Psiquiatra alerta para importância da família no tratamento de bipolares

Publicado em:  24/10/2013

<p>&ldquo;&Eacute; imposs&iacute;vel tratar pacientes bipolares sem o apoio da fam&iacute;lia&rdquo;. Essa foi uma das convic&ccedil;&otilde;es que Doris Moreno, doutora em psiquiatria pela Universidade de S&atilde;o Paulo (USP), trouxe para apresenta&ccedil;&atilde;o no XXXI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que acontece em <a class="premium-tip" href="http://g1.globo.com/pr/parana/cidade/curitiba.html">Curitiba</a> at&eacute; s&aacute;bado (26). Para Moreno, al&eacute;m do aux&iacute;lio no decorrer do tratamento, a proximidade da fam&iacute;lia tamb&eacute;m &eacute; importante para aux&iacute;lio no diagn&oacute;stico do transtorno bipolar.</p><p>A doen&ccedil;a atinge cerca de 4% da popula&ccedil;&atilde;o adulta no Brasil, o que representa 6 milh&otilde;es de pessoas, de acordo com a Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB).&nbsp; O transtorno &eacute; geneticamente determinado e caracterizado por altera&ccedil;&otilde;es de humor, comportamento, racioc&iacute;nio e sentimentos, que se alternam entre tr&ecirc;s fases, chamadas de epis&oacute;dios &ndash; mania, hipomania, e depress&atilde;o. Segundo Moreno, os estudo atuais da &aacute;rea ainda apontam para epis&oacute;dios mistos entre estes tr&ecirc;s cen&aacute;rios, e h&aacute; ainda os per&iacute;odos de normalidade, quando o paciente est&aacute; controlado.</p><p>Apesar de ser costumeiramente descoberto na idade adulta, os sintomas do transtorno bipolar come&ccedil;am a ser manifestar ainda na inf&acirc;ncia e na adolesc&ecirc;ncia, atingindo o pico entre os 15 e os 19 anos. &ldquo;Os sintomas v&atilde;o em ascend&ecirc;ncia dos cinco anos, e, at&eacute; os 20, a doen&ccedil;a j&aacute; est&aacute; desenvolvida. Muitas vezes os sinais inicias s&atilde;o falta de aten&ccedil;&atilde;o e irritabilidade&rdquo;, explica a doutora. Ela alerta os psiquiatras de que &eacute; preciso muito cuidado com o diagn&oacute;stico, j&aacute; que muitas destas caracter&iacute;sticas se confundem com outros problemas, como o d&eacute;ficit de aten&ccedil;&atilde;o e a hiperatividade, al&eacute;m das caracter&iacute;sticas comuns do comportamento dos jovens.</p><p>Neste sentido, a fam&iacute;lia tem papel fundamental para identificar comportamentos que se manifestam nas crian&ccedil;as e adolescentes, explica a psiquiatra. &ldquo;Em geral, &eacute; percebido pelos sintomas de depress&atilde;o. A pessoa fica mais ap&aacute;tica, com menos energia, dorme mais, mais cansa&ccedil;o, menos gra&ccedil;a na vida, as coisas j&aacute; n&atilde;o interessam tanto, a concentra&ccedil;&atilde;o come&ccedil;a a falhar&rdquo;. &Eacute; poss&iacute;vel tamb&eacute;m perceber sinais de transtorno bipolar atrav&eacute;s de comportamentos t&iacute;picos de mania. &ldquo;A pessoa fica mais desinibida socialmente, mais expansiva, com aumento de energia mental e f&iacute;sica e de impulso. Na mania sempre tem impulsividade, e os sintomas geram consequ&ecirc;ncias como grandes d&iacute;vidas, transar sem preservativos achando que n&atilde;o vai acontecer nada, brigas, grandiosidade delirante&rdquo;, detalha a psiquiatra.</p> <div class="foto componente_materia midia-largura-620"> <img alt="Doris Moreno falou sobre transtorno bipolar no Congresso Brasileiro de Psiquiatria (Foto: Fernando Castro/ G1)" height="465" src="http://s2.glbimg.com/bFB9B-C-zYNeb6MH_w0usmJ2-dA=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/10/24/doris_moreno.jpg" title="Doris Moreno falou sobre transtorno bipolar no Congresso Brasileiro de Psiquiatria (Foto: Fernando Castro/ G1)" width="620" /><strong>Doris Moreno falou sobre transtorno bipolar no Congresso de Psiquiatria (Foto: Fernando Castro/ G1)</strong></div> <p>J&aacute; na hipomania, os sintomas s&atilde;o parecidos com os da mania, mas, por se apresentarem em um grau menor, s&atilde;o mais dif&iacute;ceis de serem identificados. &ldquo;O per&iacute;odo de hipomania, em geral, passa despercebido, passa por uma fase boa, mais produtiva. Mas o que acontece nessas situa&ccedil;&otilde;es &eacute; que a pessoa aumenta a libido, faz tatuagens a mais, coloca piercings e a impulsividade aumenta. A pessoa come&ccedil;a a se encher e achar mon&oacute;tono o que est&aacute; fazendo, come&ccedil;a a pensar em um monte de outras ideias que seriam mais legais. Ent&atilde;o, essas pessoas n&atilde;o conseguem ir para frente&rdquo;, diz Moreno.</p><p>Ela diz que &eacute; comum que estas manifesta&ccedil;&otilde;es de sinais de bipolaridade n&atilde;o sejam associadas uma com a outra, por&eacute;m, a percep&ccedil;&atilde;o deste sinais e o relato de todos eles para o m&eacute;dico psiquiatra &eacute; fundamental para o diagn&oacute;stico, explica Moreno. &ldquo;O psiquiatra &eacute; quem ir&aacute; avaliar se precisar dar rem&eacute;dio, ou n&atilde;o. &Eacute; o psiquiatra que encaminha para a terapia, tudo isso a partir do diagn&oacute;stico, que &eacute; o ponto inicial, o que d&aacute; o norte para a conduta&rdquo;, salienta.</p> <div class="frase-materia componente_materia expandido"> <div class="frase"> O psiquiatra &eacute; quem ir&aacute; avaliar se precisar dar rem&eacute;dio, ou n&atilde;o. &Eacute; o psiquiatra que encaminha para a terapia, tudo isso a partir do diagn&oacute;stico, que &eacute; o ponto inicial, o que d&aacute; o norte para a conduta&quot;</div> <div class="autor"> Doris Moreno, psiquiatra</div> </div> <p>Mesmo ap&oacute;s o in&iacute;cio do tratamento, a presen&ccedil;a da fam&iacute;lia continua sendo de fundamental import&acirc;ncia, de acordo com Moreno. &ldquo;&Eacute; a fam&iacute;lia que traz para o m&eacute;dico, a fam&iacute;lia &eacute; importante para a ades&atilde;o ao tratamento. N&atilde;o s&oacute; na fase aguda, mas tamb&eacute;m para fazer com que o paciente tome a medica&ccedil;&atilde;o ao longo do tempo, porque sem isso n&atilde;o adianta&rdquo;, analisa. Por isso, a psiquiatra ressalta que os familiares tamb&eacute;m precisam entender sobre o transtorno e suas consequ&ecirc;ncias. &ldquo;Como a doen&ccedil;a &eacute; cr&ocirc;nica, de vida toda, o que acontece &eacute; que quando a pessoa est&aacute; em depress&atilde;o todo mundo apoia, as pessoas entendem, e, em geral, o paciente n&atilde;o est&aacute; agressivo. Mas quando ele entra em mania ou hipomania, que s&atilde;o as fases de mais agita&ccedil;&atilde;o, em que o paciente acha que &eacute; o dono da raz&atilde;o, a fam&iacute;lia n&atilde;o entende, &eacute; muito dif&iacute;cil para lidar. A fam&iacute;lia &eacute; quem sofre o impacto do sintomas,&nbsp; e se eles n&atilde;o souberem que isso n&atilde;o &eacute; por sem-vergonhice, por mau-caratismo, chega uma hora que isso cansa&rdquo;, avalia a psiquiatra.</p><p>Outro ponto destacado por Moreno na rela&ccedil;&atilde;o entre o psiquiatra e a fam&iacute;lia do paciente &eacute; a constru&ccedil;&atilde;o de um quadro real&iacute;stico do comportamento do paciente fora do consult&oacute;rio. &ldquo;Eles distorcem a realidade. Um paciente pode dizer o contr&aacute;rio do que est&aacute; acontecendo em casa, e se voc&ecirc; n&atilde;o tiver essa informa&ccedil;&atilde;o precisa vai achar que a fam&iacute;lia &eacute; um monstro. O tratamento implica em avaliar em 360 graus, e por isso as fam&iacute;lias devem ser ensinadas e amparadas. N&oacute;s estamos diante de uma doen&ccedil;a complexa, um camale&atilde;o&rdquo;, concluiu a psiquiatra.</p><p>&nbsp;</p>


TAGS


<< Voltar