Publicado em: 16/06/2012
Dificuldades da atuação do psiquiatra em hospital geral, deficiências na formação médica, falta de leitos psiquiátricos, rede de atendimento descentralizada e dilemas ético-profissionais foram alguns assuntos discutidos durante o encontro de médicos e residentes em psiquiatria do norte do Estado com a diretoria da Sociedade Paranaense de Psiquiatria. A reunião ocorreu durante os dias 15 e 16 de junho, em Londrina. Na oportunidade, o presidente da SPP, André Rotta Burkiewicz, apresentou dados da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) que apontam que o Paraná ainda não atende à recomendação do Ministério da Saúde de possuir um CAPs para cada 100 mil habitantes. "Temos apenas 95 CAPs no Estado, sendo que Londrina é a única cidade que possui CAPs III", afirma. O presidente da SPP explica que, em Londrina, dos 348 leitos psiquiátricos, 345 são ofertados em três clínicas psiquiátricas e os outros três leitos estão disponíveis em um único hospital geral.
O encontro aconteceu no anfiteatro Luiz Carlos Coelho Netto Jeolás, do Centro de Ciências da Saúde do Hospital Universitário de Londrina, e reuniu mais de cem pessoas. Na oportunidade, também foi realizado o lançamento do livro “Emergências e Interconsultas Psiquiátricas em Hospital Geral” logo após a palestra do Dr. Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que escreveu o prefácio do livro.
A obra, publicada pela EDUEL, é de autoria dos psiquiatras Sandra Odebrecht Vargas Nunes, Heber Odebrecht Vargas, Luciana Vargas Alves Nunes e Marcos Liboni, professores do Departamento de Clínica Médica da UEL, e da residente Juliana Brum Moraes. O livro relata as experiências dos autores em emergências psiquiátricas em hospital universitário em 12 capítulos.
Da esq. p/ dir., Juliana Brum Moraes, médica residente em psiquiatria; Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Heber Odebrecht Vargas, docente e preceptor da residência médica em psiquiatria da Universidade Estadual de Londrina (UEL); e André Rotta Burkiewicz, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria.
Para o presidente da SPP, o objetivo do encontro, que encerrou com almoço de confraternização, foi cumprido. "Tivemos uma rica troca de experiências e pudemos planejar ações conjuntas com os médicos do interior para garantir a melhoria das condições de trabalho e da assistência médica para as pessoas que necessitam de atendimento em algum tipo de serviço de Saúde Mental", explica, afirmando que o Ministério da Saúde estima que 21% da população brasileira (39 milhões de pessoas) necessita ou vai necessitar de atenção psiquiátrica. Além disso, André Rotta Burkiewicz acredita que ampliando o debate sobre a especialidade e apresentando a realidade local, a SPP está aproximando-se dos profissionais que residem fora da Capital. “Nossa intenção é estimular a participação dos psiquiatras na SPP para nos unirmos e realizarmos mais atividades de formação continuada descentralziadas como esta”, conclui.
No final de março, o diretor da SPP esteve em Maringá promovendo debate com médicos e residentes da região noroeste e no início de junho, participando do V Encontro de Psiquiatria e Saúde Mental de Foz do Iguaçu, teve a oportunidade de debater algunas assuntos com médicos daquela região. A intenção da diretoria é realizar visitas a todas as regiões do Estado até o final do ano e a próxima atividade está sendo programada para ocorrer na região central.
Associação Paranaense de Psiquiatria
