Psiquiatras debatem caso de gêmeos idênticos com esquizofrenia

Publicado em:  25/10/2013

<div class="listar-comentarios-topo botao-listar-comentarios glbComentarios-botao-topo"> &nbsp;</div> <div class="materia-conteudo entry-content" id="materia-letra"> <div> <div> <div class="foto componente_materia midia-largura-620"> <img alt="Psiquiatras debateram caso de gêmeos idênticos com esquizofrenia (Foto: Fernando Castro/ G1)" height="465" src="http://s2.glbimg.com/hDThp-AhpvtKUychXYuOyGj2htU=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/10/25/congresso_mesa.jpg" title="Psiquiatras debateram caso de gêmeos idênticos com esquizofrenia (Foto: Fernando Castro/ G1)" width="620" /><strong>Psiquiatras debateram caso de g&ecirc;meos id&ecirc;nticos com esquizofrenia (Foto: Fernando Castro/ G1)</strong></div> <p>Especialistas que participam do XXXI Congresso Brasileiro de Psiquiatria debateram nesta sexta-feira (25), em <a class="premium-tip" href="http://g1.globo.com/pr/parana/cidade/curitiba.html">Curitiba</a>, a hist&oacute;ria de g&ecirc;meos id&ecirc;nticos que apresentaram, ambos, esquizofrenia do tipo paranoide. O caso foi trazido para a sess&atilde;o de casos cl&iacute;nicos do evento pelo psiquiatra Orli Carvalho da Silva, do Instituto de Psiquiatria (IPUD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob supervis&atilde;o do psiquiatra Nelson Goldenstein.</p> <div class="saibamais componente_materia"> <strong>saiba mais</strong><ul><li><a href="http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2013/10/psiquiatra-alerta-para-importancia-da-familia-no-tratamento-de-bipolares.html" target="_blank">Psiquiatra alerta para import&acirc;ncia da fam&iacute;lia no tratamento de bipolares</a></li><li><a href="http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/05/usp-testa-remedio-para-hipertensao-arterial-que-pode-curar-esquizofrenia.html" target="_blank">USP testa rem&eacute;dio para hipertens&atilde;o contra sintomas da esquizofrenia</a></li><li><a href="http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-hoje/v/pesquisadores-brasileiros-avancam-no-estudo-da-esquizofrenia/2779709/" target="_blank">Pesquisadores brasileiros avan&ccedil;am no estudo da esquizofrenia</a></li></ul></div> <p>A esquizofrenia &eacute; um transtorno ps&iacute;quico que pode ser caracterizado por alucina&ccedil;&otilde;es, del&iacute;rios, fala desorganizada, catatonia e sintomas depressivos. N&atilde;o h&aacute; uma defini&ccedil;&atilde;o sobre a origem da doen&ccedil;a, sendo que h&aacute; evid&ecirc;ncias de pr&eacute;-disposi&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica, mas tamb&eacute;m outras relativas ao ambiente de viv&ecirc;ncia e decorrentes de doen&ccedil;as e comprometimentos de sa&uacute;de.</p><p>No Congresso, Silva apresentou o hist&oacute;rico de Sarak e Samsk &ndash; nomes fict&iacute;cios &ndash;, g&ecirc;meos id&ecirc;nticos de 19 anos que v&ecirc;m sendo tratados desde 2012 no IPUD. Monozig&oacute;ticos, Sarak foi o primeiro a nascer &ndash; gemelar 1 &ndash; enquanto Samsk &ndash; gemelar 2 -nasceu na sequ&ecirc;ncia. As primeiras manifesta&ccedil;&otilde;es evidentes da s&iacute;ndrome apareceram em 2010, quando Samsk come&ccedil;ou a ouvir vozes de tr&ecirc;s meninas que, ora conversavam com ele, ora o ofendiam. &ldquo;Diziam que ele n&atilde;o era um filho querido&rdquo;, explicou o psiquiatra.</p><p>Seis meses depois, ap&oacute;s deixar a escola para ajudar a cuidar do irm&atilde;o, Sarak tamb&eacute;m come&ccedil;ou a apresentar sintomas de esquizofrenia. &ldquo;Ele pensava: &lsquo;se aconteceu com meu irm&atilde;o, que gosta das mesas coisas que eu, que nasceu junto comigo, por que n&atilde;o vai acontecer comigo tamb&eacute;m&rsquo;?&rdquo;, lembrou Silva. No caso de Sarak, al&eacute;m das alucina&ccedil;&otilde;es auditivas que Samsk tamb&eacute;m apresentava, ele tamb&eacute;m tinha alucina&ccedil;&otilde;es visuais, nas quais olhos o vigiavam e o perseguiam constantemente. As vozes, ao inv&eacute;s de meninas, eram de uma fam&iacute;lia que conversava entre si, e com ele. &ldquo;Joga fora o ter&ccedil;o. Mate a sua m&atilde;e&rdquo;, eram exemplos do que Sarak ouvia.</p> <div class="foto componente_materia midia-largura-346"> <img alt="Orli Silva apresentou o caso dos pacientes do IPUD (Foto: Fernando Castro/ G1)" height="260" src="http://s2.glbimg.com/RkqyrakESwhRA9gaHBtBu-dc37A=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/10/25/congresso_orli.jpg" title="Orli Silva apresentou o caso dos pacientes do IPUD (Foto: Fernando Castro/ G1)" width="346" /><strong>Psiquiatra Orli Silva apresentou o caso dos pacientes<br /> g&ecirc;meos do IPUD (Foto: Fernando Castro/ G1)</strong></div> <p>Para ilustrar o caso, Silva apresentou entrevistas gravadas com os g&ecirc;meos, nas quais eles descreviam as alucina&ccedil;&otilde;es. &ldquo;Eu comecei a ouvir palavras, depois frases, e depois era como se as pessoas estivessem ali falando comigo, criticando, falando coisas de raiva, vingan&ccedil;a. Eu ficava muito nervoso, muito tempo dentro de casa, achava que as pessoas estavam contra mim. Eu era muito desconfiado&rdquo;, descreveu Samsk.&nbsp; Sarak contou ainda que tamb&eacute;m desenvolveu um &ldquo;batuque&rdquo;. &ldquo;Qualquer coisa de que eu sinto raiva, &oacute;dio, ou tristeza, eu balan&ccedil;o a cabe&ccedil;a&rdquo;, relatou. Ambos ainda disseram que frequentemente sentem bloqueio de pensamentos, sentem que as pessoas ao redor est&atilde;o ouvindo o que eles pensam , e ainda que as vozes &ldquo;roubam&rdquo; pensamentos.</p><p>Dois pontos em comum que os g&ecirc;meos desenvolveram a partir dos dez anos de idade foram uma religiosidade forte, em que as ora&ccedil;&otilde;es ajudam as &ldquo;espantar as vozes&rdquo;, al&eacute;m do apre&ccedil;o pela cultura do Jap&atilde;o. Segundo Silva, ambos gostam de se envolver com assuntos relacionados ao pa&iacute;s oriental, como, por exemplo, usar trajes t&iacute;picos. Eles se diferenciam, por&eacute;m, nas habilidades. Enquanto um gosta de desenhar mang&aacute;s &ndash; hist&oacute;rias em quadrinhos japonesas &ndash; outro preferiu aprender a falar a l&iacute;ngua japonesa. Outra diferen&ccedil;a &eacute; que um deles &eacute; destro, enquanto o outro &eacute; canhoto. &ldquo;Eu gosto de ser diferente&rdquo;, afirmou Sarak.</p><p><strong>An&aacute;lises</strong><br /> Ap&oacute;s a explana&ccedil;&atilde;o de Silva, debatedores fizeram observa&ccedil;&otilde;es sobre o caso cl&iacute;nico. O psiquiatra Jos&eacute; Alberto Del Porto, da Universidade Federal de S&atilde;o Paulo (Unifesp), relacionou a s&iacute;ndrome aos fatos de que os g&ecirc;meos nasceram prematuros, com complica&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de ap&oacute;s o parto, com atrasos de desenvolvimento que apresentaram posteriormente. &ldquo;Al&eacute;m da exposi&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica comum, existem os fatores ambientais que contribuem para esse desenvolvimento. O del&iacute;rio tende a progredir ao longo do tempo, sendo que cada g&ecirc;meo refor&ccedil;a o del&iacute;rio do outro&rdquo;, analisou Del Porto.</p> <div class="frase-materia componente_materia expandido"> <div class="frase"> O del&iacute;rio tende a progredir ao longo do tempo, sendo que cada g&ecirc;meo refor&ccedil;a o del&iacute;rio do outro&quot;</div> <div class="autor"> Jos&eacute; Alberto Del Porto, psiquiatra</div> </div> <p>J&aacute; o psiquiatra M&aacute;rio Louz&atilde;, do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Cl&iacute;nicas da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP), observou a impress&atilde;o de que os g&ecirc;meos pareciam uma pessoa s&oacute;. &ldquo;Me parece que eles t&ecirc;m quase uma simbiose ao longo da vida, um jeito estranho de conviver. N&atilde;o &eacute; um par de g&ecirc;meos que cada um &eacute; um indiv&iacute;duo, essa fus&atilde;o entre duas identidades me chamou a aten&ccedil;&atilde;o&rdquo;, afirmou. Ele ainda mostrou surpresa com o fato de que o gemelar 2 tem um menor comprometimento afetivo. &ldquo;A gente espera que o segundo ao nascer seja o mais comprometido afetivamente, porque ele corre um risco maior&rdquo;, detalhou.</p><p>Louz&atilde; ainda sugeriu a Silva que, al&eacute;m da manuten&ccedil;&atilde;o da medica&ccedil;&atilde;o, os g&ecirc;meos passassem a ter vidas mais independentes um do outro. &ldquo;Eles se retroalimentam mutuamente. Cada um deveria ter a sua terapia, al&eacute;m daquelas coisas b&aacute;sicas em g&ecirc;meos &ndash; estudar em classes separadas, etc.&rdquo;. Com rela&ccedil;&atilde;o a esse ponto, Silva esclareceu que cada g&ecirc;meo &eacute; atendido por um psiquiatra diferente.</p><p>O supervisor de Silva, Nelson Goldenstein, acrescentou ainda que, como os g&ecirc;meos chegaram j&aacute; medicados e est&atilde;o em tratamento, o comprometimento afetivo parece, de fato, menos intenso. &ldquo;Eles t&ecirc;m resson&acirc;ncia afetiva, mas h&aacute; algo estranho, certo distanciamento&rdquo;, concluiu.</p></div> </div> </div> <p>&nbsp;</p>


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