Publicado em: 15/11/2010
Mulheres e jovens são os grupos mais expostos à nova investida do setor, apontam especialistas em saúde
Patrick Siemer/TapeGlue e ICI![]() |
Menino fuma na Rússia, onde 57% dos adolescentes do sexo masculino já provaram cigarro
RICARDO SANDOVAL PALOS
CONSÓRCIO INTERNACIONAL DE JORNALISTAS INVESTIGATIVOS
As multinacionais de tabaco há anos são surradas por políticos e advogados dos EUA e de outros países desenvolvidos. A reputação global dos executivos do tabaco fica perto do fundo do poço em pesquisas de opinião. O crescimento do mercado no mundo desenvolvido é nulo ou negativo.
Desde 2003, pelo menos 171 países assinaram um tratado da OMS para o controle do tabagismo -um modelo regulatório que os governos podem usar para limitar a comercialização e elevar tributos, entre outras medidas.
Nesta semana, em Punta del Este, no Uruguai, a OMS promove a mais recente rodada de discussões a respeito do controle global do tabaco .
Com toda essa pressão, pode-se acreditar que o setor se enfraqueça. Mas a indústria do tabaco provou que sabe bater de frente quando seus lucros estão em risco.
Aliás, grandes empresas talvez tenham encontrado a reposta para seus lamentos: mercados emergentes.
Seus objetivos parecem claros para os especialistas em saúde pública: invalidar leis antifumo e proibições de propaganda em países cheios de novos fumantes em potencial, principalmente entre mulheres e jovens.
CURVA ASCENDENTE
Apesar de a estratégia ser inteligente para as grandes do tabaco, pode muito bem se transformar em desastre de saúde pública para as nações na mira do setor.
Das 176 milhões de mortes ligadas ao tabaco que estão previstas para 2005 a 2030, 77% vão ocorrer em países em desenvolvimento.
O custo anual para a economia global -em serviços de saúde diretos e indiretos- foi estimado em US$ 500 bilhões em 2009 pela Fundaç
LOBBY AGRESSIVO
Durante a maior parte deste ano, jornalistas de seis países documentaram as ações do setor em mercados mercados emergentes.
A pesquisa foi patrocinada pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigl a em inglês), com sede em Washington.
O estudo revelou uma lista de táticas agressivas de lobby. Entre as estratégias estão contribuições para campanhas políticas, auxílio para a redação de novas regras relativas ao tabaco e, pelo menos em dois casos, pagamento de propina para garantir legislação favorável.
Em troca disso tudo, o resultado é o atraso em iniciativas antitabagismo em alguns países -como na Rússia-, e de sua anulação em outros.
RICARDO SANDOVAL PALOS é gerente de projeto no ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos). Riggins Traver, em Washington, Adebayo Salomão, em Abuja, Duncan Campbell, em Edimburgo, Andreas Harsono, em Jacarta, Krishnan Murali, em Delhi, Claudio Paolillo, em Montevidéu e Alejandra Bertrab von Xanic, na Cidade do México, contribuíram para este relatório