha em 2007, 32% dos médicos paulistas acumulavam quatro ou mais empregos, contra 18% que tinham um único vínculo.
É raro, portanto, que um médico do SUS trabalhe só para o SUS. Assim, do ponto de vista da indústria, não faz muita diferença se seu representante é recebido pelo profissional em hospitais públicos ou consultórios privados.
Embora a maioria dos médicos tenda a negá-lo, o fato de receberem brindes exerce influência sobre suas prescrições. Não se trata, é claro, de um processo consciente. Ninguém em juízo perfeito receitaria algo sabidamente pior para o paciente em troca de uma canetinha.
O que a literatura mostra é que a propaganda e os prese ntes oferecidos pelos laboratórios funcionam bem.
Numa metanálise clássica publicada em 2000 no "Jama", Ashley Wazana concluiu que a distribuição de itens como brindes, amostras grátis, refeições, viagens e simpósios têm indiscutível efeito sobre as atitudes dos médicos e suas prescrições.
Pagar uma viagem para um profissional, por exemplo, aumenta entre 4,5 e 10 vezes a probabilidade de ele receitar ao pacientes as drogas do patrocinador.
Esse marketing é tão eficiente que se estima que, nos EUA, os laboratórios a ele dediquem cerca de 25% de seus orçamentos, contra apenas 13,4% destinados à pesquisa.

 


TAGS


<< Voltar