Internação de viciados em crack começa em São Paulo

Publicado em:  21/01/2013

<p>&nbsp;</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">As interna&ccedil;&otilde;es compuls&oacute;rias ou involunt&aacute;rias de dependentes qu&iacute;micos na regi&atilde;o da Cracol&acirc;ndia come&ccedil;am nesta segunda-feira (21) em S&atilde;o Paulo. Trata-se do trabalho conjunto de profissionais da sa&uacute;de, do Minist&eacute;rio P&uacute;blico, do Tribunal de Justi&ccedil;a de S&atilde;o Paulo (TJSP) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A medida foi oficializada pelo Governo do estado no &uacute;ltimo dia 11, com o objetivo de dar apoio aos usu&aacute;rios de drogas, fornecendo principalmente tratamento ambulatorial e fazendo o maior n&uacute;mero poss&iacute;vel de interna&ccedil;&otilde;es volunt&aacute;rias.</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">De acordo com a secretaria estadual de Justi&ccedil;a, haver&aacute; um plant&atilde;o jur&iacute;dico no Centro de Refer&ecirc;ncia de &Aacute;lcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), no bairro do Bom Retiro, com ju&iacute;zes, promotores p&uacute;blicos e advogados designados pela OAB.</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">O funcionamento ser&aacute; de segunda-feira a sexta-feira, das 9h &agrave;s 13h. A opera&ccedil;&atilde;o come&ccedil;a pelo pr&oacute;prio bairro, com os agentes percorrendo toda a regi&atilde;o para avaliar quais s&atilde;o os dependentes qu&iacute;micos em maior situa&ccedil;&atilde;o de risco e sem consci&ecirc;ncia de seus atos. Eles ser&atilde;o dirigidos &agrave; interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria ou involunt&aacute;ria somente depois de uma avalia&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica e judicial.</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">O professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de S&atilde;o Paulo (Unifesp), Ronaldo Laranjeira, mostrou-se favor&aacute;vel &agrave; medida. Segundo ele, os dependentes qu&iacute;micos que est&atilde;o muito envolvidos com drogas, principalmente com o crack, perdem a consci&ecirc;ncia. &ldquo;Isso j&aacute; vem acontecendo h&aacute; um bom tempo e temos que entender o que &eacute; compuls&oacute;ria, que &eacute; o determinado pela Justi&ccedil;a, e involunt&aacute;ria, que &eacute; feita pelo m&eacute;dico e fam&iacute;lia. No estado de S&atilde;o Paulo j&aacute; temos cerca de 700 leitos especializados e metade j&aacute; est&atilde;o sendo ocupados pelas vagas compuls&oacute;rias ou involunt&aacute;rias.&quot;</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">Para Laranjeira, o que se prop&otilde;e com esse projeto &eacute; uma melhor sistematiza&ccedil;&atilde;o da lei, come&ccedil;ando por um regi&atilde;o onde h&aacute; pessoas em condi&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica de sa&uacute;de mental e f&iacute;sica e apurando a necessidade da interna&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Isso nada mais &eacute; do que cuidados mais intensivos. As classes m&eacute;dia e alta, que t&ecirc;m dinheiro, j&aacute; fazem interna&ccedil;&atilde;o involunt&aacute;ria e compuls&oacute;ria o tempo todo. &Eacute; um direito das pessoas que s&oacute; contam com o Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de (SUS), como &eacute; o caso da Cracol&acirc;ndia, receber esse cuidado extremo.&quot;</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">O vice-presidente do Conselho Regional de Servi&ccedil;o Social de S&atilde;o Paulo (CRESS-SP), Marcos Valdir Silva, avalia justamente o contr&aacute;rio. Para ele, a retirada e a interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria desses dependentes n&atilde;o passa de uma pol&iacute;tica de higieniza&ccedil;&atilde;o do centro da cidade. &ldquo;Defendemos que haja pol&iacute;ticas p&uacute;blicas integradas e n&atilde;o s&oacute; uma a&ccedil;&atilde;o repressora, que n&atilde;o foi discutida com a sociedade e profissionais da &aacute;rea, e que no fundo s&oacute; quer resolver a ponta do iceberg e buscar uma solu&ccedil;&atilde;o para aqueles que est&atilde;o gerando problema coletivo.&quot;</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">Silva avalia que as interna&ccedil;&otilde;es compuls&oacute;rias v&atilde;o criar grandes e lotados manic&ocirc;mios. Segundo ele, uma solu&ccedil;&atilde;o para evitar isso &eacute; dif&iacute;cil, mas deve come&ccedil;ar com investimentos na preven&ccedil;&atilde;o do uso de drogas, nos centros de apoio psicossocial, al&eacute;m do cumprimento do que est&aacute; previsto na lei no que se refere &agrave; depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica. &ldquo;A interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria reprime. O dependente de drogas precisa de tratamento e n&atilde;o ser privado de liberdade e ser submetido a um tratamento.&quot; Para Silva, ao sair d interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria &eacute; certo que o paciente recaia na depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica.</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">O vice-presidente da Comiss&atilde;o Especial da Crian&ccedil;a e do Adolescente do Conselho Federal da OAB, Ariel de Castro Alves, ressaltou que os dois tipos de interna&ccedil;&atilde;o est&atilde;o previstos na lei e podem ser aplicados, com a ressalva de que n&atilde;o sejam usados como limpeza social. &ldquo;A interna&ccedil;&atilde;o involunt&aacute;ria ou compuls&oacute;ria s&oacute; deve ser aplicada nos casos cr&ocirc;nicos que j&aacute; foram atendidos em v&aacute;rios programas sociais e de sa&uacute;de p&uacute;blica sem efeito. Nesses casos, a &uacute;ltima tentativa &eacute; essa interven&ccedil;&atilde;o excepcional para tentar salvar a pessoa.&quot;</p><p style="margin: 12px 10px 12px 0px; padding: 0px; list-style: none; border: none; font-family: verdana, arial, helvetica, sans-serif; color: rgb(0, 0, 0); line-height: 16px; text-align: justify;">Segundo Ariel, &eacute; preciso levar em conta que se todas as tentativas n&atilde;o surtirem efeito muitos desses dependentes qu&iacute;micos podem cometer crimes e ir para as penitenci&aacute;rias ou mesmo serem assassinados na rua. &ldquo;O papel do poder p&uacute;blico &eacute; garantir a prote&ccedil;&atilde;o e o bem estar social das pessoas. Se as medidas forem no sentido de garantir a prote&ccedil;&atilde;o social como &uacute;ltima sa&iacute;da para salvaguardar a vida &eacute; pertinente, mas deve ser feita uma an&aacute;lise individual e n&atilde;o generalizada, com as pessoas sendo recolhidas &agrave; for&ccedil;a&rdquo;, disse.</p>


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