MP quer que prefeitura articule internação involuntária

Publicado em:  04/06/2013

<h1> &nbsp;</h1> <p>Henry Milleo/ Gazeta do Povo</p><ul id="foto"><li><img src="http://www.gazetadopovo.com.br/m/midia_tmp/270--ambulancia_0406treze.jpg" /></li><li class="legenda">Segundo o MP, socorristas e m&eacute;dicos n&atilde;o est&atilde;o preparados para lidar com emerg&ecirc;ncias que envolvam pacientes psiqui&aacute;tricos</li></ul><p>O Minist&eacute;rio P&uacute;blico (MP) Estadual fez uma cobran&ccedil;a formal para que a rede de atendimento de emerg&ecirc;ncia de Curitiba cumpra o seu papel e encaminhe pacientes com problemas psiqui&aacute;tricos e usu&aacute;rios de drogas e &aacute;lcool em estado grave para internamento involunt&aacute;rio (sem o consentimento do paciente). A recomenda&ccedil;&atilde;o administrativa, expedida pela promotora Fernanda Garcez, diz que o Servi&ccedil;o de Atendimento M&oacute;vel de Urg&ecirc;ncia (Samu) e os Centros Municipais de Urg&ecirc;ncias M&eacute;dicas (CMUMs) devem ser os respons&aacute;veis por acolher e avaliar se o paciente necessita ser internado. Dessa forma, caberia tanto ao Samu quanto ao CMUM procurar leitos e encaminhar os casos urgentes para tratamento hospitalar.</p><p><a class="ui-link" href="http://www.gazetadopovo.com.br/m/#ancora">INFOGR&Aacute;FICO: Leitos p&uacute;blicos para interna&ccedil;&atilde;o psiqui&aacute;trica ca&iacute;ram no Paran&aacute; e em Curitiba</a></p><p>A cobran&ccedil;a foi feita porque, segundo a promotora, hoje h&aacute; uma precariedade na articula&ccedil;&atilde;o e integra&ccedil;&atilde;o entre os servi&ccedil;os de atendimento emergencial. &ldquo;Muitos pacientes em casos urgentes n&atilde;o s&atilde;o internados, o que causa agravamento do quadro cl&iacute;nico dessas pessoas&rdquo;, explica. Fernanda diz que muitas vezes o encaminhamento &agrave; interna&ccedil;&atilde;o involunt&aacute;ria n&atilde;o &eacute; feito, principalmente, pela falta de preparo dos profissionais de sa&uacute;de em lidar com essa situa&ccedil;&atilde;o.</p><p>&ldquo;H&aacute; a ideia de que a pessoa n&atilde;o pode ser internada sem sua vontade. Mas ela pode&rdquo;, ressalta Fernanda. A legisla&ccedil;&atilde;o permite que as interna&ccedil;&otilde;es involunt&aacute;rias ocorram desde que um terceiro solicite e um m&eacute;dico ateste a necessidade. &ldquo;A nossa cobran&ccedil;a &eacute; para que as pessoas em estado grave e em surto psic&oacute;tico tenham tratamento adequado o mais r&aacute;pido poss&iacute;vel&rdquo;, explica.</p><p>A promotora salienta que a medida n&atilde;o significa que todo atendimento psiqui&aacute;trico deva resultar em interna&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Mas os m&eacute;dicos do Samu e do CMUM devem saber filtrar a gravidade da situa&ccedil;&atilde;o e, nos casos de urg&ecirc;ncia psiqui&aacute;trica, solicitar a interna&ccedil;&atilde;o. Isso deveria acontecer em todo o estado.&rdquo;</p><p><strong>Despreparo</strong></p><p>O presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Andr&eacute; Rotta, confirma a falta de preparo dos m&eacute;dicos e socorristas que atendem casos de urg&ecirc;ncia. &ldquo;Infelizmente, por n&atilde;o haver servi&ccedil;os de emerg&ecirc;ncia psiqui&aacute;trica em Curitiba e profissionais treinados nos servi&ccedil;os de emerg&ecirc;ncia cl&iacute;nica, n&atilde;o temos psiquiatras atendendo em hospitais. Acredito que os servi&ccedil;os de emerg&ecirc;ncia e urg&ecirc;ncia do nosso munic&iacute;pio hoje n&atilde;o estejam aptos a atend&ecirc;-los&rdquo;, afirma.</p><p>O diretor estadual de Pol&iacute;ticas de Urg&ecirc;ncia e Emerg&ecirc;ncia e coordenador do Samu, Vin&iacute;cius Filipak, afirma que todo ano os profissionais passam por capacita&ccedil;&otilde;es para atender qualquer caso de urg&ecirc;ncia. &ldquo;Conforme a gravidade do paciente com transtorno mental &eacute; poss&iacute;vel que ele seja encaminhado direto para o hospital de acordo com as vagas de leitos dispon&iacute;veis&rdquo;, salienta.</p><p><big><strong>Prefeitura afirma que j&aacute; faz encaminhamento</strong></big></p><p>A Secretaria de Sa&uacute;de de Curitiba, por meio da assessoria de imprensa, informou que psiquiatras fazem consultas di&aacute;rias nas oito unidades do Centro Municipal de Urg&ecirc;ncias M&eacute;dicas (CMUM). O objetivo, segundo o &oacute;rg&atilde;o municipal, &eacute; dar o encaminhamento adequado aos pacientes que d&atilde;o entrada nessas unidades. &ldquo;Dependendo de cada caso e conforme a avalia&ccedil;&atilde;o psiqui&aacute;trica, os pacientes podem ser encaminhados para hospitais psiqui&aacute;tricos de Curitiba e regi&atilde;o para atendimento nos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) ou mesmo acompanhamento m&eacute;dico nas unidades b&aacute;sicas de sa&uacute;de&rdquo;, informa a secretaria.</p><p>Em maio, foi inaugurado pela prefeitura de Curitiba o Caps 24 horas do Boqueir&atilde;o, com 13 vagas para acolher pacientes portadores de transtornos mentais durante a noite e capacidade de atender at&eacute; 400 pessoas por m&ecirc;s.</p><p>Para atender os usu&aacute;rios de &aacute;lcool e drogas, foi ampliado o hor&aacute;rio de atendimento dos Caps Cajuru e Port&atilde;o, que agora funcionam em tempo integral, inclusive nos finais de semana, num total de 21 vagas noturnas. Para crian&ccedil;as e adolescentes com depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica, a rede de sa&uacute;de mental oferece o servi&ccedil;o 24 horas do Caps Centro Vida, na Vila Izabel, com cinco vagas noturnas.<br /> <a class="ui-link" name="ancora"></a></p> <center> <img border="0" src="http://www.gazetadopovo.com.br/midia/info_leitos_0406treze.jpg" /></center> <div id="extraconteudo"> <h5> Capital tem menos leitos do que a OMS recomenda</h5> <p>A quantidade de leitos psiqui&aacute;tricos em Curitiba caiu 12% entre mar&ccedil;o de 2012 e mar&ccedil;o deste ano, segundo o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Os 668 leitos hoje existentes &ndash; sendo 379 destinados ao Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de (SUS) &ndash; n&atilde;o s&atilde;o capazes de atender a recomenda&ccedil;&atilde;o m&iacute;nima da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de Sa&uacute;de (OMS).</p><p>De acordo com a OMS, para uma assist&ecirc;ncia psiqui&aacute;trica adequada &eacute; necess&aacute;rio um leito psiqui&aacute;trico para cada mil habitantes. Hoje, a capital do Paran&aacute; tem 0,38 leito por mil moradores.</p><p>O mesmo acontece com a estrutura para interna&ccedil;&atilde;o psiqui&aacute;trica no estado. O Paran&aacute; viu o n&uacute;mero de leitos cair de 3.248 para 3.084 em um ano, ficando com 0,29 leito por habitante.</p><p>&ldquo;N&atilde;o existem leitos psiqui&aacute;tricos suficientes em Curitiba. O Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de aplica menos de 3% do or&ccedil;amento em sa&uacute;de mental. No Canad&aacute; s&atilde;o 11%&rdquo;, afirma o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Andr&eacute; Rotta.</p><p><strong>Fechamento</strong></p><p>Segundo ele, a Lei n.&ordm; 10.216/2001, que trata do assunto, fechou um grande n&uacute;mero de leitos psiqui&aacute;tricos nas &uacute;ltimas d&eacute;cadas.</p><p>&ldquo;Desta forma, muitos pacientes que necessitavam de internamentos ficaram desassistidos. Sabe-se, atrav&eacute;s dos trabalhos cient&iacute;ficos, que existem pacientes que necessitam de internamento seja para recuperar-se de um surto psic&oacute;tico, seja para evitar uma crise de abstin&ecirc;ncia causada pela depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica, seja para proteg&ecirc;-lo de uma tentativa de suic&iacute;dio&rdquo;, diz.</p></div> <div id="extraconteudo"> <h5> Gloss&aacute;rio</h5> <p><i>Saiba como diferenciar os tipos de interna&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica:</i></p><p><strong>Interna&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria</strong>: Quando o paciente aceita ser internado e tem o apoio da fam&iacute;lia.</p><p><strong>Interna&ccedil;&atilde;o involunt&aacute;ria</strong>: &Eacute; quando o familiar ou um terceiro solicita a interna&ccedil;&atilde;o, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito pelo m&eacute;dico. A lei determina que, nesses casos, os respons&aacute;veis t&eacute;cnicos do estabelecimento de sa&uacute;de t&ecirc;m prazo de 72 horas para informar ao Minist&eacute;rio P&uacute;blico da comarca sobre a interna&ccedil;&atilde;o e seus motivos. O objetivo &eacute; evitar a possibilidade de esse tipo de interna&ccedil;&atilde;o ser utilizado para a pr&aacute;tica de c&aacute;rcere privado.</p><p><strong>Interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria</strong>: Neste caso, n&atilde;o &eacute; necess&aacute;ria a autoriza&ccedil;&atilde;o familiar. O artigo 9.&ordm; da Lei n&ordm; 10.216/2001 estabelece a possibilidade da interna&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria, sendo esta sempre determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal, feito por um m&eacute;dico, atestando que a pessoa n&atilde;o tem dom&iacute;nio sobre a sua condi&ccedil;&atilde;o psicol&oacute;gica e f&iacute;sica.</p></div> <p>&nbsp;</p>


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