Cerca de 10 mil médicos aderem a movimento e não trabalham nesta quinta-feira

Publicado em:  07/04/2011

Paralisação

Cerca de 10 mil médicos aderem a movimento e não trabalham nesta quinta-feira

Segundo AMP, profissionais suspenderam os atendimentos em consultórios. Parte hospitalar não foi afetada, mas alguns estabelecimentos registraram aumento no número de pacientes

 

Cerca de 10 mil dos 18.958 profissionais do Paraná aderiram à paralisação da categoria e não atenderam seus pacientes de convênios nesta quinta-feira (7). O balanço dos profissionais parados foi feito pela Associação Médica do Paraná (AMP). Apesar da paralisação, a parte de atendimento hospitalar não foi afetada, de acordo com a Federação dos Hospitais e Estabele-cimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar) e o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Sindipar). Mesmo assim, alguns estabelecimentos registraram aumento no número de atendimentos a pacientes de convênio.

A paralisação faz parte do “Dia Nacional de Protesto em Defesa dos Médicos que Trabalham na Saúde Suplementar”, instituído nacionalmente pelo Conselho Federal de Medicina(CFM) e Associação Médica do Brasil (AMB). Os profissionais suspenderam consultas e procedimentos eletivos. O movimento é uma reação da classe após anos de negociação de reajustes dos honorários com planos de saúde.

No Paraná, cerca de mil médicos passaram pela sede da AMP, em Curitiba. Além disso, aproximadamente 250 médicos estavam reunidos, nesta manhã, na AMP, para discutir os contratos com as operadoras, o descredenciamento individual e a desvinculação da consulta médica dos planos de saúde.


Um balanço parcial do órgão apontava que nas cidades de Francisco Beltrão, no Sudoeste; Marechal Cândido Rondon, no Oeste; e Ivaiporã, no Norte; a adesão dos médicos foi de 100%. Outras cidades registraram índices de adesão superiores a 50%: Umuarama, Castro, Cianorte, Guarapuava, Cascavel, Apucarana, Foz do Iguaçu e Santo Antonio da Platina.

Há a possibilidade de descredenciamento individual, caso as operadoras não negociem com os médicos. Em Ivaiporã, o descredenciamento já ocorreu. As cidades de União da Vitória e Foz do Iguaçu avaliam adotar essa medida.


Dentistas e fisioterapeutas

Os dentistas e fisioterapeutas se uniram ao movimento dos médicos há duas semanas e também pararam, ao menos em 80%, seus atendimentos a conveniados ao longo desta quinta. "Nosso caso é ainda pior porque o valor que recebemos não é inteiro, mas também gasto com material, auxiliar e tudo o mais que envolve um procedimento", explica o presidente do Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR), Roberto Cavali. Segundo ele, o pagamento da classe varia de R$ 76 a R$ 140. "Sobra cerca de 30% desse valor, sem contar o desconto de impostos". Eles pedem a adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Odontológicos (CBHPO), que não estipular valores, mas parâmetros para cada procedimento. "O preço quem vai por é cada profissional, com base em seus gastos".

Os fisioterapeutas e terapeutas ocapacionais ganham menos ainda: cerca R $ 5 a sessão. "Atendemos 90% de convênios, mas se nada mudar vamos sair.
Pior do que está não fica", afirma a presidente da Associação Paranaense de Empresas Prestadoras de Serviços de Fisioterapia (Apfisio), Marlene Izibro Vieira.


Atendimento nos hospitais

O movimento no Pronto Socorro (PS) do Hospital Evangélico aumentou por causa da suspensão do atendimento aos pacientes dos planos de saúde. Segundo a assessoria do hospital, o número de consultas para pacientes de convênio aumentou de 10 para 27, mas não causou transtornos no hospital. No Hospital de Clínicas e Hospital Cajuru não houve aumento da procura nos Prontos Socorros e não havia restrição ao atendimento. As unidades de saúde municipais de Curitiba também não registraram movimento anormal.

De acordo com Luis Rodrigo Schruber Milano, presidente Fehospar e do Sindipar, “a parte de atendimento hospitalar foi plenamente resguardada e nenhum médico faltou com a sua obrigação”. Milano disse que o movimento nos estabelecimentos de saúde era normal . “Os pacientes provavelmente respeitaram o movimento e devem estar entendendo essa situação, estão respeitando os médicos aos quais têm fidelização e vínculo”, diz.

Segundo Milano, há cerca de 550 hospitais no estado. Acrescido o número de clínicas, incluindo de outros profissionais da saúde, como odontólogos e fisioterapeutas, há cerca de 7 mil estabelecimentos no Paraná.


Reivindicação

Os médicos, que ainda na semana passada ganharam o apoio de dentistas e fisioterapeutas do estado no movimento, dizem que 90% das operadoras têm contratos defasados. Eles pedem 92% de reajuste e a adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), da Associação Médica Brasileira (AMB), como tabela única.

A União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), que representa 16% do mercado, disse que reajustou honorários em 75,1% nos últimos 11 anos. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que equivale a 33% do mercado, alega ter feito reajustes entre 83,33% e 116,30%, entre 2002 e 2010. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa cerca de 34% do mercado, não comenta o assunto.


Serviço

Os canais de atendimento da ANS estão à disposição dos beneficiários para denúncias, reclamações e esclarecimentos pelo Disque ANS (0800-701-9656) ou, pessoalmente, das 8h30 as 16h30, no núcleo regional de Curitiba: Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 373, conjunto 902, Centro, fone (41) 3223-0880.

 


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