Quando a busca pela saúde se torna uma doença

Publicado em:  02/09/2013

<ul id="foto"><li><img src="http://www.gazetadopovo.com.br/m/midia_tmp/270--saude_capa_2913.jpg" /></li></ul><p>A busca por uma vida saud&aacute;vel pode se transformar em dois problemas psiqui&aacute;tricos s&eacute;rios e de dif&iacute;cil diagn&oacute;stico: a vigorexia e a ortorexia. O primeiro &eacute; mais conhecido e se trata da obsess&atilde;o pelo corpo perfeito, com m&uacute;sculos bem definidos, o que gera uma pr&aacute;tica intensa de exerc&iacute;cios f&iacute;sicos. O segundo ainda n&atilde;o foi reconhecido pela Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de Sa&uacute;de, mas &eacute; investigado h&aacute; mais de uma d&eacute;cada e se trata da busca por uma alimenta&ccedil;&atilde;o livre de elementos considerados nocivos, como corantes, aromatizantes, conservantes, pesticidas, a&ccedil;&uacute;cares e gorduras.</p><p>Ambos geram sofrimento ps&iacute;quico para a pessoa e podem ter efeitos f&iacute;sicos, como queda de imunidade e perda de alguns nutrientes importantes, por causa da <nobr><a class="FAtxtL" href="http://www.gazetadopovo.com.br/m/#" id="FALINK_1_0_0">dieta</a></nobr> extremamente restrita, do excesso de exerc&iacute;cios e do uso de anabolizantes. O primeiro alerta &eacute; quando o que parecia ser um comportamento normal come&ccedil;a a afetar a vida social da pessoa e causa um forte estresse por se tornar a principal preocupa&ccedil;&atilde;o do indiv&iacute;duo.</p><p>&ldquo;No momento em que h&aacute; perdas em outras &aacute;reas important&iacute;ssimas, como na vida social e no <nobr><a class="FAtxtL" href="http://www.gazetadopovo.com.br/m/#" id="FALINK_3_0_2">trabalho</a></nobr>, &eacute; preciso ficar atento&rdquo;, comenta o psicoterapeuta T&ocirc;nio Luna.</p><p>O psiquiatra Alexandre Karam Mousfi, do Hospital de Cl&iacute;nicas de Curitiba, d&aacute; exemplos do que podem ser sinais da ortorexia e da vigorexia. &ldquo;Perder muito tempo controlando a alimenta&ccedil;&atilde;o ou em academias, causando interfer&ecirc;ncia nas atividades laborais, de lazer ou nos relacionamentos interpessoais. Ou adotar pr&aacute;ticas que trazem consequ&ecirc;ncias negativas para a sa&uacute;de, como o uso de ester&oacute;ides e anabolizantes.&rdquo;</p><p><strong>Tratamento</strong></p><p>Integrante do Programa de Aten&ccedil;&atilde;o aos Transtornos Alimentares (Proata) da Uni&shy;&shy;versidade Federal de S&atilde;o Paulo (Unifesp), o psiquiatra Glauber Higa Kaio afirma que quem possui um quadro de ortorexia ou vigorexia n&atilde;o costuma buscar tratamento por causa desses comportamentos especificamente. &ldquo;A queixa normalmente &eacute; outra. No caso da vigorexia, por exemplo, o indiv&iacute;duo ou familiares v&ecirc;m em busca de tratamento para um quadro de bipolaridade ou de irritabilidade muito grave. Aos poucos &eacute; que vamos descobrindo qual o real problema&rdquo;, diz Kaio, que tamb&eacute;m faz parte da equipe de Cirurgia Bari&aacute;trica do Hospital de Cl&iacute;nicas da UFPR.</p><p>De acordo com Luna, &eacute; essencial a participa&ccedil;&atilde;o das pessoas pr&oacute;ximas ao doente para que o tratamento do transtorno avance. &ldquo;Trabalhamos muito com a fam&iacute;lia ou grupo de amigos para que o tratamento funcione&rdquo;, diz. Al&eacute;m do trabalho em consult&oacute;rio, normalmente o tratamento desses comportamentos envolve medicamentos e exige um acompanhamento multidisciplinar.</p><p><strong>Preval&ecirc;ncia</strong></p><p>Por ainda n&atilde;o ser considerada um transtorno alimentar oficialmente, n&atilde;o existem estat&iacute;sticas sobre a ortorexia. Segundo o psiquiatra Glauber Higa Kaio, do Programa de Aten&ccedil;&atilde;o aos Transtornos Alimentares da Universidade Federal de S&atilde;o Paulo, existe um estudo que indica a preval&ecirc;ncia desse comportamento entre homens de 20 a 45 anos. No caso da vigorexia, estudos indicam que a preval&ecirc;ncia &eacute; entre os homens mais jovens, entre 15 a 30 anos.</p> <div id="extraconteudo"> <h5> Obcecados por uma dieta 100% pura</h5> <p>A ortorexia &eacute; caracterizada por uma preocupa&ccedil;&atilde;o exagerada com a qualidade dos alimentos que ser&atilde;o consumidos. O indiv&iacute;duo quer manter uma dieta com alimentos completamente livres de herbicidas, pesticidas e subst&acirc;ncias artificiais, como corantes e conservantes. Alimentos com gordura, a&ccedil;&uacute;car e sal tamb&eacute;m s&atilde;o riscados do card&aacute;pio. Al&eacute;m disso, quem tem esse comportamento se preocupa excessivamente em planejar suas refei&ccedil;&otilde;es.</p><p>Tanta preocupa&ccedil;&atilde;o acaba acarretando em um estresse psicol&oacute;gico e na restri&ccedil;&atilde;o do consumo de muitos alimentos. Dessa forma, a pessoa chega a ter perdas nutricionais. Muitas vezes, o quadro &eacute; confundido com o de anorexia. Mas diferente do anor&eacute;xico, a pessoa com ortorexia n&atilde;o busca ficar cada vez mais magra.</p><p>&ldquo;N&atilde;o se trata de uma quest&atilde;o de <nobr><a class="FAtxtL" href="http://www.gazetadopovo.com.br/m/#" id="FALINK_2_0_1">peso</a></nobr>, mas &eacute; uma fobia que a pessoa desenvolve s&oacute; de pensar no problema que algum alimento pode causar&rdquo;, diz a nutricionista e consultora da Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Nutri&ccedil;&atilde;o (Asbram), Daniela Caetano.</p><p>Ela observa que esse comportamento, al&eacute;m de causar um isolamento social, pode acabar levando a pessoa a ter perdas nutricionais importantes. &ldquo;Se a pessoa acha que algum alimento n&atilde;o &eacute; saud&aacute;vel, ela o exclui completamente, sem a preocupa&ccedil;&atilde;o de fazer algum tipo de substitui&ccedil;&atilde;o. Isso acarreta em perdas de nutrientes, o que pode levar a uma anemia ou a uma osteoporose, por exemplo&rdquo;, diz.</p></div> <div id="extraconteudo"> <h5> A S&iacute;ndrome de Ad&ocirc;nis</h5> <p>A vigorexia, tamb&eacute;m conhecida como S&iacute;ndrome de Ad&ocirc;nis, est&aacute; vinculada ao transtorno dism&oacute;rfico corporal, que &eacute; uma obsess&atilde;o por alguma parte do corpo. Quando essa fixa&ccedil;&atilde;o &eacute; relacionada aos m&uacute;sculos e combinada com a pr&aacute;tica excessiva de exerc&iacute;cios f&iacute;sicos, ent&atilde;o tem-se caracterizado um quadro de vigorexia, que tamb&eacute;m &eacute; chamada de anorexia reversa.</p><p>&ldquo;Nesse caso, a pessoa est&aacute; super musculosa, mas se olha no espelho e se acha magra. Por isso o nome anorexia reversa&rdquo;, explica o psiquiatra Glauber Higa Kaio, do Programa de Aten&ccedil;&atilde;o aos Transtornos Alimentares (Proata) da Universidade Federal de S&atilde;o Paulo (Unifesp) e integrante da Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Psiquiatria (ABP).</p><p>Kaio explica que pessoas que vivem esse tipo de problema passam a deixar atividades sociais em segundo plano e abrir m&atilde;o do conv&iacute;vio familiar para ficarem na academia se exercitando. &ldquo;At&eacute; o sono a pessoa deixa de lado algumas vezes&rdquo;, afirma.</p><p>Ele ainda aponta como caracter&iacute;sticas de quem tem esse problema ficar se comparando com o outro, medindo seus m&uacute;sculos e se olhando no espelho todo o tempo. O consumo de anabolizantes e ester&oacute;ides entre pessoas com vigorexia tamb&eacute;m &eacute; muito comum. Os efeitos colaterais dessas subst&acirc;ncias &eacute; a principal causa dos problemas que levam quem tem vigorexia a buscar o tratamento m&eacute;dico.</p></div> <p>&nbsp;</p>


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