Após três anos, Governo conclui só 11% das ações previstas em saúde no PAC 2‏

Publicado em:  28/03/2014

<p>Apenas 11% das a&ccedil;&otilde;es previstas no Programa de Acelera&ccedil;&atilde;o do Crescimento (PAC 2) para a &aacute;rea da sa&uacute;de foram conclu&iacute;das desde 2011, ano de lan&ccedil;amento da segunda edi&ccedil;&atilde;o programa. Das 24.066 a&ccedil;&otilde;es sob responsabilidade do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de ou da Funda&ccedil;&atilde;o Nacional de Sa&uacute;de (Funasa), pouco mais de 2.500 foram finalizadas at&eacute; dezembro do ano passado. A den&uacute;ncia &eacute; do Conselho Federal de Medicina (CFM), que, a partir dos relat&oacute;rios oficiais do programa, criticou o baixo desempenho dos projetos &ndash; reflexo do subfinanciamento cr&ocirc;nico da sa&uacute;de e da m&aacute; gest&atilde;o administrativa no setor.</p><p>&quot;Mais uma vez os n&uacute;meros do pr&oacute;prio governo confirmam o que CFM tem denunciado &agrave; sociedade: a sa&uacute;de definitivamente n&atilde;o &eacute; uma prioridade no Brasil. Onde e como os m&eacute;dicos v&atilde;o trabalhar se as unidades de sa&uacute;de prometidas h&aacute; mais de tr&ecirc;s anos sequer saem do papel?&rdquo;, criticou o 1&ordm; vice-presidente do CFM, Carlos Vital. Metade das mais de 24 mil a&ccedil;&otilde;es programadas para o per&iacute;odo de 2011 a 2014 permanece nos est&aacute;gios classificados como &ldquo;a&ccedil;&atilde;o preparat&oacute;ria&rdquo; (estudo e licenciamento), &quot;em contrata&ccedil;&atilde;o&quot; ou &ldquo;em licita&ccedil;&atilde;o&rdquo;.</p><p>Enquanto isso, 9.509 a&ccedil;&otilde;es constam em obras ou em execu&ccedil;&atilde;o, quantidade que representa 39% do total. &ldquo;Numa perspectiva otimista, mesmo que o Governo Federal consiga concluir os projetos em andamento, o Programa chegar&aacute; ao fim deste ano sem cumprir a metade do prometido&rdquo;, avaliou Vital.</p><p>Entre as regi&otilde;es do pa&iacute;s, a que apresentou pior resultado percentual de execu&ccedil;&atilde;o foi o Sudeste, onde o governo conseguiu concluir somente 318 (7%) das 2.441 obras previstas. Na sequ&ecirc;ncia aparece o Nordeste, que apesar de concentrar o maior volume absoluto de obras &ndash; mais de 11 mil &ndash;, teve apenas 1.119 (10%) empreendimentos conclu&iacute;dos nos &uacute;ltimos tr&ecirc;s anos. Nas regi&otilde;es Sul e Centro-Oeste, o percentual de conclus&atilde;o oscila entre 11% e 12%, respectivamente. J&aacute; os estados do Norte tiveram um resultado relativamente melhor, mas igualmente m&iacute;nimos. Somente 464 (10%) das 2.861 a&ccedil;&otilde;es foram conclu&iacute;das.</p><p>As informa&ccedil;&otilde;es levantadas pelo Conselho Federal de Medicina com base nos relat&oacute;rios do pr&oacute;prio governo englobam investimentos previstos pela Uni&atilde;o, empresas estatais, iniciativa privada e contrapartida de estados e munic&iacute;pios em projetos de constru&ccedil;&atilde;o e de reforma de Unidades B&aacute;sicas de Sa&uacute;de (UBS), Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) e a&ccedil;&otilde;es de saneamento. O levantamento consolida dados do 9&ordm; balan&ccedil;o oficial do PAC 2, divulgado em mar&ccedil;o deste ano.</p><p>Nesses tr&ecirc;s anos, foram contratadas a constru&ccedil;&atilde;o ou amplia&ccedil;&atilde;o de 15.638 UBSs, das quais 33% est&atilde;o em obras e 1.404 (9%) foram conclu&iacute;das. No mesmo per&iacute;odo, foram contratadas 503 UPAs, das quais 14 (3%) foram entregues. Tamb&eacute;m constam no Programa iniciativas de saneamento voltadas a qualidade da sa&uacute;de em &aacute;reas ind&iacute;genas, rurais e melhorias sanit&aacute;rias nas cidades. Dentre as quase 8 mil a&ccedil;&otilde;es em saneamento geridas pela Funasa, 14% foram entregues at&eacute; dezembro do ano passado.</p><p>Valores p&iacute;fios &ndash; No monitoramento do PAC, embora o crit&eacute;rio de valores investidos seja indicado pelo Governo como o &ldquo;mais adequado&rdquo;, os resultados na &aacute;rea da sa&uacute;de continuam cr&iacute;ticos. Ao todo, o governo estima investir R$ 7,4 bilh&otilde;es no PAC Sa&uacute;de entre 2011 e 2014. At&eacute; agora, no entanto, os empreendimentos conclu&iacute;dos representam s&oacute; 8% (R$ 624 milh&otilde;es) do valor. Sem as a&ccedil;&otilde;es de saneamento, o c&aacute;lculo estimado passa a ser de R$ 4,9 bilh&otilde;es, com percentual de 4% (R$ 220 milh&otilde;es) investidos.</p><p>Para a constru&ccedil;&atilde;o de novas UBSs, est&atilde;o previstos no Programa cerca de R$ 3,9 bilh&otilde;es no per&iacute;odo, dos quais 5% (R$ 192 milh&otilde;es) correspondem &agrave;s obras j&aacute; entregues. Nas UPAs, os investimentos em unidades conclu&iacute;das somam R$ 28 milh&otilde;es &ndash; 2% do investimento previsto (R$ 1 bilh&atilde;o). J&aacute; as a&ccedil;&otilde;es em saneamento totalizam R$ 404 milh&otilde;es, montante que representa 16% dos R$ 2,5 bilh&otilde;es estimados.</p><p>Resultados da falta de investimentos &ndash; O baixo &iacute;ndice de execu&ccedil;&atilde;o do PAC 2 para a &aacute;rea da sa&uacute;de n&atilde;o surpreende o CFM. Em 2013, dos R$ 47,3 bilh&otilde;es gastos com investimentos pelo Governo Federal, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de e suas unidades vinculadas &ndash; dentre elas a Funasa &ndash; foi respons&aacute;vel por apenas 8% dessa quantia. Com base em dados do Sistema Integrado de Administra&ccedil;&atilde;o Financeira (Siafi), o CFM revelou que, dentre os &oacute;rg&atilde;os do Executivo, a Sa&uacute;de aparece em quinto lugar na lista de prioridades no chamado &ldquo;gasto nobre&rdquo;.</p><p>Isto significa que as obras em rodovias, est&aacute;dios e mobilidade urbana ficaram a frente da constru&ccedil;&atilde;o, amplia&ccedil;&atilde;o e reforma de unidades de sa&uacute;de e da compra de equipamentos m&eacute;dico-hospitalares para atender o Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de (SUS).&nbsp; Do total de R$ 9,4 bilh&otilde;es dispon&iacute;veis para investimentos em unidades de sa&uacute;de em 2013, o governo desembolsou somente R$ 3,9 bilh&otilde;es, incluindo os restos a pagar quitados (compromissos assumidos em anos anteriores rolados para os exerc&iacute;cios seguintes).&nbsp;</p><p>Nos &uacute;ltimos 13 anos (2001 a 2013), foram autorizados no Or&ccedil;amento Geral da Uni&atilde;o para o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de mais de R$ 1 trilh&atilde;o, em valores corrigidos pela infla&ccedil;&atilde;o do per&iacute;odo. Deste montante, R$ 894 bilh&otilde;es foram efetivamente aplicados e R$ 111 bilh&otilde;es deixaram de ser gastos. Dentro destes recursos, R$ 80,5 bilh&otilde;es estavam previstos especificamente para investimentos, dos quais R$ 47,5 bilh&otilde;es deixaram de ser investidos. Em outras palavras, de cada R$ 10 previstos para a melhoria da infraestrutura em sa&uacute;de, R$ 6 deixaram de ser aplicados.</p><p>Conforme os valores m&eacute;dios praticados pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, &eacute; poss&iacute;vel dizer que, com esses R$ 47,5 bilh&otilde;es, seria poss&iacute;vel adquirir 386 mil ambul&acirc;ncias (69 para cada munic&iacute;pio brasileiro); construir 237 mil Unidades B&aacute;sicas de Sa&uacute;de (UBS) de porte I (43 por cidade); edificar 34 mil Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de porte I (seis por cidade) ou, ainda, aumentar em 936 o n&uacute;mero de hospitais p&uacute;blicos de m&eacute;dio porte.</p>


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