Publicado em: 31/05/2011
Planos de Saúde
Entidades preparam balanço de negociações até o fim da semana. Reajustes oferecidos estão longe do reivindicado, mas são considerados positivos
Quase dois meses depois da paralisação dos médicos – 10 mil só no Paraná – no atendimento aos clientes de planos de saúde, realizada dia 7 de abril, a mobilização parece não ter surtido o efeito desejado. O calendário estipulado nacionalmente para as negociações termina hoje e as comissões de negociação estaduais acumulam apenas algumas propostas que vão de 10% a 25% de reajuste no valor das consultas, segundo informações da Associação Médica Brasileira (AMB) – bem longe dos 92% pedidos durante o movimento.
Mesmo assim, a avaliação das entidades e de especialistas é de que o movimento foi vitorioso ao expor o problema à população e mobilizar os profissionais da área da saúde, descartando, de imediato, qualquer iniciativa que prejudique os pacientes, como uma nova paralisação. “É um problema de fácil diagnóstico, mas não de simples solução. As propostas podem não ter chegado ao ideal, mas representam uma abertura de diálogo. O movimento também avançou no relacionamento médico-paciente ao conscientizar os beneficiários do sistema de saúde suplementar de que uma melhor remuneração dos profissionais também os beneficiaria, com mais qualidade e estabilidade do sistema”, avalia o diretor do Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (CPES-Unifesp), Marcos Bosi Ferraz.
O diretor da Associação Médica Brasileira e coordenador da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), Florisval Meinão, diz que a entidade nacional deve receber os balanços das negociações estaduais ao longo da semana, já que o fim do mês de maio não foi um prazo estipulado para ser seguido rigidamente. “Chegamos a receber até uma ou outra proposta maior que 25% de reajuste e abrimos um diálogo, por isso vejo o movimento como vitorioso, mas provavelmente algumas negociações ainda continuarão. Ainda assim, a AMB deve fazer um balanço oficial dentro de dez dias, em Brasília”, antecipou.
No Paraná, a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) propôs um reajuste de 11% no valor das consultas, passando o valor da consulta de R$ 42 para R$ 46, um número bem aquém dos R$ 100 requisitados pela Comissão Estadual de Honorários Médicos do Paraná. “A Fundação Copel também ficou de apresentar uma proposta nesta semana. Até sexta-feira vamos nos reunir e decidir os próximos passos. Pretendemos informar os ministérios públicos Federal e Estadual de que as operadoras não estão querendo negociar e que vários médicos estão comunicando seu descredenciamento individual para que eles tomem alguma atitude”, diz o presidente da Comissão e da Associação Médica do Paraná, José Fernando Macedo.
Assim como ocorreu com os 40 médicos de Ivaiporã, profissionais das cidades de Foz do Iguaçu e União da Vitória também estariam pedindo o descredenciamento individual dos planos de saúde; as entidades, porém, ainda não têm um levantamento sobre quantos teriam feito isso até agora. Dentro das novas estratégias de negociação, uma possibilidade é de que as sociedades de especialidades façam a intermediação de algumas das negociações, focadas, então, nos seus especialistas.