Em seis anos, auxílio-doença para dependentes químicos cresce 40% no PR

Publicado em:  07/03/2014

<div class="left"> <div class="width350 pdr-20"> <div class="clear"> <div> <img alt="Saulo Ohara" border="0" src="http://www.folhaweb.com.br/img/2014/03/img_181.jpg" title="Saulo Ohara" width="350" /></div> <div class="a11 pdt-5 pdb-15"> O entregador J&uacute;lio Cesar Lopes: provento vai pagar presta&ccedil;&atilde;o da casa e escola do filho</div> </div> </div> </div> <p>J&uacute;lio C&eacute;sar Lopes, de 30 anos, decidiu lutar contra o v&iacute;cio em coca&iacute;na no final do ano passado. Casado e pai de um menino de 7 anos, ele pediu licen&ccedil;a do trabalho de entregador em uma farm&aacute;cia na zona leste de Londrina para tentar retomar as r&eacute;deas da pr&oacute;pria vida. &quot;Usava a droga todo dia, de manh&atilde;, tarde e noite. Chegou uma hora que meu corpo precisava de um basta&quot;, confessa. Por indica&ccedil;&atilde;o de amigos, internou-se numa comunidade terap&ecirc;utica mantida pela Par&oacute;quia Nossa Senhora de Lourdes numa &aacute;rea de restrito acesso no Conjunto Jamile Dequech (zona sul de Londrina). Faz dois meses que est&aacute; l&aacute;. A entidade deu entrada no pedido de aux&iacute;lio-doen&ccedil;a na Previd&ecirc;ncia Social e foi atendida. J&uacute;lio n&atilde;o sabe ainda quando (e quanto) ir&aacute; receber o benef&iacute;cio, mas j&aacute; faz planos. &quot;Quero usar o dinheiro para continuar pagando a presta&ccedil;&atilde;o da minha casa e a escola do meu filho&quot;, adianta.<br /> <br /> Casos como o de J&uacute;lio Lopes est&atilde;o se tornando comuns no Pa&iacute;s. De acordo com dados fornecidos pelo Minist&eacute;rio da Previd&ecirc;ncia &agrave; FOLHA, a quantidade de aux&iacute;lios-doen&ccedil;a paga a segurados afastados do trabalho por transtornos mentais causados por uso de &aacute;lcool, coca&iacute;na e/ou m&uacute;ltiplas drogas (ou demais subst&acirc;ncias psicoativas) aumentou 80% no Pa&iacute;s nos &uacute;ltimos seis anos. No Paran&aacute;, a alta foi de 40% no mesmo per&iacute;odo (2007 a 2013). O Estado &eacute; o quarto que mais recebeu os aux&iacute;lios relacionados a esses transtornos, atr&aacute;s de S&atilde;o Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.<br /> <br /> Somados, os n&uacute;meros de aux&iacute;lios-doen&ccedil;a concedidos a segurados da Previd&ecirc;ncia dependentes de &aacute;lcool (14.420 benef&iacute;cios), coca&iacute;na ou crack (8.541) e m&uacute;ltiplas drogas ou subst&acirc;ncias psicoativas (25.510) &ndash; aquelas que podem ter ou n&atilde;o prescri&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica &ndash; totalizaram 48.471 benef&iacute;cios no Pa&iacute;s no ano passado. Em 2007, foram 26.789. No Paran&aacute;, o n&uacute;mero saltou de 3.035 aux&iacute;lios-doen&ccedil;a pagos em 2007 para 4.256 em 2013.<br /> <br /> <b>Classifica&ccedil;&atilde;o </b><br /> <br /> A Divis&atilde;o de Acompanhamento e Controle de Benef&iacute;cio por Incapacidade, vinculada &agrave; Diretoria de Sa&uacute;de do Trabalhador do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), agrupa os aux&iacute;lios-doen&ccedil;a relacionados aos transtornos mentais e comportamentais seguindo os c&oacute;digos da Classifica&ccedil;&atilde;o Internacional de Doen&ccedil;as (CID). O agrupamento F10 a F19 compreende os dist&uacute;rbios causados pelo uso de subst&acirc;ncias psicoativas. Est&atilde;o nessa faixa os transtornos causados pelo uso de &aacute;lcool (F10), coca&iacute;na (F14) e m&uacute;ltiplas drogas (F19).<br /> <br /> Somados os aux&iacute;lios-doen&ccedil;a concedidos no agrupamento F10 a F19, a alta no Brasil foi de 50,12% entre 2009 e 2013 (de 32.824 para 49.276). No Paran&aacute;, o &iacute;ndice cresceu menos no mesmo per&iacute;odo: 18,64% (3.626 para 4.301).<br /> <br /> Chamam a aten&ccedil;&atilde;o o poder e os efeitos da coca&iacute;na e do crack nesse levantamento (ambas as subst&acirc;ncias s&atilde;o listadas juntas na classifica&ccedil;&atilde;o utilizada pelo INSS). O &iacute;ndice de benef&iacute;cios pagos a segurados dependentes de coca&iacute;na e/ou crack cresceu absurdos 168% no Brasil de 2007 a 2013 (3.179 para 8.541). No Paran&aacute;, a alta foi de 85,7% no mesmo per&iacute;odo (450 para 836, quase o dobro). Entre os dependentes alco&oacute;licos, o salto foi mais t&iacute;mido: alta de 9,47% no Brasil (13.172 para 14.420) e 13,32% no Paran&aacute; (1.516 para 1.718).<br /> <br /> <b>An&aacute;lise</b><br /> <br /> Os n&uacute;meros impressionam, mas n&atilde;o surpreendem quem est&aacute; acostumado a lidar com o problema da depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica no dia a dia. O presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Paranaense de Psiquiatria, Andr&eacute; Rotta Burkiewicz, lembra que a incid&ecirc;ncia da doen&ccedil;a vem aumentando muito em todo o mundo. &quot;&Eacute; um problema, n&atilde;o uma novidade&quot;, aponta. O que precisa ser reavaliado, segundo ele, &eacute; o crit&eacute;rio utilizado pelo INSS para conceder os aux&iacute;lios-doen&ccedil;a aos adictos.<br /> <br /> &quot;Um dos motivos desse problema &eacute; que existem tamb&eacute;m deferimentos inadequados de benef&iacute;cios. A depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica &eacute; uma doen&ccedil;a, sem sombra de d&uacute;vida, necessita de tratamento. Nos casos mais graves, necessita de internamento e afastamento das atividades laborais. Mas n&atilde;o s&atilde;o em todos&quot;, questiona. &quot;Infelizmente, o INSS tem um problema tanto de conceito em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica por parte dos peritos quanto tamb&eacute;m existe um problema estrutural do pr&oacute;prio instituto&quot;, pontua o psiquiatra.<br /> <br /> Burkiewicz defende mais crit&eacute;rio na avalia&ccedil;&atilde;o pericial e celeridade na periodicidade das an&aacute;lises, de forma a desonerar o sistema e beneficiar o pr&oacute;prio paciente que realmente precisa do aux&iacute;lio-doen&ccedil;a. &quot;Da forma como est&aacute;, o paciente internado para desintoxica&ccedil;&atilde;o e tratamento de depend&ecirc;ncia qu&iacute;mica s&oacute; vai conseguir uma per&iacute;cia do INSS daqui a tr&ecirc;s meses&quot;, analisa.&quot;Esse prazo &eacute; muito longo para um dependente qu&iacute;mico, pois ele necessita muitas vezes da rotina do trabalho para evitar que fique ocioso e volte a recair. Existe uma necessidade de ter um prazo mais curto para ver esses pacientes e uma periodicidade maior&quot;, sugere.<br /> <br /> <b>Continue lendo:</b><br /> <br /> <a href="http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--158-20140302" target="_blank">- Em comunidades terap&ecirc;uticas, benef&iacute;cios s&atilde;o mais raros</a><br /> <br /> <a href="http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--157-20140302" target="_blank">- &#39;Caps est&atilde;o mal estruturados&#39;, diz especialista</a><br /> <br /> <a href="http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--159-20140302" target="_blank">- Gastos com benef&iacute;cios passam de R$ 14,8 bilh&otilde;es</a></p>


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