Uso da neurociência é o próximo desafio dos psiquiatras, diz médico brasileiro

Publicado em:  07/01/2013

<p>&nbsp;</p> <div> N&atilde;o &eacute; exagero dizer que o ga&uacute;cho Luis Augusto Rohde, 47, &eacute; o psiquiatra mais influente do Brasil.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Se ainda n&atilde;o o &eacute;, pode passar a ser a partir de maio de 2013, quando sai a nova edi&ccedil;&atilde;o do DSM, o Manual de Diagn&oacute;sticos e Estat&iacute;sticas, publica&ccedil;&atilde;o considerada a b&iacute;blia dessa especialidade m&eacute;dica.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Rohde foi o &uacute;nico brasileiro convidado para a for&ccedil;a-tarefa da APA (Associa&ccedil;&atilde;o Psiqui&aacute;trica Americana) que revisou os crit&eacute;rios de defini&ccedil;&atilde;o dos transtornos mentais.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A transi&ccedil;&atilde;o da quarta para a quinta edi&ccedil;&atilde;o do manual, com lan&ccedil;amento previsto para maio, n&atilde;o foi nada f&aacute;cil. Mudan&ccedil;as do DSM-4 para o DSM-5 atra&iacute;ram cr&iacute;ticas de psic&oacute;logos e familiares de pacientes e foram alvo do lobby da ind&uacute;stria farmac&ecirc;utica.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Sob press&atilde;o, sem tempo e com or&ccedil;amento limitado, psiquiatras recuaram de algumas propostas de mudan&ccedil;a.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Rohde, professor titular de psiquiatria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), atuou num dos setores mais controversos da for&ccedil;a-tarefa: o que cuidou do &quot;transtorno do deficit de aten&ccedil;&atilde;o por hiperatividade&quot;, grupo acusado de inflar artificialmente a epidemia desse problema mental em crian&ccedil;as.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O psiquiatra, por&eacute;m, argumenta que o novo manual est&aacute; mais coerente e confi&aacute;vel.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Em entrevista &agrave; Folha de S&atilde;o Paulo, Rohde tamb&eacute;m explicou por que o DSM-5 ainda n&atilde;o traz a &quot;mudan&ccedil;a de paradigma&quot; que muitos cientistas desejavam: a de tornar a psiquiatria uma especialidade m&eacute;dica mais baseada em biologia.</div> <div> &nbsp;</div> <div> <div> <img alt="" src="http://www.psiquiatria-pr.org.br/userfiles/images/13006344.jpeg" style="width: 250px; height: 375px;" /></div> <div> <em>O psiquiatra Luis Augusto Rohde, </em></div> <div> <em>no Hospital de Cl&iacute;nicas de Porto Alegre</em></div> <div> <em>***</em></div> <div> &nbsp;</div> <div> Folha - Como um manual feito pela Associa&ccedil;&atilde;o de Psiquiatria Americana vai influenciar o atendimento &agrave; sa&uacute;de mental no Brasil?</div> <div> &nbsp;</div> <div> Luis Augusto Rohde - O sistema classificat&oacute;rio oficial no Brasil &eacute; a CID (Classifica&ccedil;&atilde;o Internacional das Doen&ccedil;as), da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de, que est&aacute; na sua d&eacute;cima vers&atilde;o.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Est&aacute; atualmente em processo de revis&atilde;o, com a pr&oacute;xima vers&atilde;o prevista para 2015. Na pr&aacute;tica cl&iacute;nica de sa&uacute;de mental, ent&atilde;o, o DSM-5 n&atilde;o ter&aacute; impacto direto sobre o psiquiatra e o m&eacute;dico de fam&iacute;lia que atende casos psiqui&aacute;tricos ou neurol&oacute;gicos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Entretanto, em todos os servi&ccedil;os universit&aacute;rios e naqueles que trabalham com pesquisa em sa&uacute;de mental no Brasil, o DSM &eacute; mais utilizado que a CID. &Eacute; nesses setores que o impacto vai se dar inicialmente.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Como esses servi&ccedil;os s&atilde;o formadores de profissionais da &aacute;rea de sa&uacute;de, os conceitos v&atilde;o sendo incorporados &agrave; pr&aacute;tica deles, embora eles tenham tamb&eacute;m que respeitar os crit&eacute;rios da CID.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Existe um esfor&ccedil;o para que a CID passe a seguir os crit&eacute;rios do DSM?</div> <div> &nbsp;</div> <div> Sim. Existe uma decis&atilde;o preliminar por parte da CID de que eles n&atilde;o v&atilde;o mais desenvolver um manual com diretrizes cl&iacute;nicas ou crit&eacute;rios de diagn&oacute;stico para cada doen&ccedil;a.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Eles v&atilde;o, na verdade, apresentar prot&oacute;tipos para cada doen&ccedil;a. S&atilde;o descri&ccedil;&otilde;es para que o cl&iacute;nico possa ver quanto o caso que ele est&aacute; atendendo se assemelha &agrave;quela diretriz.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Os crit&eacute;rios objetivos de diagn&oacute;stico ficam, ent&atilde;o, restritos ao DSM. Existe inclusive um comit&ecirc; de &quot;harmoniza&ccedil;&atilde;o&quot; dentro da CID para tentar emparelhar o m&aacute;ximo poss&iacute;vel os crit&eacute;rios dos dois sistemas.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O DSM-5 desistiu de criar algumas novas categorias, como o &quot;transtorno da regula&ccedil;&atilde;o do humor e do comportamento&quot; [que busca sintomas de depress&atilde;o bipolar na inf&acirc;ncia] e a &quot;s&iacute;ndrome do risco de psicose&quot; [que busca sintomas de esquizofrenia na inf&acirc;ncia]. Os crit&eacute;rios para diagnosticar esses males falharam nos testes com pacientes?</div> <div> &nbsp;</div> <div> Primeiro &eacute; preciso notar que houve uma mudan&ccedil;a no processo de revis&atilde;o.</div> <div> &nbsp;</div> <div> No DSM-4, os testes de campo tinham buscado a validade do diagn&oacute;stico, mas no DSM-5, por quest&otilde;es log&iacute;sticas e financeiras, os testes foram restritos a dois outros aspectos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Um deles era avaliar a confiabilidade dos crit&eacute;rios para teste-e-reteste. Isso &eacute; feito para confirmar se um conjunto de crit&eacute;rios resulta no mesmo diagn&oacute;stico ao ser aplicado em um paciente em dois momentos diferentes.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O outro aspecto era avaliar a utilidade cl&iacute;nica do diagn&oacute;stico. Precis&aacute;vamos saber se os crit&eacute;rios de diagn&oacute;sticos propostos pelo comit&ecirc; seriam palat&aacute;veis e clinicamente adequados nas m&atilde;os de um psiquiatra cl&iacute;nico com treinamento usual.</div> <div> &nbsp;</div> <div> No final dos testes, alguns diagn&oacute;sticos apresentaram confiabilidade muito baixa. Al&eacute;m dos dois que mencionaste, tamb&eacute;m n&atilde;o se qualificaram o &quot;transtorno misto de ansiedade e depress&atilde;o&quot; e a &quot;autoagress&atilde;o n&atilde;o suicida&quot;.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Agora essas categorias provavelmente ir&atilde;o para a se&ccedil;&atilde;o 3 do manual, designada &agrave;quelas que precisam de mais dados para que possam ser ser consideradas diagn&oacute;sticos psiqui&aacute;tricos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O diagn&oacute;stico do &quot;transtorno da regula&ccedil;&atilde;o do humor e do comportamento&quot; teve uma confiabilidade modesta --um grau acima da ruim--, mas ser&aacute; mantido, em fun&ccedil;&atilde;o da qualidade de pesquisa que j&aacute; existe sugerindo a validade do diagn&oacute;stico.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Isso leva em conta que existe um grupo de crian&ccedil;as nos EUA e em outros pa&iacute;ses que est&atilde;o recebendo diagn&oacute;stico do &quot;transtorno do humor bipolar&quot;, mesmo sem ter uma caracter&iacute;stica essencial, a episodicidade --a altern&acirc;ncia de fases com sintomas man&iacute;acos e depressivos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> E existe hoje um grupo de crian&ccedil;as com outros sintomas, mas sem a episodicidade, que acabam sendo diagnosticadas como tendo transtorno bipolar &quot;sem outra especifica&ccedil;&atilde;o&quot; [diagn&oacute;stico feito por exclus&atilde;o].</div> <div> &nbsp;</div> <div> A partir de agora, essas crian&ccedil;as recebem um espa&ccedil;o dentro do sistema classificat&oacute;rio porque elas claramente t&ecirc;m um quadro psiqui&aacute;trico grave que requer aten&ccedil;&atilde;o.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Os crit&eacute;rios para diagnosticar crian&ccedil;as com TDAH (transtorno do d&eacute;ficit de aten&ccedil;&atilde;o por hiperatividade) foram muito criticados. O receio &eacute; que eles ampliem o que seria uma falsa epidemia e que crian&ccedil;as saud&aacute;veis passem a ser medicadas com o estimulante ritalina. O que muda no DSM-5?</div> <div> &nbsp;</div> <div> Nessa &aacute;rea eu tive, de fato, uma participa&ccedil;&atilde;o direta no processo. Em primeiro lugar, posso dizer que sempre que se pensou em qualquer reformula&ccedil;&atilde;o dos crit&eacute;rios de diagn&oacute;stico para TDAH, houve uma preocupa&ccedil;&atilde;o com a explos&atilde;o da preval&ecirc;ncia, que foi chamada de &quot;epidemia&quot;.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Algo que precisa ficar claro &eacute; que TDAH &eacute; um conceito dimensional na popula&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o existe um divis&atilde;o entre o grupo dos &quot;atentos&quot; e o grupo dos &quot;desatentos&quot;.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O transtorno &eacute; um conceito gradual, como o de altura ou press&atilde;o arterial. O que fazemos com a TDAH &eacute; colocar um ponto de corte a partir do n&iacute;vel de intensidade em que os sintomas causam preju&iacute;zo funcional na vida do indiv&iacute;duo.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Houve duas principais modifica&ccedil;&otilde;es no DSM-5 que podem impactar na preval&ecirc;ncia do transtorno.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A primeira &eacute; com rela&ccedil;&atilde;o ao in&iacute;cio dos sintomas. O DSM-4 exigia que preju&iacute;zos funcionais causados pelos sintomas do TDAH estivessem presentes na vida indiv&iacute;duo antes dos sete anos de idade para o diagn&oacute;stico ser dado.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que temos visto, por&eacute;m, &eacute; que existe um grupo significativo de crian&ccedil;as --principalmente aquelas com predom&iacute;nio da desaten&ccedil;&atilde;o sobre hiperatividade e impulsividade-- nas quais os sintomas s&oacute; ficam evidentes quando entram na escola, porque &eacute; na sala de aula que existe uma demanda atencional mais clara.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que acontece &eacute; que mesmo com essas crian&ccedil;as tendo um quadro de TDAH com predom&iacute;nio de desaten&ccedil;&atilde;o, mesmo tendo um perfil de comorbidade similar, mesmo tendo preju&iacute;zo na vida t&atilde;o grande quanto aquelas que manifestavam sintomas antes de sete anos, mesmo tendo resposta similar ao tratamento, mesmo tendo hist&oacute;rias de fam&iacute;lia similares, elas acabavam ficando de fora do diagn&oacute;stico do TDAH.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Al&eacute;m disso, quando se faz o diagn&oacute;stico em adultos, &eacute; muito dif&iacute;cil que um adulto de 40 anos se lembre exatamente se tinha ou n&atilde;o sintomas antes dos sete anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Em estudos como o &quot;National Comorbidity Survey Replication&quot;, Ronald Kessler avaliou o diagn&oacute;stico do TDAH em adultos e demonstrou que em 96% das vezes o diagn&oacute;stico estava presente antes dos 12 anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que o comit&ecirc; fez foi deslocar a idade m&iacute;nima de in&iacute;cio dos sintomas de 7 para 12 anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Outro trabalho importante foi publicado no peri&oacute;dico da AACAP (Associa&ccedil;&atilde;o Americana de Psiquiatria da Crian&ccedil;a e do Adolescente) por Guilherme Polanczyk, que foi meu aluno de doutorado e hoje &eacute; professor da USP.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Ele fez uma grande avalia&ccedil;&atilde;o populacional na Inglaterra e mostrou que o deslocamento do crit&eacute;rio de idade de in&iacute;cio dos sintomas de 7 para 12 anos n&atilde;o implicava num aumento substancial da preval&ecirc;ncia.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A afirma&ccedil;&atilde;o de que vai haver uma explos&atilde;o no n&uacute;mero de diagn&oacute;sticos n&atilde;o &eacute; correta.</div> <div> &nbsp;</div> <div> &Eacute; poss&iacute;vel que a preval&ecirc;ncia aumente um pouco, mas isso ser&aacute; produto da detec&ccedil;&atilde;o correta de um grupo de crian&ccedil;as que, at&eacute; ent&atilde;o, estava exclu&iacute;do da possibilidade do diagn&oacute;stico mesmo tendo um quadro claro de TDAH com preju&iacute;zo funcional.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A AACAP inclusive criticou a extens&atilde;o do limite para 12 anos, porque eles queriam que expand&iacute;ssemos para 18 anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&oacute;s tomamos uma medida conservadora, pensando na quest&atilde;o da explos&atilde;o dos diagn&oacute;sticos, e mantivemos o limite do crit&eacute;rio em 12 anos, que era aquele mais bem sustentado por evid&ecirc;ncias.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A segunda altera&ccedil;&atilde;o est&aacute; relacionada &agrave; possiblidade prevista pelo DSM-4 de excluir o diagn&oacute;stico do TDAH quando a crian&ccedil;a &eacute; diagnosticada tamb&eacute;m com autismo ou outros tipos de TGD (transtornos globais do desenvolvimento).</div> <div> &nbsp;</div> <div> V&aacute;rios trabalhos populacionais, por&eacute;m, mostraram que h&aacute; crian&ccedil;as autistas que apresentam, sim, sintomas de desaten&ccedil;&atilde;o, hiperatividade e impulsividade num grau causando preju&iacute;zo suficiente para merecer um diagn&oacute;stico de TDAH conjunto.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Essas crian&ccedil;as respondem bem &agrave;s medica&ccedil;&otilde;es e interven&ccedil;&otilde;es indicadas para TDAH, mas n&atilde;o podiam receb&ecirc;-las porque o DSM-4 impedia que elas se qualificassem para o TDAH e autismo ao mesmo tempo. Isso foi corrigido agora.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Pode ser que a preval&ecirc;ncia aumente um pouco, mas isso ocorrer&aacute; em raz&atilde;o da inclus&atilde;o de um grupo que claramente necessita do diagn&oacute;stico para receber o atendimento adequado em pa&iacute;ses em desenvolvimento onde a indica&ccedil;&atilde;o do tratamento est&aacute; vinculada ao diagn&oacute;stico.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Houve muita mudan&ccedil;a nos crit&eacute;rios para diagnosticar o autismo? Pais temem que seus filhos n&atilde;o sejam mais considerados portadores de um transtorno e percam o direito a assist&ecirc;ncia m&eacute;dica.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Primeiramente, &eacute; preciso entender que o processo de mudan&ccedil;a n&atilde;o foi feito rapidamente. Cada grupo de trabalho teve reuni&otilde;es por teleconfer&ecirc;ncia, quase toda semana, durante quase tr&ecirc;s anos, al&eacute;m de v&aacute;rios encontros pessoais.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Uma revis&atilde;o da literatura sobre esses transtornos foi feita dentro de cada grupo de trabalho. As decis&otilde;es n&atilde;o foram tomadas sem embasamento cient&iacute;fico.</div> <div> &nbsp;</div> <div> No autismo, a ideia foi a de que o transtorno pudesse ser compreendido mais sob uma perspectiva dimensional, assim como o TDAH. Em vez de usar categorias claramente distintas, usamos um &quot;espectro&quot; autista e com isso abandonamos nomenclaturas que tratavam o problema como diferentes transtornos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A divis&atilde;o era entre s&iacute;ndrome de Asperger, autismo, transtorno desintegrativo... Agora a nomenclatura v&ecirc; &quot;transtornos do espectro autista&quot;.</div> <div> &nbsp;</div> <div> No peri&oacute;dico da AACAP, Fred Volkmar mostrou que algumas dessas crian&ccedil;as, principalmente aquelas com diagn&oacute;stico de TGD sem outra especifica&ccedil;&atilde;o, poderiam ficar fora do diagn&oacute;stico.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O impacto desse trabalho gerou muito debate, alimentado pela preocupa&ccedil;&atilde;o de pais de crian&ccedil;as com Asperger que temiam que seus filhos n&atilde;o se qualificariam mais para o diagn&oacute;stico. Mas isso n&atilde;o &eacute; verdade.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Um artigo do grupo de trabalho de autismo do DSM-5 mostrou que, na verdade, essa constata&ccedil;&atilde;o n&atilde;o tinha amparo.</div> <div> &nbsp;</div> <div> De qualquer forma, o resultado de toda a discuss&atilde;o foi manter a ideia do transtorno do espectro autista, mas levando em conta que aquelas crian&ccedil;as que j&aacute; tem um diagn&oacute;stico anterior de TGD n&atilde;o especificado ou s&iacute;ndrome de Asperger pudessem ser incorporadas.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A ideia n&atilde;o &eacute; excluir crian&ccedil;as do diagn&oacute;stico, mas ter uma compreens&atilde;o mais real, mais moderna, dos transtornos autistas e do seu espectro.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O receio de que crian&ccedil;as com Asperger deixem de se qualificar como portadoras de um transtorno, ent&atilde;o, n&atilde;o se justifica?</div> <div> &nbsp;</div> <div> A ideia geral &eacute; que isso n&atilde;o aconte&ccedil;a, mas vamos precisar de mais trabalhos para ver efetivamente o desempenho dessa categoria de transtornos do espectro autista, para ver se ela est&aacute; sendo t&atilde;o inclusiva quanto necess&aacute;rio.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A raz&atilde;o dessa quest&atilde;o mais restritiva &eacute; tamb&eacute;m o diagn&oacute;stico muito frouxo de TGD que &eacute; feito em muitos locais.</div> <div> &nbsp;</div> <div> H&aacute; 15 anos, n&oacute;s t&iacute;nhamos uma preval&ecirc;ncia de 4 a 8 crian&ccedil;as autistas por 10 mil nascimentos. Hoje se fala em 1 crian&ccedil;a com TGD a cada 200 ou 300 nascimentos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que o grupo de trabalho procurou fazer foi delimitar de maneira muito clara o que &eacute; o espectro autista e riscar essas fronteiras de forma adequada para evitar diagn&oacute;sticos frouxos de transtorno autista, Asperger e outros TGDs, que s&atilde;o diagn&oacute;sticos graves para se aplicar a uma crian&ccedil;a.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O DSM-4 levou muito tempo para ser revisado. A APA vai atualizar o DSM-5 com mais frequ&ecirc;ncia?</div> <div> &nbsp;</div> <div> O presidente e o vice-presidente da for&ccedil;a-tarefa --David Kupfer e Darrel Regier-- dizem que o DSM-5 vai ser um documento &quot;vivo&quot;, porque n&atilde;o faz sentido esperar 29 anos para os sistemas classificat&oacute;rios passarem por revis&otilde;es.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Mas, para explicar a raz&atilde;o dessa demora, &eacute; preciso entender uma outra coisa.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Eu e muitos outros colegas t&iacute;nhamos uma cr&iacute;tica com rela&ccedil;&atilde;o ao processo. Quando entrei no esfor&ccedil;o de revis&atilde;o do DSM, eu tinha o desejo e a fantasia de que seria poss&iacute;vel ter uma modifica&ccedil;&atilde;o de paradigma na forma de se fazer diagn&oacute;stico psiqui&aacute;trico.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&oacute;s quer&iacute;amos a inclus&atilde;o de marcadores neurobiol&oacute;gicos [sinais f&iacute;sicos do funcionamento do c&eacute;rebro e do sistema nervoso] na pr&aacute;tica cl&iacute;nica.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Quer&iacute;amos aproximar a psiquiatria de um est&aacute;gio de desenvolvimento onde est&aacute; a oncologia, por exemplo. Ent&atilde;o, o desejo entre 2000 e 2005, quando entramos no processo, era que, em algumas situa&ccedil;&otilde;es, o diagn&oacute;stico pudesse se basear em marcadores neurobiol&oacute;gicos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que aconteceu foi que, ao revisar o que existia de evid&ecirc;ncia cient&iacute;fica dentro da &aacute;rea de psiquiatria, constatamos claramente que ainda n&atilde;o estamos prontos para uma mudan&ccedil;a de paradigma.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Isso gerou na comunidade cient&iacute;fica uma certa sensa&ccedil;&atilde;o de frustra&ccedil;&atilde;o.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Mas foi poss&iacute;vel, por&eacute;m, fazer algo extremamente importante: analisar o que poderia ser melhorado nos crit&eacute;rios diagn&oacute;sticos e revis&aacute;-los &agrave; luz da medicina baseada em evid&ecirc;ncia, para torn&aacute;-los mais v&aacute;lidos. Isso levou em conta tudo o que foi feito de pesquisa durante esses 29 anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O problema &eacute; que n&atilde;o faz sentido esperar tudo isso para modificar um sistema classificat&oacute;rio. Ent&atilde;o, &eacute; importante agora que o DSM tenha essa flexibilidade e essa agilidade maiores.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Quando houver um grupo de dados consistente, baseado em evid&ecirc;ncias, mostrando que um crit&eacute;rio n&atilde;o est&aacute; adequado, &eacute; importante que essa modifica&ccedil;&atilde;o n&atilde;o tenha de esperar pelo processo de revis&atilde;o de todo o manual para ser implementada.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Uma cr&iacute;tica comum de psic&oacute;logos &eacute; que a falha em usar a biologia para diagn&oacute;sticos sinaliza um momento de crise na psiquiatria?</div> <div> &nbsp;</div> <div> Na verdade, evolu&iacute;mos bastante na compreens&atilde;o dos aspectos neurobiol&oacute;gicos gen&eacute;ticos e fenot&iacute;picos [caracter&iacute;sticas observ&aacute;veis] dos transtornos mentais.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Quando analiso um grupo de crian&ccedil;as com TDAH e as comparo um grupo de crian&ccedil;as com desenvolvimento t&iacute;pico, depois as comparo com um grupo com transtorno do espectro autista, consigo ver aspectos neurobiol&oacute;gicos, de neuroimagem, gen&eacute;ticos e de resposta a tratamento que s&atilde;o diferentes entre os grupos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que ainda n&atilde;o conseguimos fazer &eacute; a tradu&ccedil;&atilde;o dessas diferen&ccedil;as de grupo para um indiv&iacute;duo espec&iacute;fico, a ponto de os avan&ccedil;os em neurobiologia serem &uacute;teis no diagn&oacute;stico individual.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Ainda n&atilde;o estamos no mesmo patamar de algumas &aacute;reas da medicina como a endocrinologia, a cardiologia ou a oncologia. Esse &eacute; o desafio da psiquiatria nos pr&oacute;ximos anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Isso n&atilde;o significa que estejamos em crise, mas significa que ainda n&atilde;o estamos no mesmo patamar de algumas &aacute;reas da medicina como a endocrinologia, a cardiologia ou a oncologia.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Nesses campos, o conhecimento vindo das diferen&ccedil;as de grupo p&ocirc;de ter suficiente validade preditiva positiva e validade preditiva negativa para auxiliar uma medicina mais personalizada e um diagn&oacute;stico mais individual.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&oacute;s estamos agora num momento em que esses dados ajudam a compreens&atilde;o da neurobiologia do transtorno psiqui&aacute;trico, mas n&atilde;o nos ajudam no diagn&oacute;stico cl&iacute;nico.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O diagn&oacute;stico psiqui&aacute;trico ainda tem de ser muito baseado no exame do estado mental, na hist&oacute;ria cl&iacute;nica do paciente e nos dados que conseguimos com familiares.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Isso n&atilde;o significa que exista uma dicotomia entre psiquiatria e psicologia no manual. Enxergar uma dicotomia &eacute; ter uma vis&atilde;o limitada da &aacute;rea de sa&uacute;de mental.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Muitas vezes, um grupo da psicologia social, no Brasil e no exterior, tenta se valer disso para questionar a validade do diagn&oacute;stico psiqui&aacute;trico e desencadear toda essa discuss&atilde;o, afirmando que existe uma &quot;medicaliza&ccedil;&atilde;o da educa&ccedil;&atilde;o&quot; e que os diagn&oacute;sticos s&atilde;o &quot;usados como r&oacute;tulos&quot;.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A meu ver, por&eacute;m, esse grupo n&atilde;o representa a psicologia como um todo. Eles representam apenas uma determinada &aacute;rea da psicologia.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Entidades de classe dos psic&oacute;logos reclamam que a revis&atilde;o do DSM-5 foi muito restrita a psiquiatras. Eles n&atilde;o tem raz&atilde;o em reivindicar um papel maior?</div> <div> &nbsp;</div> <div> &Eacute; dif&iacute;cil avaliar isso, porque eu teria de saber qual era o tamanho da participa&ccedil;&atilde;o esperada por essas entidades. Na maioria dos grupos de trabalho houve participa&ccedil;&atilde;o de psic&oacute;logos e de outros n&atilde;o psiquiatras.</div> <div> &nbsp;</div> <div> No grupo que trabalhou com TDAH, dois dos oito membros --Joel Nigg e Paul Frick-- eram psic&oacute;logos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&atilde;o &eacute; verdade, ent&atilde;o, que n&atilde;o houve participa&ccedil;&atilde;o da psicologia. Houve at&eacute; participa&ccedil;&atilde;o externa de psic&oacute;logos, porque os crit&eacute;rios de diagn&oacute;stico ficaram abertos para escrut&iacute;nio p&uacute;blico no site da APA por um longo tempo.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&oacute;s recebemos muitas cr&iacute;ticas de psic&oacute;logos, e foram todas individualmente avaliadas para que fossem incorporadas &agrave;s modifica&ccedil;&otilde;es, se fosse necess&aacute;rio.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Houve uma participa&ccedil;&atilde;o de psic&oacute;logos como nunca tinha havido. Foi um processo muito mais aberto do que o do DSM-4.</div> <div> &nbsp;</div> <div> &Eacute; v&aacute;lido discutir se a abertura foi suficiente e se a comunidade se sente confort&aacute;vel com ela, mas certamente foi um processo mais aberto do que qualquer outra revis&atilde;o do DSM.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Um estudo da Universidade Harvard indicou que h&aacute; mais psiquiatras da for&ccedil;a-tarefa do DSM-5 envolvidos com a ind&uacute;stria farmac&ecirc;utica hoje do que na &eacute;poca da quarta edi&ccedil;&atilde;o. O conflito de interesses aumentou?</div> <div> &nbsp;</div> <div> A cria&ccedil;&atilde;o do DSM-5 &eacute; um processo que &eacute; embasado em ci&ecirc;ncia, mas &eacute; um processo que sofre for&ccedil;as de todos os lados.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Enquanto um diagn&oacute;stico recebe cr&iacute;tica por ficar mais restritivo e deixar mais gente de fora, outro &eacute; criticado por ser mais inclusivo e acaba acusado de criar uma epidemia. As press&otilde;es s&atilde;o de todos os lados.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&atilde;o tenho uma ideia clara de qual &eacute; o tamanho da press&atilde;o da ind&uacute;stria farmac&ecirc;utica, mas posso dizer que a APA tomou medidas claras para tentar controlar ao m&aacute;ximo essa press&atilde;o da ind&uacute;stria.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Ela determinou que a participa&ccedil;&atilde;o de pessoas no trabalho e no desenvolvimento do DSM-5 fosse dada com um limite claro de contato com a ind&uacute;stria. Os integrantes n&atilde;o poderiam receber mais de US$ 10 mil por ano da ind&uacute;stria nem ter mais de 5% da renda bruta vinda de qualquer rela&ccedil;&atilde;o com a ind&uacute;stria.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Esse limiar &eacute; o mesmo adotado por v&aacute;rias outras associa&ccedil;&otilde;es m&eacute;dicas nos EUA. Acima disso, considera-se que a influ&ecirc;ncia da ind&uacute;stria sobre o indiv&iacute;duo --cl&iacute;nico ou pesquisador-- passa a ser significativa.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A APA assumiu esse limite claro e avaliou cada membro, antes e durante o processo, para que esse limite no contato com a ind&uacute;stria fosse mantido. Isso tirou dos grupos de trabalho uma s&eacute;rie de pessoas que tinham atuado no DSM-4 e at&eacute; algumas pessoas que s&atilde;o consideradas experts em suas &aacute;reas.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O artigo de Harvard tem um vi&eacute;s claro, porque entre 1990 e 1994, quando o DSM-4 estava sendo discutido, n&atilde;o era obrigat&oacute;rio para os membros revelar potenciais conflitos de interesse.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Isso n&atilde;o era uma coisa discutida em detalhe pelos profissionais da &aacute;rea de sa&uacute;de. Comparando o grau de interesses declarados feitos no DSM-5 com aqueles do DSM-4 em 1994, ent&atilde;o, &eacute; &oacute;bvio que se enxerga um aumento, porque antes as pessoas simplesmente n&atilde;o eram obrigadas declarar.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Existia uma certa insatisfa&ccedil;&atilde;o por parte dos cl&iacute;nicos com a forma com que o manual trata dos chamados &quot;transtornos de personalidade&quot; no manual. O que vai mudar agora?</div> <div> &nbsp;</div> <div> &Eacute; prov&aacute;vel que se pense numa redu&ccedil;&atilde;o do n&uacute;mero de transtornos. Existiam uns dez transtornos de personalidade listados no DSM-4, e muitos n&atilde;o tinham uma confiabilidade adequada para teste-e-reteste.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Por isso, era dif&iacute;cil que os cl&iacute;nicos concordassem. Uma das modifica&ccedil;&otilde;es que est&atilde;o sendo propostas no DSM-5, tamb&eacute;m nessa &aacute;rea, &eacute; uma no&ccedil;&atilde;o mais dimensional da quest&atilde;o de personalidade, para substituir os diagn&oacute;sticos por categorias.</div> <div> &nbsp;</div> <div> V&atilde;o continuar existindo alguns diagn&oacute;sticos de transtornos de personalidade, aqueles para os quais existe base de evid&ecirc;ncia um pouco mais forte.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Dentre os quais est&atilde;o o &quot;transtorno de personalidade antissocial&quot; e o &quot;transtorno de personalidade borderline&quot;. A ideia &eacute; ampliar a no&ccedil;&atilde;o de personalidade para trabalhar com constructos que sejam mais dimensionais e menos categ&oacute;ricos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> A cl&aacute;ssica figura do psicopata como portador de um problema mental continuar&aacute; existindo, ent&atilde;o?</div> <div> &nbsp;</div> <div> Isso foi discutido, e o transtorno de personalidade antissocial deve continuar existindo. Existe suficiente validade de diagn&oacute;stico para isso.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Mas a quest&atilde;o mais discutida aqui era outra. O que debatemos &eacute; se seria poss&iacute;vel levar o diagn&oacute;stico para a inf&acirc;ncia ou para adolesc&ecirc;ncia.</div> <div> &nbsp;</div> <div> No DSM-4, o diagn&oacute;stico do transtorno de personalidade antissocial exige que o indiv&iacute;duo tenha mais de 18 anos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Ent&atilde;o, foi discutido se essa trava poderia ser em uma idade mais reduzida, o que teria implica&ccedil;&otilde;es judiciais, porque existe tamb&eacute;m uma grande discuss&atilde;o sobre a imputabilidade de pessoas diagnosticadas com o transtorno. [A nova vers&atilde;o acabou mantendo o limite de idade em 18 anos.]</div> <div> &nbsp;</div> <div> Os novos crit&eacute;rios do DSM v&atilde;o ajudar a melhorar a tensa rela&ccedil;&atilde;o entre psiquiatras e psic&oacute;logos?</div> <div> &nbsp;</div> <div> As modifica&ccedil;&otilde;es nos crit&eacute;rios de diagn&oacute;sticos transcendem essa discuss&atilde;o. Elas n&atilde;o v&atilde;o nem melhorar nem piorar essa tens&atilde;o. As mudan&ccedil;as propostas s&atilde;o baseadas em evid&ecirc;ncia.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Na minha vis&atilde;o, n&atilde;o existe essa animosidade entre psiquiatras e psic&oacute;logos. A tens&atilde;o que existe &eacute; entre psiquiatras e um grupo de psic&oacute;logos que tem dominado as entidades de classe.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Eles representam um grupo da psicologia social que n&atilde;o admite a possibilidade de diagn&oacute;stico psiqui&aacute;trico, o que n&atilde;o &eacute; a realidade da psicologia como um todo.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Tenho bastante conviv&ecirc;ncia com a psicologia dentro de meios universit&aacute;rios, com o pessoal da neuropsicologia e com diversas &aacute;reas cl&iacute;nicas, e n&atilde;o sinto animosidade por parte desses outros grupos.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que existe &eacute; um grupo espec&iacute;fico da psicologia social que domina as entidades de classe da psicologia e, ao mesmo tempo, tenta desqualificar os diagn&oacute;sticos em sa&uacute;de mental.</div> <div> &nbsp;</div> <div> N&atilde;o vejo isso como uma dicotomia entre psicologia e psiquiatria.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Um dos grandes cr&iacute;ticos do DSM-5 nos EUA foi Allen Frances, psiquiatra que tinha coordenado o DSM-4. O que esses ataques partindo de algu&eacute;m t&atilde;o pr&oacute;ximo representaram para a APA?</div> <div> &nbsp;</div> <div> O exaustivo processo de revis&atilde;o da evid&ecirc;ncia cient&iacute;fica para o DSM-5, as an&aacute;lises secund&aacute;rias que foram feitas dentro de cada diagn&oacute;stico com base em dados dispon&iacute;veis e os testes de campo avaliando a utilidade cl&iacute;nica e a confiabilidade foram processos que em nada se diferenciam daqueles do DSM-4.</div> <div> &nbsp;</div> <div> Se Allen Frances se sentiu magoado por n&atilde;o ter sido convidado para participar do processo do DSM-5 &eacute; algo que tem de ser perguntado a ele.</div> <div> &nbsp;</div> <div> O que &eacute; mais importante o p&uacute;blico leigo entender sobre as mudan&ccedil;as na psiquiatria?</div> <div> &nbsp;</div> <div> A mensagem &eacute; que o DSM-5 que vai aparecer em maio de 2013 &eacute; o melhor esfor&ccedil;o poss&iacute;vel, dado o grau de evid&ecirc;ncia cient&iacute;fica dispon&iacute;vel no momento, para que haja um avan&ccedil;o na forma de diagnosticar e de acolher os portadores de problemas de sa&uacute;de mental.</div> </div> <p>&nbsp;</p>


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