SP fecha cerco contra venda de álcool para menor de 18

Publicado em:  17/04/2011


Um dos principais focos da ação será o aumento da fiscalização em bares

Medidas devem ser lançadas ainda neste semestre e já são comparadas à Lei Antifumo de Serra

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Depois do cerco ao cigarro, na gestão José Serra, S ão Paulo deverá começar agora uma guerra contra o álcool.
As medidas do governo Geraldo Alckmin (PSDB) estão sendo comparadas nos bastidores à Lei Antifumo e a promessa é que sejam lançadas ainda neste semestre.
Um dos principais focos da ação será o aumento da fiscalização em bares para coibir a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos.
Também serão criadas sanções que podem levar a multas e até causar a interdição de estabelecimentos flagrados vendendo bebidas para menores de 18.
A composição da equipe de fiscalização ainda será definida. A Folha, porém, apurou que é provável é que seja a mesma que hoje visita estabelecimentos para verificar o cumprimento da Lei Antifumo- técnicos do ProCon e da vigilância sanitária.
Mais fiscais devem ser contratados. Também haverá ações nas escolas estaduais.
Um grupo executivo, que se reúne há mais de um mês na Secretaria de Saúde e inclui membros da Secretaria de Educação, planeja campanhas e a realização de testes psicológicos com os alunos para verificar possíveis casos de dependência de álcool.
A Secretaria de Saúde não deu detalhes de como será o trabalho. Mas disse que a ação envolverá médicos do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da USP, além da equipe do Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), ligado ao governo.

INTERNAÇÕES
A preocupação de Alckmin é justificada por dados levantados pela Folha com a ajuda da Secretaria de Saúde que mostram que, em 2010, praticamente a cada dois dias uma pessoa de 10 a 19 anos foi internada por doença relacionada ao álcool em hospitais do SUS no Estado.
São casos que vão de intoxicação aguda a transtornos mentais e comportamentais.
"É alarmante. Um reflexo de que estão bebendo cada vez mais cedo. Os menores têm livre acesso ao álcoo l. Há uma falta de fiscalização sobre os bares", afirma Marta Vaz, diretora do Cratod.
"Hoje quem fiscaliza é a polícia, o Conselho Tutelar, o Ministério Público. É tanta gente incumbida disso que ninguém de fato faz o trabalho", diz o pediatra Luiz Alberto Chaves de Oliveira, coordenador de atenção às drogas da capital.
Os reais efeitos de beber precocemente, entretanto, costumam surgir mais tarde. Entre 20 e 24 anos: mais de uma internação por dia.
Considerando-se todas as idades, uma a cada 20 minutos. Ao todo, 27.812 pessoas foram internadas em 2010 por causa do consumo excessivo de álcool. Isso gerou um gasto de R$ 22,8 milhões.

 


TAGS


<< Voltar