Boas notícias para os insones

Publicado em:  29/11/2011

 

 
A substância quinase cálcio, presente no organismo, causaria insônia se em altos níveis (Foto: Philippe Ramakers/Stock.XCHNG)

Noites intermináveis rolando de um lado para o outro da cama podem estar com os dias contados. O neurocientista Subimal Dutta, pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Boston, realizou um estudo sobre o funcionamento de uma substância chamada quinase cálcio, considerada o dispositivo em nosso organismo responsável pelo despertar. Dutta descobriu que, quando o nível da substância está muito alto, a pessoa tem dificuldade para dormir – e a insônia aparece. As conseqüências vão de sensação de cansaço durante o dia à irritação e dificuldade para se concentrar. ”Todas as pessoas têm a quinase cálcio, mas a quantidade produzida e a atividade dela variam entre os indivíduos”, afirma a neurologista Camila Guidalini, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O estudo foi publicado no Journal of Neuroscience. Para compreender o mecanismo de funcionamento do sono, a equipe de Dutta injetou em ratos uma droga que bloqueou a substância. Sem a quinase cálcio os roedores ficaram mais tempo dormindo. “O objetivo da minha pesquisa é aprofundar a compreensão de como o sono é regulado no nível celular, o que poderia nos levar a encontrar as causas e a cura de distúrbios do sono”, disse Dutta.

Em tese, os cientistas podem produzir medicamentos para insônia mais eficazes e com menos efeitos colaterais a partir da descoberta de como funciona a substância. No entanto, a quinase cálcio não é o único fator que determina o distúrbio. "O sono é regulado por um delicado equilíbrio entre os processos biológicos, o meio ambiente e o comportamento. Os mecanismos envolvidos nesse regulamento ainda não são bem compreendidos", afirma Dutta.

No Brasil, 40% da população têm insônia. Mas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), somente 5% dos indivíduos procuram o especialista adequado. O uso de medicamentos associados pode ser recomendado para tratar o distúrbio. “O problema com os antigos medicamentos para dormir era que a pessoa precisava fazer uso por muito tempo e ficava dependente. Hoje, os medicamentos mais modernos não têm esse problema”, afirma a neurologista Dalva Podares, da Unifesp.

A FDA, órgão regulador de drogas e alimentos nos Estados Unidos, autorizou no último dia 23 o uso de um novo remédio para pessoas que acordam no meio da noite e não conseguem voltar a dormir. A droga, chamada Intermezzo, já tinha sido recusada em outras duas ocasiões. Por causa de seu efeito, o medicamento só deve ser usado quando os insones ainda podem dormir pelo menos mais quatro horas.

Tentar mudar os hábitos diários pode ser um começo para melhorar a qualidade do sono. Conheça algumas dicas para uma noite sem insônia:

- Tenha horários regulares para dormir e despertar
- Vá para a cama somente na hora dormir
- Tenha um ambiente de dormir adequado: limpo, escuro, sem ruídos e confortável
- Não faça uso de álcool ou café e refrigerante próximo ao horário de dormir. Eles têm estimulantes do sistema nervoso central
- Não faça uso de medicamentos para dormir sem orientação médica
- Se tiver dormido pouco nas noites anteriores, evite dormir de dia
- Jante moderadamente em horário regular e adequado.

 


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