CPI da Saúde Psiquiátrica recebe novas denúncias

Publicado em:  15/07/2014

<p>O psiquiatra e professor Ricardo Sbalqueiro, do Hospital San Julian, foi ouvido na manh&atilde; desta ter&ccedil;a-feira (15) pela CPI da Sa&uacute;de Psiqui&aacute;trica da Assembleia Legislativa, na &uacute;ltima reuni&atilde;o do primeiro semestre de 2014. Com a experi&ecirc;ncia de atua&ccedil;&atilde;o em CAPES, comunidades terap&ecirc;uticas e cl&iacute;nicas p&uacute;blicas e particulares, ele tra&ccedil;ou um panorama pouco otimista do setor e fez cr&iacute;ticas contundentes &agrave; paulatina exclus&atilde;o dos hospitais da rede de assist&ecirc;ncia &agrave; sa&uacute;de mental. &ldquo;N&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel oferecer o tratamento humanit&aacute;rio que se pretende sem contar com hospitais e ambulat&oacute;rios e sem um di&aacute;logo efetivo entre todas as institui&ccedil;&otilde;es envolvidas&rdquo;, ponderou.<br /> &nbsp;</p><p>Ele, como os depoentes anteriores, acusou a falta de investimentos em hospitais que deveriam fornecer leitos psiqui&aacute;tricos em n&uacute;mero mais condizente com a demanda, o desinteresse do governo federal em rela&ccedil;&atilde;o aos programas de amplia&ccedil;&atilde;o propostos, e os problemas no fluxo para internamento, que se agravaram a partir de 2012 em Curitiba e regi&atilde;o metropolitana. No caso espec&iacute;fico da Cl&iacute;nica San Julian, que atende pelo SUS e &eacute; tida como a &uacute;nica do estado especializada e equipada para o atendimento de dependentes qu&iacute;micos adolescentes, ele afirmou que h&aacute; uma grande quantidade de leitos dispon&iacute;veis diariamente, enquanto as fam&iacute;lias que recorrem &agrave;s Centrais de Leitos s&atilde;o informadas de que n&atilde;o existem vagas dispon&iacute;veis a curto e m&eacute;dio prazo.</p><p>&nbsp;</p><p><strong>Mais den&uacute;ncias</strong> &ndash; Sbalqueiro entregou ao presidente da comiss&atilde;o, deputado Ney Leprevost (PSD), declara&ccedil;&otilde;es de 37 fam&iacute;lias de v&aacute;rias regi&otilde;es do estado que n&atilde;o conseguiram internar seus parentes, apesar da gravidade dos casos e da indica&ccedil;&atilde;o do m&eacute;dico especialista. Uma fam&iacute;lia de Toledo, segundo ele, foi orientada a buscar uma comunidade terap&ecirc;utica paga. Outro paciente, com encaminhamento m&eacute;dico para o CAPES 3, teve a interna&ccedil;&atilde;o negada por uma enfermeira e uma terapeuta ocupacional que prestam servi&ccedil;os naquela institui&ccedil;&atilde;o. Para Sbalqueiro, o direcionamento ideol&oacute;gico e o desconhecimento est&atilde;o levando cada vez mais &agrave; judicializa&ccedil;&atilde;o do internamento.<br /> <br /> O m&eacute;dico lembra que os hospitais psiqui&aacute;tricos nada t&ecirc;m a ver com os antigos e desumanos manic&ocirc;mios, que visavam simplesmente excluir os doentes do conv&iacute;vio social: &ldquo;A partir da d&eacute;cada de 1970, as tecnologias foram aperfei&ccedil;oadas, novas terapias e novos medicamentos vieram modernizar o atendimento hospitalar, promovendo uma melhoria efetiva dos internados. A interna&ccedil;&atilde;o de pacientes graves, hoje, &eacute; por um per&iacute;odo m&eacute;dio de dois meses&rdquo;, observou, acrescentando que &ldquo;um discurso mais caracter&iacute;stico da esquerda defende a cria&ccedil;&atilde;o de um sistema de atendimento baseado em teorias da escola italiana, que est&atilde;o sendo revistas no mundo todo, mas que ainda fascinam esses segmentos. Acontece que a pr&aacute;tica p&otilde;e por terra essas cren&ccedil;as, apontando seus graves equ&iacute;vocos. CAPES, UPAS e comunidades terap&ecirc;uticas, da forma como est&atilde;o constitu&iacute;das, n&atilde;o est&atilde;o aparelhadas para oferecer a assist&ecirc;ncia necess&aacute;ria a esse tipo de enfermidade&rdquo;.<br /> <br /> Ele denunciou a ideologiza&ccedil;&atilde;o do ensino, atrav&eacute;s de resid&ecirc;ncias oferecidas por &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos, o estrangulamento dos ambulat&oacute;rios e a dificuldade de articula&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os p&uacute;blicos, que s&oacute; fazem aumentar a dor dos pacientes. &ldquo;As den&uacute;ncias v&ecirc;m sendo feitas h&aacute; longo tempo pelas entidades de classe sobre o crescente descaso com a sa&uacute;de mental no pa&iacute;s. O Brasil anda na contram&atilde;o da hist&oacute;ria. Enquanto no resto do mundo se detecta uma queda no uso do crack, aqui nos defrontamos com uma verdadeira epidemia, com todos os seus tr&aacute;gicos desdobramentos, fam&iacute;lias desestruturadas, atos infracionais graves ligados ao consumo por parte de uma popula&ccedil;&atilde;o muito jovem. N&atilde;o estamos conseguindo fazer a preven&ccedil;&atilde;o&rdquo;, lamentou.<br /> <br /> Participaram da reuni&atilde;o desta manh&atilde;, al&eacute;m de Leprevost e Sbalqueiro, os deputados Felipe Lucas (PPS), relator da CPI, Du&iacute;lio Genari (PP) e Professor Lemos (PT), e o presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Paranaense de Psiquiatria, Andr&eacute; Rotta Burkiewicz.</p>


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