Morte de professora da UFPR traz a tona discussão sobre esquizofrenia

Publicado em:  11/02/2014

<div> &nbsp;</div> <div> <ul id="foto" style="margin: 20px auto; padding: 7px; list-style: none; background-color: rgb(235, 235, 235); clear: both; width: 270px; color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;"><li class="credito" style="margin: 0px; padding: 0px; list-style: none; color: rgb(0, 0, 0); font-size: 10px; line-height: 13px; font-family: arial, Helvetica, sans-serif; text-align: right;">Arquivo Pessoal</li><li style="margin: 0px; padding: 0px; list-style: none; color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 15.600000381469727px; font-family: arial, Helvetica, sans-serif;"><img src="http://www.gazetadopovo.com.br/m/midia_tmp/270--jussara_ufpr.jpg" /></li><li class="legenda" style="margin: 0px; padding: 0px; list-style: none; color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 15.600000381469727px; font-family: arial, Helvetica, sans-serif;">Divulga&ccedil;&atilde;o/UFPR Litoral</li></ul><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">O&nbsp;<a class="ui-link" href="http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&amp;id=1446441&amp;tit=Professora-da-UFPR-e-morta-a-facadas-pelo-filho-em-Matinhos" style="outline: none; font-size: 16px; color: rgb(19, 77, 134); text-decoration: none; border-bottom-width: 1px; border-bottom-style: dotted; border-bottom-color: rgb(19, 77, 134);" target="_blank">vel&oacute;rio da professora da UFPR Litoral</a>, Jussara Rezende Ara&uacute;jo, foi marcado por muita como&ccedil;&atilde;o de alunos e professores, no centro cultural do campus em Matinhos, no litoral do estado, na tarde desta ter&ccedil;a-feira (11). A professora foi morta a facadas na noite de segunda-feira (10) pelo filho. O homem tem esquizofrenia e o crime teria ocorrido enquanto Jussara tentava medica-lo.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">O corpo da professora ser&aacute; enterrado em Londrina, no Norte do Paran&aacute;, na quarta-feira (12). O hor&aacute;rio do sepultamento ainda n&atilde;o foi definido. A fam&iacute;lia de Jussara vive no interior do estado.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">A morte da professora chocou os moradores da cidade. A professora da UFPR Litoral tinha uma vida tranq&uuml;ila, segundo colegas da universidade. Os vizinhos de Jussara custam a acreditar na trag&eacute;dia. Segundo eles, brigas com o filho, de 29 anos, aconteciam, mas n&atilde;o eram recorrentes. A morte de Jussara deixa a comunidade acad&ecirc;mica do estado do Paran&aacute; de luto.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Jornalista formada pela Universidade Estadual de Londrina com doutorado em Ci&ecirc;ncias da Comunica&ccedil;&atilde;o pela Escola de Comunica&ccedil;&atilde;o e Artes da Universidade de S&atilde;o Paulo, desde junho do ano passado estava &agrave; frente da coordena&ccedil;&atilde;o do curso de Licenciatura em Artes da Universidade Federal do Paran&aacute; do Litoral (UFPR Litoral).</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Trabalhando na praia desde 2007, de acordo com a colega de trabalho e vice-coordenadora do curso, Ana Elisa de Castro Freitas, Jussara tem a trajet&oacute;ria de uma mulher que foi marcada por um ideal do s&eacute;culo 20. &ldquo;Quando ela veio para o litoral, veio com uma enorme expectativa e entusiasmo com o projeto pol&iacute;tico-pedag&oacute;gico&rdquo;, afirma.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Ainda de acordo com a vice-coordenadora, Jussara tinha um compromisso com a linguagem e com a comunica&ccedil;&atilde;o, &ldquo;A partir de uma licenciatura poderia se ter espa&ccedil;o para novas linguagens. A&iacute; se fundia a produ&ccedil;&atilde;o com a inclus&atilde;o, e trabalhar a arte educa&ccedil;&atilde;o nesse percurso&rdquo;, destaca Ana Elisa.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;"><strong>Autor do crime</strong></p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">O autor do crime, filho da v&iacute;tima, foi identificado como Matheus Ara&uacute;jo Bertone, 29 anos. Ele est&aacute; preso ap&oacute;s confessar ter matado a m&atilde;e alegando que cometeu o crime &ldquo;para se defender&rdquo;. A resid&ecirc;ncia dos dois, onde aconteceu o crime, fica na Avenida Guarapuava, a poucas quadras do campus da UFPR Litoral, onde Jussara trabalhava.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">O delegado respons&aacute;vel pela Opera&ccedil;&atilde;o Ver&atilde;o 2013/2014, Alcimar Garret, conta que a princ&iacute;pio Matheus estava em meio a uma crise quando aconteceu o crime. &ldquo;Ele tem um hist&oacute;rico de esquizofrenia e ficou quatro meses sem ir &agrave;s sess&otilde;es e sem tomar rem&eacute;dios. Ele ent&atilde;o acabou entrando em crise e em luta corporal com a m&atilde;e, quando desferiu os golpes de faca.&rdquo;</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Segundo Garret, pelas informa&ccedil;&otilde;es levantadas at&eacute; o momento, apenas m&atilde;e e filho estavam em casa na hora em que aconteceu o crime.<tadmidia src="746227"></tadmidia></p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Matheus est&aacute; preso em uma sala isolada da Delegacia de Matinhos e aparentemente tranquilo, segundo o delegado. Ap&oacute;s uma avalia&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica, o mais prov&aacute;vel, conforme Garret, &eacute; que seja solicitada a transfer&ecirc;ncia dele ao Complexo M&eacute;dico Penal, para tratamento psiqui&aacute;trico.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;"><strong>Inclus&atilde;o</strong></p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Em nota divulgada no site da UFPR Litoral, Ana Elisa destacou que a produ&ccedil;&atilde;o acad&ecirc;mica de Jussara enfatizou tem&aacute;ticas de inclus&atilde;o, mas estava enfocando novas abordagens. &ldquo;Ultimamente Jussara atuava na dire&ccedil;&atilde;o de projetos que se abriam para o campo da inclus&atilde;o. Acreditava estarmos vivendo o nascimento de paradigmas mais positivos, que buscam o equil&iacute;brio do planeta e mais harmonia entre os seres humanos. Seus projetos recentes apontavam que a arte-educa&ccedil;&atilde;o na perspectiva interdisciplinar proporcionava a forma&ccedil;&atilde;o mais significativa do estudante como sujeito da sua escrita hist&oacute;rica e social&rdquo;, diz.<br /> <br /> Ana Elisa destaca que tanto ela quanto os alunos est&atilde;o muito chocados com a morte da colega e que os alunos est&atilde;o mobilizados. &ldquo;A gente sente muito, &eacute; uma perda muito grande para o setor, para o Paran&aacute;. Os alunos est&atilde;o muito chocados, est&atilde;o mobilizados, est&atilde;o me apoiando para que n&atilde;o percamos os rumos que temos no curso&rdquo;, afirma.</p><p style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;">Segundo a vice-coordenadora, Jussara tinha uma liga&ccedil;&atilde;o muito intensa com a comunidade de Morretes. &ldquo;Ela tinha uma rela&ccedil;&atilde;o muito forte com as escolas rurais de Morretes. Ela via que os jovens daquele munic&iacute;pio tinha uma bagagem diferente, uma vivencia ambiental diferenciada que os jovens da periferia de uma regi&atilde;o urbana n&atilde;o tinham&rdquo;, destaca.<br /> <br /> O curr&iacute;culo lattes de Jussara, atualizado no dia de sua morte (10), traz informa&ccedil;&otilde;es sobre a sua atua&ccedil;&atilde;o como rep&oacute;rter e jornalista no per&iacute;odo 1973-89, em que entrevistou personalidades hist&oacute;ricas e sociais, e editou e colaborou na edi&ccedil;&atilde;o de revistas e jornais da chamada Imprensa Nanica, entre outros ve&iacute;culos de comunica&ccedil;&atilde;o de massa. A coordenadora tamb&eacute;m foi militante pol&iacute;tica em partidos de oposi&ccedil;&atilde;o ao Regime Militar, neste per&iacute;odo, foi perseguida por lideran&ccedil;as expressivas da hist&oacute;ria pol&iacute;tica paranaense e brasileira.</p> <div id="extraconteudo" style="background-color: rgb(235, 235, 235); clear: both; margin: 20px auto; padding: 15px; width: 270px; color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;"> <h5 style="margin: 0px 0px 10px; font-size: 16px; font-family: 'Open Sans', sans-serif; color: rgb(19, 77, 134); text-transform: uppercase;"> &nbsp;</h5> <p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">&nbsp;</p></div> <div id="extraconteudo" style="background-color: rgb(235, 235, 235); clear: both; margin: 20px auto; padding: 15px; width: 270px; color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;"> <h5 style="margin: 0px 0px 10px; font-size: 16px; font-family: 'Open Sans', sans-serif; color: rgb(19, 77, 134); text-transform: uppercase;"> FATORES EXTERNOS DIFICULTAM DIAGN&Oacute;STICO</h5> <p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">Bruna Komarchesqui</p><p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">O psiquiatra &Eacute;lio Luiz Mauer, diretor da cl&iacute;nica Unidade Intermedi&aacute;ria de Crise e Apoio &agrave; Vida (Uniica) e professor da UFPR, detalha que entre 0,5% e 1% da popula&ccedil;&atilde;o sofre de esquizofrenia, mas outros quadros psic&oacute;ticos t&ecirc;m incid&ecirc;ncia bem maior. &ldquo;H&aacute; uma tend&ecirc;ncia de que a qualquer comportamento diferente, imediatamente se fa&ccedil;a o diagn&oacute;stico de esquizofrenia. Mas h&aacute; uma s&eacute;rie de situa&ccedil;&otilde;es e quadros cl&iacute;nicos emocionais importantes que podem estar por tr&aacute;s de um fato como esse, como o uso de drogas&rdquo;, detalha.</p><p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">Ele analisa que, no caso da professora de Matinhos e do cineasta carioca, os respons&aacute;veis pelas mortes estavam sob influ&ecirc;ncia de altera&ccedil;&otilde;es ps&iacute;quicas importantes, como alucina&ccedil;&otilde;es e del&iacute;rios, que genericamente poderiam ser chamados de psicose. &ldquo;S&atilde;o del&iacute;rios de natureza persecut&oacute;ria, em que a pessoa tem o comportamento de se defender, de proteger.&rdquo; O acesso livre a instrumentos cortantes e perigosos, para Mauer, &eacute; a evid&ecirc;ncia de que os pacientes n&atilde;o estavam sendo adequadamente acompanhados. &ldquo;A fam&iacute;lia teria sido orientada a eliminar esses objetos. &Eacute; preciso que a fam&iacute;lia tenha no&ccedil;&atilde;o do que est&aacute; acontecendo&rdquo;, diz.</p></div> <div id="extraconteudo" style="background-color: rgb(235, 235, 235); clear: both; margin: 20px auto; padding: 15px; width: 270px; color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial; font-size: medium;"> <h5 style="margin: 0px 0px 10px; font-size: 16px; font-family: 'Open Sans', sans-serif; color: rgb(19, 77, 134); text-transform: uppercase;"> FALTA DE ACOMPANHAMENTO AUMENTA CHANCES DE TRAG&Eacute;DIAS</h5> <p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">Bruna Komarchesqui</p><p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">A semelhan&ccedil;a nas circunst&acirc;ncias da morte da professora Jussara Ara&uacute;jo e do cineasta Eduardo Coutinho, h&aacute; uma semana, no Rio de Janeiro, chama a aten&ccedil;&atilde;o para as falhas no tratamento de transtornos psicol&oacute;gicos graves, como a esquizofrenia, no Brasil. Em ambos os casos, o filho em surto &ndash; supostamente esquizofr&ecirc;nico &ndash; foi o respons&aacute;vel pelas mortes por esfaqueamento. As dificuldades de diagn&oacute;stico e, sobretudo, a falta de estrutura de atendimento s&atilde;o o estopim desse tipo de trag&eacute;dia, segundo especialistas.</p><p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">O professor de terapia ocupacional da UFPR Lu&iacute;s Felipe Ferro, que atua na &aacute;rea de sa&uacute;de mental, defende que, se houvesse um acompanhamento realmente pr&oacute;ximo da fam&iacute;lia a partir do diagn&oacute;stico, as chances de se chegar a um momento de crise seriam mais escassas. &ldquo;Esse &eacute; o &lsquo;n&oacute;&rsquo; da coisa toda. Uma m&atilde;e aqui de Curitiba, que &eacute; usu&aacute;ria do servi&ccedil;o de sa&uacute;de mental, foi procurar ajuda para o filho que tem problemas com drogas. Desesperada, ela foi informada de que teria atendimento em at&eacute; tr&ecirc;s meses. Como falar em atendimento pr&oacute;ximo assim?&rdquo;, exemplifica.</p><p style="color: rgb(0, 0, 0); font-size: 12px; line-height: 18px; font-family: Arial, sans-serif; margin: 0px 0px 5px;">Segundo Ferro, muito dificilmente surtos aparecem de uma hora para a outra. O paciente vai dando sinais, ficando mais agitado, a pele muda de colora&ccedil;&atilde;o e tende a ficar mais oleosa. &ldquo;S&atilde;o coisas que a fam&iacute;lia e os profissionais v&atilde;o percebendo. Se h&aacute; um olhar pr&oacute;ximo, j&aacute; internam a pessoa para observa&ccedil;&atilde;o, depois encaminham ao Caps [Centro de Aten&ccedil;&atilde;o Psicossocial] at&eacute; o quadro ficar est&aacute;vel&rdquo;, explica.</p> <div> &nbsp;</div> </div> </div> <p>&nbsp;</p>


TAGS


<< Voltar