Testes prometem diagnóstico mais cedo de Alzheimer

Publicado em:  21/07/2011

Exames de imagem, sangue e da retina podem achar casos da doença anos antes do início dos sintomas

Pesquisa divulgada em conferência sobre o tema diz que maioria das pessoas gostaria de se submeter a teste


Exames que detectam uma proteína no cérebro ou no sangue e um outro teste que mede a largura de vasos sanguíneos na retina são as novas promessas para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, que afeta 36 milhões de pessoas no mundo.
Os novos métodos foram discutidos em uma conferência internacional de Alzheimer, que acontece em Paris. Hoje, o diagnóstico da doença se baseia no histórico familiar e em informações do paciente, como avaliação mental e sinais neurológicos.
O teste mais promissor, em processo de aprovação no FDA (agência americana para o controle de alimentos e remédios), consiste em injetar no sangue um contraste que, por meio de tomografia computadorizada, torna visíveis as placas da proteína beta-amiloide, que parecem desencadear a doença.
Autópsias no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer mostram que essas placas, ao se acumular em áreas corticais, destroem os neurônios, levando à degeneração cerebral irreversível.

É O QUE TEM
"Mesmo que a gente ainda não tenha medicamentos para tratar ou retardar o Alzheimer, esse teste será importante, até para excluir os casos que não são Alzheimer. Não é a solução final, mas é o que temos de mais promissor", diz David Schlesinger, neurologista e pesquisador no Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein.
Um outro teste mede o nível de beta-amiloide no sangue ou no líquido espinhal. Quanto menor a quantidade, maior a chance de desenvolver Alzheimer. Isso porque, na doença, a proteína migra do sangue (ou do líquido espinhal) para o cérebro.
Um terceiro método, em fase inicial de estudos, mede a largura de vasos sanguíneos na retina. Em pessoas com Alzheimer, esses vasos seriam mais largos do que nas pessoas saudáveis.

RESSALVAS
"Ainda serão necessários mais estudos para demonstrar que essas alterações estão relacionadas com o Alzheimer e não com outras doenças que também provocam mudanças no calibre dos vasos da retina", diz o neurologista Eli Faria Evaristo, do Hospital Oswaldo Cruz.
O médico também não é otimista em relação aos outros testes. "Eles mapeiam, mais ou menos, a mesma fase, quando a doença já está em andamento. Estimamos que o processo se inicie muito antes disso."
Para ele, a melhor recomendação ainda é investir em fatores que, comprovadamente, reduzem as chances de desenvolver o mal de Alzheimer: educação, exercícios e controle do diabetes e da hipertensão.

Só câncer causa mais medo do que a demência

DA REUTERS

A doença de Alzheimer é a segunda mais temida no mundo, perdendo só para o câncer. É o que demonstrou que uma pesquisa internacional, divulgada ontem na conferência internacional de Alzheimer, em Paris.
A enquete conduzida por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard e da Alzheimer Europe, com recursos da indústria farmacêutica Bayer, entrevistou 2.678 adultos em cinco países: EUA, França, Alemanha, Espanha e Polônia.
Os pesquisadores pediram que as pessoas identificassem a doença mais temida, em uma lista que incluía o câncer, as doenças cardíacas e o derrame.
Quase 25% dos entrevistados em quatro dos cinco países disseram que seu maior medo era ter o mal de Alzheimer.
A maioria conhece alguém com a doença. Nos EUA, 73% dos entrevistados já tiveram contato com alguém com Alzheimer.
Mais de 85% dos entrevistados afirmaram que procurariam um médico se tivessem sintomas de confusão e perda de memória.
Cerca de 40% dos entrevistados afirmaram que não sabem que o Alzheimer pode levar à morte.
Muitos acreditam que há tratamentos eficazes contra a doença. Na verdade, as drogas disponíveis hoje só tratam os sintomas e nenhuma conseguiu barrar o avanço da doença.
Quase metade dos entrevistados acredita que já existe um teste confiável para diagnosticar a doença em seus estágios iniciais.
E até pessoas saudáveis estão interessadas nos testes: dois terços dos entrevistados afirmam que fariam um exame se tivessem risco de desenvolver a doença.

FOCO

Famílias com Alzheimer genético são alvo de estudos


 

 

Divulgação/Reuters
 

Família Reiswig, portadora de forma rara de Alzheimer

A família do americano Gary Reiswig tem uma forma rara de Alzheimer: ela é genética, dominante e ataca cedo, a partir dos 40 anos.
Dez dos 14 tios e tias de Reiswig tiveram Alzheimer, além de seu pai e seus irmãos.
Mas ele descobriu aos 57 anos que não tem a mutação causadora da doença. Além da família dele, outras onze nos EUA têm membros portadores da mutação. Agora, essas famílias podem ajudar os médicos a achar uma cura para a moléstia Resultados iniciais de um estudo, apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, na França, sugerem que a forma hereditária e precoce da doença tem uma progressão semelhante à variação mais comum, que surge na velhice. Isso mostra que há características bioquímicas comuns entre essas duas formas, o qual pode ser atacado para prevenir o Alzheimer, afirma o médico Randall Bateman, pesquisador da Universidade de Washington.
Empresas farmacêuticas estão sendo selecionadas para testar remédios em voluntários com a mutação. Segundo Bateman, eles estão ansiosos pelos testes. "Eles estão desesperados por um tratamento para suas famílias."


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