O mal de muitos séculos

Publicado em:  11/02/2011

Apesar de ser descrita há quase três mil anos e da eficácia dos novos tratamentos, a depressão ainda é cercada de preconceito, e a grande maioria dos pacientes fica sem diagnóstico e tratamento adequado

 

 

Humor instável, irritabilidade, sentimento de isolamento, falta de energia, problemas no sono, perda da libido, alteração de peso, dificuldade de concentração, falta de motivação. Quando essas situações começam a se tornar freqüentes no dia a dia e se prolongam por semanas, é hora de buscar ajuda profissio­nal. Segundo o médico psiquia­tra Kalil Duailibi, que é professor e coordenador de Psiquiatria na Universidade de Santo Amaro (SP), a depressão é uma doença sistêmica, que possui aspectos físicos e emocionais, causando prejuízos no convívio social, profissional e familiar.

 

Apesar de ser uma doença descrita há quase três mil anos, a falta de conhecimento sobre o assunto e o preconceito faz com que muitas pessoas não busquem ajuda, diz o médico. "Aproximadamente um terço dos pacientes com depressão não procura tratamento. E entre os que estão sendo tratados, somente 10% segue as indicações médicas de forma adequada, já que parte descuida-se em relação à medicação", revelou Duailibi durante o workshop "Olhares sobre a depressão", realizado em São Paulo pela Pfizer.

 

De acordo com ele, quem pode fazer o diagnóstico e o tratamento da depressão é o médico psiquiatra, por isso é preciso buscar ajuda especializada. Duailibi explica que o diagnóstico da doença é feito por critérios clínicos, ou seja, não há exames que comprovem a instalação da depressão. "Na década de 70, o indivíduo passava por sete consultas antes de chegar ao psiquiatra e ser diagnosticado, e ainda hoje as pessoas têm medo de receber o diagnóstico de depressão, pois há preconceito. Por isso é fundamental que a família compreenda que os sintomas da doença não podem ser apontados como "falta de vontade" de melhorar, pois essa atitude só dificulta a adesão ao tratamento", diz.

 

Para não confundir depressão com tristeza, Kalil aponta que o principal sintoma da doença é a perda de interesse por fatores que antes geravam motivação, como cuidar dos filhos, além de dificuldade de atenção, perda de energia para realizar tarefas rotineiras, desesperança diária e um tipo de tristeza sem causa aparente que toma conta de todos os aspectos da vida. Segundo o médico, problemas de ordem física também são observados, tais como alterações no apetite, insônia, hipersonolência diurna, dores no corpo, perda da libido, entre outros. "É um conjunto de sinais que, durante certo tempo e todos juntos, acabam desenvolvendo um quadro depressivo".

 


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